Adriana Lira, Professora adjunta do Centro Universitário UDF, Doutora em Educação pela Universidade Católica de Brasília, Brasília, DF, Brasil
Candido Alberto Gomes, Doutor em Educação pela Universidade da Califórnia, Los Angeles, Professor Catedrático da Universidade Portucalense Infante D. Henrique, Porto, Portugal
A pesquisa intitulada “Violências escolares: que aprendemos para a formação de professores”, publicada na Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em educação (v. 26, n. 100), revelou que professores e alunos são ao mesmo tempo autores e vítimas das violências. Os professores contribuem igualmente para o clima escolar desfavorável ao adotarem metodologias monológicas, em que mais frequentemente usam a exposição oral contínua e trabalhos mecânicos, como cópias do quadro de giz (CUSHMAN; ROGERS, 2008). Com isso, adultos e alunos se sentem mal, cada grupo reagindo com seus meios. Entretanto, um pequeno grupo de professores não tem dificuldades em suas aulas por seguirem uma metodologia dialógica, diversificada e se aproximarem afetivamente dos discentes, isto é, tratam-nos como pessoas (FREIRE, 1987).
Portanto, a maioria está despreparada para trabalhar com alunos socialmente desfavorecidos, num contexto social de violência, afetam a sua saúde e deixam de buscar soluções (GOMES; PALAZZO, 2017). Daí a formação docente precisa manter elos mais fortes entre teorias e práticas, além de renovar valores e metodologias. Há soluções de aplicação difícil, embora simples e de custo menos elevado, capazes de reduzir a violência e aumentar o interesse de todos pela escola. Este é um contraponto a pesquisas que tendem a ver educadores e educandos como vítimas ou agressores, enquanto os primeiros também concorrem involuntariamente para o mal-estar.
A pesquisa naturalística focaliza uma escola de adolescentes (6º ao 9º ano), considerada pobre e violenta, por meio de imersão durante o ano letivo de 2016. A análise documental, as entrevistas semiestruturadas com educadores e educandos e os grupos focais (ao todo, tiveram 89 estudantes participantes), a observação de aulas (total de 80 horas de observação sistemática) e do ambiente em geral retratam relações tumultuadas e autoritárias, num estabelecimento cinza e gradeado à semelhança de um presídio. Por mais que a administração se mantivesse em guarda contra eventuais agressões dos estudantes, a segurança era porosa e faltavam recursos materiais.
Os adolescentes captam as expectativas negativas dos professores e se revoltam contra normas em parte desnecessárias. Por sua vez, os professores com frequência reagem aos seus alunos sem maturidade. A comparação entre os professores que tinham paz na sala de aula e os seus colegas mostra que de fato há saídas para o labirinto.
Referências
CUSHMAN, K.; ROGERS, L. Fires in the middle school bathroom. New York: The New Press, 2008.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio: Paz e Terra, 1987.
GOMES, C. A and PALAZZO, J. Teaching career’s attraction and rejection factors: analysis of students and graduates perceptions in teacher education programs. Ensaio: aval.pol.públ.Educ. [online]. 2017, vol.25, n.94 , pp.90-113. ISSN 0104-4036. [viewed 11 October 2018]. DOI: 10.1590/s0104-40362017000100004. Available from: http://ref.scielo.org/rs3wtm
Para ler o artigo, acesse
LIRA, A. and GOMES, C. A. Violence in schools: what are the lessons for teacher education?. Ensaio: aval.pol.públ.Educ. [online]. 2018, vol.26, n.100, pp.759-779. ISSN 0104-4036. [viewed 11 October 2018]. DOI: 10.1590/s0104-40362018002601574. Available from: http://ref.scielo.org/3gqrq3
Link externo
Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação – ENSAIO: www.scielo.br/ensaio
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