Nelson Sanjad, Museu Paraense Emílio Goeldi, Belém, Pará, Brasil
As exposições internacionais e universais realizadas no século XIX e na primeira metade do XX possibilitam diversos tipos de análise histórica, desde as relacionadas às transformações sociais e econômicas da época até as dedicadas às mentalidades, à cultura visual, às relações de gênero, entre outros assuntos. Largamente estudadas em alguns países europeus e nos Estados Unidos, essas exposições mereceram pouca atenção de historiadores latino-americanos, sobretudo os residentes no Brasil, país com destacada participação em eventos internacionais e com longo histórico de organização de mostras provinciais, estaduais, regionais e nacionais.
Nos dois números mais recentes (57 e 58), Varia Historia publicou, em duas partes, um instigante artigo sobre a participação brasileira na Exposição Internacional da Indústria e do Trabalho, realizada em Turim em 1911, que até então não havia sido objeto de estudos mais aprofundados no país. Os dois autores, Nelson Sanjad e Anna Raquel de Matos Castro, vinculados ao Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal do Pará, realizaram extenso levantamento de fontes bibliográficas e arquivísticas – no Brasil, na Itália e na Suíça – com a finalidade de analisar em detalhe o envolvimento de políticos e cientistas do Pará na organização da mostra turinesa. Juntamente com o estado de São Paulo, o governo paraense foi um dos grandes incentivadores da representação brasileira em Turim, propiciando uma interessante chave analítica para os autores.
Por um lado, eles se detiveram no discurso cientificizante dos delegados paraenses, entre eles o diretor do Museu Goeldi, o botânico Jacques Huber (1867-1914), empenhado em convencer importadores europeus de que a borracha amazônica era superior à comercializada por produtores ingleses no Oriente.
Por outro lado, os autores destacaram as forças dissonantes na representação do país, perceptíveis na dificuldade do governo central em elaborar um discurso nacional, nos problemas logísticos que se apresentaram, nos conflitos entre os delegados estaduais e, sobretudo, na distância entre uma sociedade profundamente desigual e a imagem que se construiu dessa mesma sociedade.
Para ler os artigos, acesse
SANJAD, N. and CASTRO, A. R. M. Comércio, política e ciência nas exposições internacionais. O Brasil em Turim, 1911. Parte 1. Varia hist. [online]. 2015, vol.31, n.57, pp. 819-861. [viewed 22th February 2016]. ISSN 1982-4343. DOI: 10.1590/0104-87752015000300007. Available from: http://ref.scielo.org/zkcb7n
SANJAD, N. and CASTRO, A. R. M. Comércio, política e ciência nas exposições internacionais: O Brasil em Turim, 1911. Parte 2. Varia hist. [online]. 2016, vol.32, n.58, pp. 141-173. [viewed 23th February 2016]. ISSN 1982-4343. DOI: 10.1590/0104-87752016000100007. Available from: http://ref.scielo.org/p6s64w
Links externos
Varia Historia – VH – www.scielo.br/vh
Como citar este post [ISO 690/2010]:
Últimos comentários