Territórios afro-brasileiros curitibanos mostram como outros modos de viver e construir as cidades brasileiras são possíveis

Kátia Oliveira, doutoranda (bolsista CAPES), Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana (PPGTU), Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), membro do corpo editorial, urbe – Revista Brasileira de Gestão Urbana.

Logo do periódico urbe. Revista Brasileira de Gestão UrbanaNo artigo Territórios afro-brasileiros em Curitiba: considerações sobre arquiteturas, territorialidades e cidade, publicado no periódico urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana (vol. 16, 2024), os pesquisadores discutem como as relações raciais estruturam o espaço urbano no Brasil, impactando a distribuição de riquezas e poder. A segregação e as desigualdades espaciais são historicamente construídas e reforçadas, enquanto o debate e o ensino sobre urbanismo e arquitetura ainda se prendem a paradigmas eurocêntricos, ignorando as contribuições das comunidades negras, indígenas e marginalizadas. O texto propõe uma revisão crítica dessas epistemologias e destaca os terreiros de Umbanda e Candomblé como elementos fundamentais para repensar a urbanização.

A história urbana de Curitiba foi marcada por apagamentos e exclusões, sobretudo da população negra. Desde o século XIX, o incentivo à imigração europeia ajudou a construir uma identidade embranquecida da cidade, desconsiderando a presença de populações negras e indígenas. O paranismo reforçou essa narrativa, minimizando a escravidão e apagando a contribuição afrodescendente. Políticas urbanas ao longo do século XX e XXI mantiveram esse padrão, empurrando a população negra para as periferias, enquanto Curitiba era promovida como modelo urbano. No entanto, iniciativas acadêmicas e culturais buscam resgatar essa memória e enfrentar o racismo estrutural na ocupação do espaço urbano da capital.

Os terreiros de religiões afro-brasileiras são mais do que espaços de culto: são territórios de resistência e identidade. Historicamente invisibilizados, eles desafiam os padrões arquitetônicos dominantes, criando uma relação mais orgânica entre construção e natureza. A distribuição desses espaços pela cidade revela como o racismo religioso e ambiental afeta sua permanência. Seu estudo permite ampliar a visão sobre urbanismo, reconhecendo práticas culturais afro-brasileiras como fundamentais na construção do espaço urbano.

Mapas de distribuição de renda, de população negra e população feminina negra em Curitiba - sobreposição dos eixos estruturantes (Plano Serete).

Imagem: Elaborado pelos autores, a partir de dados do IBGE (2010) e da base de IPPUC (2022), inspirado originalmente em Pessatti & Maziviero (2021)

Analisar as cidades brasileiras sem considerar raça, gênero e identidade é insuficiente. Em Curitiba, políticas urbanas favoreceram determinados territórios enquanto marginalizavam populações negras e pobres. Mapas e pesquisas mostram como essas dinâmicas ainda estruturam a cidade, desafiando o discurso oficial de uma “cidade modelo”. Além disso, os terreiros afro-brasileiros aparecem como exemplos de resistência e alternativas para repensar o espaço urbano, abrindo caminho para um urbanismo mais plural e inclusivo.

Para ler o artigo, acesse

VAZ, M.J.M. and PRYPLOTSKY, A.S.D. Territórios afro-brasileiros em Curitiba: considerações sobre arquiteturas, territorialidades e cidades. urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana [online]. 2024, vol. 16, e20230263 [viewed 10 April 2025]. https://doi.org/10.1590/2175-3369.016.e20230263. Available from: https://www.scielo.br/j/urbe/a/8nTjxssRz4Xqv39TgxQfYWK

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Como citar este post [ISO 690/2010]:

OLIVEIRA, K. Territórios afro-brasileiros curitibanos mostram como outros modos de viver e construir as cidades brasileiras são possíveis [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2025 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2025/04/10/territorios-afro-brasileiros-curitibanos-mostram-como-outros-modos-de-viver-e-construir-as-cidades-brasileiras-sao-possiveis/

 

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