Elisa Priori de Deus, Pesquisadora, Coppead/ UFRJ, Porto Alegre, RS, Brasil.
A expansão de mercado é um dos principais desafios das cervejarias artesanais brasileiras. Baseando-se em estratégias de coopetição, muitos cervejeiros se unem para superá-lo. Contudo, um modelo de cervejarias enfrenta um desafio ainda mais significativo: as cervejarias ciganas, aquelas que não possuem uma fábrica própria, produzindo sua cerveja nas instalações de outras cervejarias. Embora esse arranjo apresente benefícios mútuos, também gera tensões, como disponibilidade de espaço e custos.
Assim, a partir da teoria ator-rede, analisamos a relação entre cervejarias ciganas e não ciganas, aprofundando a análise de suas tensões. Com base em um estudo de caso de cervejarias artesanais no Estado do Rio de Janeiro, realizado entre 2018 e 2019, o artigo Tensions in Coopetition between Gypsy and Non-gypsy Breweries in the Light of Actornetwork Theory oferece insights sobre como os atores (humanos e não humanos) navegam, interagem e negociam tensões para alcançar objetivos mútuos.
Sua realização contou com professores e pesquisadores de Administração, com diferentes perspectivas sobre o mesmo fenômeno: os professores da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Dra. Luciana Maines da Silva e Dr. Alexandre da Silveira, possuem diversas pesquisas sobre Estratégias de Coopetição no setor de cervejas artesanais; a professora da UniALFA, Dra. Patricia Kamillis, aplica os conhecimentos da teoria ator-rede à pesquisa e; a pesquisadora Dra. Elisa Priori de Deus traz seu conhecimento sobre o mercado de cerveja artesanal brasileiro, principalmente do Estado do Rio de Janeiro.
Os pesquisadores, juntos, realizaram entrevistas com cervejeiros ciganos e não ciganos fluminenses para analisar as tensões que se estabelecem nessas relações, envolvendo atores humanos (cervejeiros) e não humanos (fábrica, insumos, recursos e tecnologias). O Estado do Rio de Janeiro foi escolhido para a realização da pesquisa por concentrar muitas cervejarias ciganas em comparação aos demais estados brasileiros.
Os resultados destacaram que a tensão entre esses agentes começa em um nível não mencionado na literatura sobre coopetição, ressaltando a influência de elementos não humanos (por exemplo, fábrica, recursos, equipamentos e operações) na formação de relacionamentos, sendo a fábrica o principal gerador dessa tensão.
A literatura sobre coopetição afirma que as tensões ocorrem nos níveis individual, intraorganizacional e interorganizacional (Raza-Ullah et al., 2014; Schweizer et al., 2023). Como principal constatação da pesquisa, a análise apontou que surge a tensão da fábrica, um ator-rede não humano que é um ponto de passagem obrigatório (OPP), estabelecendo um quarto nível de tensão nas relações de coopetição: entre humanos e não humanos.
Referências
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Para ler o artigo, acesse
DEUS, E.P., et al. Tensions in Coopetition between Gypsy and Non-gypsy Breweries in the Light of Actor-network Theory. Brazilian Administration Review [online]. 2024, vol. 21, no. 1, e230101 [viewed 21 June 2024]. https://doi.org/10.1590/1807-7692bar2024230101. Available from: https://www.scielo.br/j/bar/a/PmNzyvn6fy77CBhmM9rGKND/
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