Por Diego Ricardo Xavier e Christovam Barcellos, do Observatório do Clima e Saúde da Fiocruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil e Carlos Machado de Freitas, do Centro de Estudos e Pesquisas em Desastres em Saúde da Fiocruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
O estudo publicado no volume 17, número 4, do periódico Ambiente & Sociedade, analisa os impactos na saúde decorrente do evento climático extremo de novembro de 2008 em Santa Catarina. Para avaliar o impacto, foram consideradas informações da imprensa, da defesa civil e dos sistemas de informação em saúde, e elencados os impactos a saúde imediata e médio prazo decorrente do evento climático. Dados de estações meteorológicas mostraram o volume e a distribuição de chuvas na região e caracterizaram a magnitude do desastre.
O uso combinado de diferentes fontes de dados (oficiais e não-oficiais) permitiu caracterizar e qualificar o impacto dos eventos climáticos extremos, sendo esta uma tendência recente em muitos estudos. Observou-se que as informações sobre óbitos imediatos apresentaram concordância tanto nas fontes oficiais de informação quanto na imprensa, e posteriormente nos sistemas de informação em saúde. O preenchimento adequado de causa morte torna a consulta a esses sistemas uma fonte de informação importante para a avaliação dos impactos decorrentes de eventos climáticos extremos.
Além de revelar alguns dos impactos indiretos ocorridos nos meses seguintes ao desastre (fraturas, doenças infecciosas e leptospirose), o estudo também revelou efeitos que podem ter início com as chuvas intensas, antecedendo as enchentes, como os acidentes vasculares cerebrais, sugerindo que tensões vividas por comunidades afetam a saúde e se prolongam por meses.
Outro aspecto importante se relaciona aos determinantes sociais que estão na origem dos desastres e produção de contextos vulneráveis. A maior parte dos municípios afetados pelo desastre de 2008 estava localizada na bacia do Rio Itajaí, no baixo curso do rio e em áreas reconhecidamente sujeitas às inundações. As condições de vulnerabilidade que viabilizaram o desastre foram historicamente construídas pela combinação dos processos de ocupação do solo e degradação ambiental.
A combinação destes aspectos aponta para a necessidade de compreendermos a origem e os efeitos destes eventos, o que demanda que as estratégias das respostas sociais para a redução de riscos de desastres, como o desenvolvimento de políticas de prevenção ou constituição de sistemas de alerta precoce. A utilização de diferentes fontes de informação possibilitou a identificação de municípios mais vulneráveis considerando o impacto à saúde humana, além de dimensionar e contabilizar os danos nos períodos posteriores ao evento. Essa abordagem pode auxiliar no planejamento para diminuição do risco e atenção a saúde no período pós-desastre.
Para ler o artigo, acesse
XAVIER, D.R., BARCELLOS, C. and FREITAS, C.M. de. Eventos climáticos extremos e consequências sobre a saúde: o desastre de 2008 em Santa Catarina segundo diferentes fontes de informação. Ambient. soc. [online]. 2014, vol. 17, n° 4, pp. 273-294. [viewed May 12th 2015]. ISSN 1809-4422. DOI: 10.1590/1809-4422ASOC1119V1742014. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-753X2014000400012&lng=pt&nrm=iso
Link externo
Ambiente & Sociedade – http://www.scielo.br/asoc/
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