Aila Regina da Silva, Artista e pesquisadora, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
O artigo Dor versus prazer: a sexualidade na performance de mulheres, publicado na Revista Brasileira de Estudos da Presença, nasce da inquietação de ver uma quantidade massiva de mulheres em performances que gritam mesmo que não digam uma palavra. A partir do acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), a autora investiga a relação entre a dor como oposição de prazer nas ações performáticas femininas que ocorreram entre 1972 e 2021.
Utilizando a perspectiva de análise de Peggy Phelan em seu livro “Unmarked: the politics of performance“, o estudo mapeou o teor de violência da maioria das mulheres dentro do ambiente museológico, questionando quais histórias são contadas e quais vértices de mulheres são mostradas.
Trazendo o cenário da mulher na história da arte embasado pelo estudo de Griselda Pollock, procura-se traçar pontos dialógicos entre as performances e os avanços e retrocessos sofridos pela sociedade, relacionando às questões relativas a dor individual e coletiva em oposição ao prazer. Partindo da visibilização da mulher no ambiente de trabalho e do protagonismo na arte, são discutidas as diferenças das mulheres pelo prisma da racialização e classe, entendendo os lugares destas construções e apontando os hiatos dentro do acervo pesquisado.
Assim, para versar sobre as distinções de dor e melhor enquadrá-la como oposto de prazer, a pesquisa se pauta em um estudo minucioso de cunho antropológico de David Le Breton. A discussão é, então, conduzida a uma associação com a sexualidade e beleza da mulher, abordada de dois modos: correlacionando, primeiramente, ambas com as performances de maneira individual e, em seguida, observando-as pela homogeneidade no ambiente do museu, à luz da discussão da performance da intelectualidade, em diálogo com Judith Butler, Joana Novaes e Lélia Gonzalez.
Sem a pretensão de analisar criticamente cada obra, o estudo floresce no agrupamento de temas diretamente ligados à dor e sua investigação, com a análise do conjunto estético apresentado na instituição. Com a pesquisa, conseguimos trazer insights consistentes para uma crítica de cunho não-binário, localizando pontos variáveis práticos capazes de contribuir para uma melhor distribuição do espaço do museu com novas histórias, contemplando uma pluralidade de mulheres para além da cisgeneridade branca e permitindo outras estéticas possíveis.
Referências
BUTLER, J. Problemas de gênero: Feminismo e subversão da identidade. 22. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
GONZALEZ, L. Por um feminismo afro-latino-americano. 1. ed. São Paulo: Zahar, 2020.
LE BRETON, D. La Antropología del dolor. Barcelona: Editorial Seix Barral, 1999.
NOVAES, J.V. Com que corpo eu vou? Rio de Janeiro: Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2010.
PHELAN, P. Unmarked: The Politics of Performance. Londres: Routledge, 1996.
POLLOCK, G. Vision and Difference: Feminism, Femininity and the Histories of Art. Londres: Routledge, 2008.
SILVA, A.R. A oposição entre dor e prazer em performances de mulheres [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2023 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2023/04/24/a-oposicao-entre-dor-e-prazer-em-performances-de-mulheres/
O artigo Dor versus prazer: a sexualidade na performance de mulheres, publicado na Revista Brasileira de Estudos da Presença, nasce da inquietação de ver uma quantidade massiva de mulheres em performances que gritam mesmo que não digam uma palavra. A partir do acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), a autora investiga a relação entre a dor como oposição de prazer nas ações performáticas femininas que ocorreram entre 1972 e 2021.
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