Por Claudio Almir Dalbosco, professor titular do curso de filosofia da Universidade de Passo Fundo (UPF), Passo Fundo, RS, Brasil
O ensaio “Condição humana e formação virtuosa da vontade: profundezas do reconhecimento em Honneth e Rousseau” de Claudio A. Dalbosco, com financiamento do CNPq, na modalidade da Bolsa de Produtividade em Pesquisa foi publicado na Educação e Pesquisa, número 3 de 2014.
A polêmica acerca da origem moderna da teoria do reconhecimento e seu significado para o campo da educação está muito longe de ter se esgotado. Isso se mostra na posição do filósofo social frankfurtiano Axel Honneth, que oscila ao apresentar, primeiro, Hegel e, posteriormente, Rousseau, como pioneiros fundadores da teoria moderna do reconhecimento. Contudo, Rousseau só pode ser tomado como teórico do reconhecimento na medida em que lhe for atribuído também a noção de liberdade social. Mas isso exigiria de Honneth alterar significativamente a leitura que faz de Rousseau em sua grande obra Direito à liberdade (Das Recht der Freiheit).
O fato de Rousseau ser concebido como teórico moderno do reconhecimento auxilia na compreensão sobre a centralidade ocupada, em sua obra Emílio (Émile), pela teoria da ambiguidade do amor próprio. O ser humano, quando conduzido por paixões odientas e irascíveis, torna-se vaidoso e petulante, desejando assumir a qualquer custo uma posição superior em relação ao Outro. Porém, a possibilidade de estender o amor próprio até a virtude, permite que trate o Outro pela ótica do respeito recíproco e da justiça, pois amor à virtude nada mais é, segundo o genebrino, do que amor à justiça.
Como constitutivo da condição humana, a ambiguidade do amor próprio precisa ser enfrentada pela formação virtuosa da vontade, a qual implica o permanente exercício do educando, na companhia orientadora do educador, de domínio de suas paixões odientas e irascíveis. A coerência buscada pelo educador entre o que diz e o que faz serve de principal exemplo ao educando, visando o fortalecimento de sua luta permanente contra suas próprias paixões destrutivas (lado negativo do amor próprio).
Em síntese, Rousseau vê na formação virtuosa do amor próprio pervertido – que se caracteriza pelo domínio das paixões odientas e irascíveis – um modo de fundação ética da ação política. Concebe então a formação ética do eu como condição da participação cidadã no espaço público. Desse modo, a atualidade e pertinência da temática saltam imediatamente aos nossos olhos.
Para ler o artigo, acesse:
DALBOSCO, C.A. Condição humana e formação virtuosa da vontade: profundezas do reconhecimento em Honneth e Rousseau. Educ. Pesqui. [online]. 2014, vol.40, n° 3, pp. 799-812. [viewed January 16th 2015]. ISSN 1517-9702. DOI: 10.1590/s1517-97022014091625. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-97022014000300014&lng=en&nrm=iso.
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