Kátia Kishi, jornalista – Labjor/Unicamp, Campinas, São Paulo, Brasil
O objetivo do estudo desenvolvido pela psicóloga Lívia Carolina Fernandes, da Universidade de Brasília (UnB) foi compreender quais fatores no ambiente de trabalho contribuem para a qualidade de vida ou adoecimento entre os trabalhadores do poder judiciário. A autora defende a necessidade da investigação para estabelecer um ambiente mais adequado para os funcionários diante da pressão social, intensificação do ritmo e sobrecarga de atividades, pautadas pelas reclamações de morosidade do setor.
A pesquisa envolveu 5.164 funcionários de cinco Tribunais Regionais Federais, sendo de Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e Recife, que responderam de forma voluntária um inventário que traça o bem-estar (tendência à qualidade de vida) ou mal-estar (tendência ao adoecimento) de cinco fatores: Condições de trabalho, organização no trabalho, relações sócio profissionais de trabalho, reconhecimento e crescimento profissional e elo trabalho-vida social.
Em uma percepção global, o índice de “Qualidade de Vida no Trabalho” (QVT) teve uma média de 6,28 em uma escala de 0 a 10, o que indica uma promoção da saúde em relação a pesquisas de anos anteriores, mas ainda com fatores que podem desencadear mal-estar no trabalho.
Entre as principais queixas, a análise destacou o mobiliário inadequado, o que pode oferecer risco aos trabalhadores. A autora contextualiza que durante a década de 1990 houve uma precarização das condições de trabalho no funcionalismo público após a adesão do governo federal ao “Consenso de Washington”, que restringiu custos no setor público. Embora na década seguinte, tenha ocorrido uma reestruturação do serviço público para tornar o setor mais eficiente, ainda há resquícios da precarização.
Outro problema apontado é no quesito organização, em que se constatou um acúmulo de atividades, falta de autonomia e pressão por resultados; segundo a psicóloga, esse problema merece atenção com urgência, pois em muitos casos, a carga extrapola os limites físicos e mentais dos funcionários, além de comprometer a eficiência do judiciário.
A autora também explica que entre os problemas de saúde gerados pelo mal-estar no ambiente de trabalho, estão as ausências, o desestímulo no trabalho, acidentes, doenças como estresse e até o suicídio. Assim, Fernandes defende a importância de pesquisas regulares, visando a prevenção e promoção da saúde, além de mudanças nos aspectos ainda negativos que forem detectados.
Para ler o artigo, acesse:
FERNANDES, L. C., and FERREIRA, M. C. Qualidade de vida no trabalho e risco de adoecimento: estudo no poder judiciário brasileiro. Psicol. USP [online]. 2015, vol.26, n.2, pp. 296-306. [viewed 14th October 2015]. ISSN 1678-5177. DOI: 10.1590/0103-656420130011. Available from: http://ref.scielo.org/mjhwhs
Links externos:
Psicologia USP – http://www.scielo.br/pusp
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