Gramsci e os intelectuais: uma faceta para pensar o bolsonarismo e as possibilidades de superá-lo

Deise Rosalio Silva, Professora adjunta da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, Minas Gerais, MG, Brasil.

Logo do periódico Educação em Revista UFMGO artigo Gramsci e os intelectuais: uma faceta para pensar o bolsonarismo e as possibilidades de superá-lo aborda as diferentes categorias de intelectual desenvolvida por Antonio Gramsci, buscando esclarecer o lugar que os intelectuais assumem na luta política e social. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica centrada, principalmente, na produção elaborada por Gramsci durante o período do cárcere. Foram examinados o conjunto dos Cadernos do cárcere, da edição crítica italiana, além de alguns dos mais importantes comentadores do autor e de excertos das Cartas do cárcere.

O conceito de intelectual adquire grande amplitude no pensamento gramsciano, pela importância que tem na organização do tecido social. Gramsci alarga o conceito de intelectual, porque não considera intelectual só os catedráticos e eruditos, mas todos aqueles que assumem na sociedade um papel organizador, construtor de sentidos, capaz de agregar sujeitos e modos de pensar e atuar na vida cotidiana.

Tal conjunto de categorização de intelectuais: dos tradicionais aos orgânicos, cosmopolitas, nacionais-populares e até os duvidosos lorianistas e brescianistas, pode ser traduzida para o presente, o que se mostrou como recurso relevante também na compreensão do nosso cenário político social brasileiro, que possibilitou a ascensão de Bolsonaro ao poder e, apesar de toda crise vivida, ainda sustenta percentual significativo de apoiadores.

Em nosso país, a desorganização da cultura levou a um movimento de massa que tornou o Bolsonarismo possível. Se não podemos imputar a responsabilidade do quadro político nacional unicamente à influência de sujeitos medíocres, que assumem a função de intelectuais na organização social, certamente eles apresentam decisivo peso nessa composição. Nesse sentido, as categorias de intelectuais brescianistas e lorianistas (intelectuais que desenvolvem argumentações e produções ancoradas em elucubrações simplistas de fácil aderência às massas, por revestirem-se de uma aparente lógica que, no entanto, encobre a complexidade e as contradições da ordenação social, que não podem ser expostas com formulações débeis e inconsistentes) nos são muito caras para entender o nosso atual contexto político social e, consequentemente, para as reflexões que teremos que realizar na busca pela sua superação.

Dessa forma, a pesquisa demonstra que a real superação do que tornou o Bolsonarismo possível demandará uma reforma intelectual e moral, demarcando a necessária luta coletiva por políticas de educação de massa, pelo direito à educação e a cultura como esteira permanente de luta de construção política e social pela hegemonia popular.

Para ler o artigo, acesse

SILVA, D.R. Gramsci e os intelectuais, dos orgânicos aos lorianos: uma faceta para pensar o bolsonarismo. Educ. rev. [online]. 2022, vol. 38, e39479 [viewed 27 January 2023]. https://doi.org/10.1590/0102-4698368539479. Available from: https://www.scielo.br/j/edur/a/Sjb4tZhMnnnbvNhS5wW7qSg/

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SILVA, D.R. Gramsci e os intelectuais: uma faceta para pensar o bolsonarismo e as possibilidades de superá-lo [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2023 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2023/01/27/gramsci-e-os-intelectuais-uma-faceta-para-pensar-o-bolsonarismo-e-as-possibilidades-de-supera-lo/

 

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