“Ciência, raça e eugenia”, na segunda metade do século XX, é tema de destaque em Varia Historia

Ana Carolina Vimieiro Gomes, Professora adjunta, Departamento de História da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil

Ciência, raça e eugenia é temática recorrente e consagrada nos estudos históricos sobre os séculos dezoito, dezenove e vinte. Tema que se inscreve em diversas discussões, com recortes locais e globais, sobre evolução humana, degeneração e racismo científico, saúde pública, medicina e controle da reprodução, imigração, miscigenação, modernização dos estados-nações e ocupação dos territórios nacionais e coloniais, formação e desenvolvimento biológico dos povos dos vários países; dentre as várias possibilidades de se perspectivar o assunto. Varia Historia, em sua primeira edição de 2017, traz então artigos originais, de pesquisadores brasileiros e estrangeiros, com problematizações de novos objetos em torno desses consagrados temas.

A reunião de textos do dossiê temático desta edição centra suas discussões no contexto da segunda metade do século XX, propondo reflexões históricas instigantes sobre as transformações e continuidades nas concepções científicas acerca da eugenia e da questão racial.

No artigo “Norm Change in Genetic Services”, Diane Paul, da University of Massachusetts Boston, discorre sobre a transformação na normatização do controle da reprodução de pessoas com doenças hereditárias graves, que passou de uma questão de ordem pública, ou seja, eugênica, para uma escolha privada, individual, nos idos dos anos 1980. Sobre esse mesmo período, o artigo de Marisa Mirando e Gustavo Vallejo, ambos pesquisadores do CONICET, trata da permanência do controle reprodutivo eugênico – neste caso na Argentina – por meio da normatização e disciplinarização da sexualidade. Em ambos temos discussões que demostram as múltiplas facetas do pensamento eugênico na segunda metade do século XX. O dossiê traz também artigos que tratam da história das teorias da hereditariedade, seja na sua influência no pensamento eugênico brasileiro; ou, como no artigo de Veronika Lipphardt, da University College Freiburg, que, a partir de uma discussão teórica mais ampla e tomando como exemplo empírico os estudos científicos sobre “os Roma”(ou ciganos), contribui para refletirmos sobre o papel de teorias genéticas nas transformações e permanências do pensamento racialista na prática médico-científica pós anos 1950. O dossiê perpassa ainda a história dos discursos e práticas antirracistas no Brasil, seja no âmbito interno às ciências sociais e nas políticas internacionais da UNESCO bem como a partir da agência e enfrentamentos dos próprios sujeitos alvo do racismo, em reação à discriminação.

Para ler os artigos, acesse

Varia hist. vol.33 no.61 Belo Horizonte jan./abr. 2017

Link externo

Varia Historia – VH: www.scielo.br/vh/

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

GOMES, A. C. V. “Ciência, raça e eugenia”, na segunda metade do século XX, é tema de destaque em Varia Historia [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2017 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2017/04/12/ciencia-raca-e-eugenia-na-segunda-metade-do-seculo-xx-e-tema-de-destaque-em-varia-historia/

 

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