Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea comemora a publicação de seu 50º número

Regina Dalcastagnè, Editora-chefe, Brasília, DF, Brasil

Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea é uma publicação do Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea, da Universidade de Brasília. O periódico existe desde 1999 e chega em 2017 ao seu 50º número.

Este número apresenta um conjunto de textos considerados representativos das principais preocupações do grupo de pesquisa que edita o periódico. Com perspectivas teóricas e abordagens metodológicas bastante diferentes entre si, além de procedências institucionais muito variadas, os artigos oferecem um conjunto de propostas de análise da literatura brasileira contemporânea que se tornam desafios para discutir, hoje, o estatuto do literário e sua valorização.

O dossiê traz artigos que se debruçam sobre temas de grande interesse para os estudos literários, tais como as memórias, o fazer literário, a representação de grupos marginalizados e as políticas públicas para a literatura.

No primeiro bloco, estão reunidos cinco artigos que trabalham com a relação entre literatura e memória, abordando questões vinculadas às artes plásticas, política, afetividade e sexualidade. Um dos artigos que se destaca nesse bloco é o do prof. Georg Wink, da Universidade de Copenhague, intitulado “A propósito de um irmão alemão: a ficcionalização de um assunto internacional de família”. Em seu artigo, Wink analisa como o romance O irmão alemão, de Chico Buarque, combina fatos e, inclusive, documentos históricos com uma trama imaginativa; como explora, indiretamente, a história traumática de regimes autoritários; e como trabalha, por meio de um “romance familiar”, as fantasias pelas quais estabelece vínculos com o pai e os irmãos.

Na sequência, oito artigos discutem as novas possibilidades de construção textual na contemporaneidade e suas implicações, tanto estéticas quanto políticas. O destaque é dado ao trabalho da profa. Luciene Azevedo, da Universidade Federal da Bahia, que reflete sobre a prática da apropriação de outros textos posta em operação por algumas narrativas da literatura contemporânea brasileira, tais como Opsanie Swiata, de Verônica Stigger, ou Sujeito oculto, de Cristiane Costa. Azevedo acredita que tais formas provocam um redimensionamento valorativo da noção de obra, de originalidade e do próprio conceito de literatura.

O dossiê continua com quatro textos que retomam a discussão sobre a autorrepresentação de grupos marginalizados e os lugares da literatura de periferia no cenário atual. Sobre esse aspecto, a profa. Lucía Tennina, da Universidade de Buenos Aires, apresenta um artigo sobre Ferréz no qual considera que os dois primeiros romances do autor desestabilizam e reatualizam a distinção entre ficção e não ficção, por um lado, e uma proposta singular do estatuto do real, por outro.

Por fim, um conjunto de cinco artigos indaga acerca das políticas públicas para a literatura no Brasil. Nesse bloco, o artigo de Victor Hugo Adler Pereira e Mirna Aragão de Medeiros, da UERJ, discutem, por exemplo, as repercussões das dificuldades impostas por tradições autoritárias na organização da cultura e nos projetos educacionais do país para a ampliação do acesso ao livro e à literatura.

Com esse dossiê centrado no tema “Lugares do literário”, o periódico espera contribuir para a ampliação do acesso à literatura no Brasil, desde sua leitura até sua produção, passando ainda por sua circulação, consumo, ensino e avaliação crítica.

Para ler os artigos, acesse

Estud. Lit. Bras. Contemp.  no.50 Brasília jan./abr. 2017

Links externos

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