Fórum Debate: Revista Almanack promove debate do livro A coleção Adandozan do Museu Nacional

Daiane de Souza Alves, Assistente de Comunicação da Revista Almanack, Doutoranda em História na UFOP, Belo Horizonte, MG, Brasil

A Coleção Adandozan do Museu Nacional – Brasil Daomé, 1818-2018 é o mais recente livro da professora Mariza de Carvalho Soares (UFF), curadora da exposição Kumbukumbu: África, memórias e patrimônio do Museu Nacional. O livro trata da história da coleção Adandozan que pertenceu ao setor de etnologia do Museu Nacional. Esta coleção foi composta por objetos remanescentes de uma doação feita pelo rei de Daomé, dadá Adandozan ao príncipe regente D. João, em 1810, no Brasil.

A ideia era abrir negociações para resistir às pressões inglesas no combate ao tráfico de escravizados e criar canais que viabilizassem a sua continuidade. Neste sentido, o rei de Daomé enviou dois embaixadores que chegaram à corte do Rio de Janeiro em 1811. Junto aos objetos também foi enviada uma carta que posteriormente foi localizada pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e o acervo foi destinado ao Museu Nacional, antigo Museu Real.

Infelizmente, como sabemos, o acervo foi destruído no incêndio ocorrido em 2018 e dele possuímos apenas as imagens que são criteriosamente analisadas neste livro. O ponto de partida para esta análise é a própria história do reino de Daomé entre fins do século XVIII e início do século XIX para que os leitores compreendam o contexto desta inusitada negociação que conectava o tráfico diretamente ao porto do Rio de Janeiro na também extraordinária transferência da corte portuguesa para terras americanas.

Imagem: Almanack.

O tema não poderia ser mais relevante para quem quer conhecer a triste história sobre o infame comércio de escravizados no Brasil e a carta revela de forma muito direta a crueldade do sistema. Adandozan descreve todos os presentes enviados, os quais ele chama de “galantarias” ou galanterias para D. João, a quem chama de irmão. Em determinado ponto do documento ele diz: “também remeto uma bandeira das guerras que é da gente que apanhei e das cabeças que cortei, por sinal para meu irmão ver, e trazer diante de si quando sair às ruas aos seus passeios”. Definitivamente esta é uma história que precisa ser conhecida e permanentemente lembrada para compreendermos as atrocidades que a escravidão produziu.

Para debater com a autora, convidamos o professor Carlos da Silva Júnior (UEFS). O debate está programado para acontecer por via remota no dia 08 de agosto, às 17:00hs (horário de Brasília) e convidamos a todo(a)s o(a)s interessado(a)s a fazer sua inscrição pelo seguinte e-mail: almanack.cppghis@ufop.edu.br

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