Rachel Meneguello, editora, Campinas, SP, Brasil
Fabíola Brigante Del Porto, editora assistente, Campinas, SP, Brasil
Juliana Bôa, revisora, Campinas, SP, Brasil
O último número de 2015 da OPINIÃO PÚBLICA apresenta temas de grande relevância para a atualidade. O artigo de Diego Sanches Corrêa, “Os custos eleitorais do Bolsa Família: reavaliando seu impacto sobre a eleição presidencial de 2006”, trata das flutuações espaciais do voto em Lula entre 2002 e 2006. O autor demonstra que o desempenho eleitoral de Lula em 2006 foi bastante similar ao observado em 2002 a despeito dos ganhos eleitorais do Bolsa Família entre os pobres. Também demonstra que o programa proporcionou perda de votos entre as classes médias e ricas e que Lula perdeu pelo menos a mesma quantidade relativa de votos que ganhou.
Em “Eleição de Dilma ou segunda reeleição de Lula? Uma análise espacial do pleito de 2010”, André Matos Magalhães, Marcelo Eduardo Alves da Silva e Fernando de Mendonça Dias utilizam dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) para analisar a eleição de 2010, buscando compreender a importância do apoio de Lula e o peso do Bolsa Família na eleição de Dilma. Além disso, os autores buscam compreender qual o perfil do eleitor de Marina em 2010 e como isso poderia influenciar o pleito de 2014.
Carlos Oliveira e Mathieu Turgeon, em “Ideologia e comportamento político no eleitorado brasileiro”, abordam um tema pouco explorado pela ciência política brasileira: o papel das ideologias de esquerda e de direita sobre o comportamento político do eleitorado brasileiro. Sabe-se que os partidos políticos, historicamente, são os mais importantes instrumentos de debate e publicização da ideologia. Porém, em um sistema eleitoral que favorece o candidato em detrimento do partido, as ideologias tendem a não ser importantes na decisão do eleitor. Com base em dados de survey do Estudo Eleitoral Brasileiro (Eseb) 2002 e 2010, os autores avaliam se o eleitor estrutura suas atitudes políticas em consonância com a ideologia de que diz ser adepto.
Luis Felipe Miguel, em “Autonomia, paternalismo e dominação na formação das preferências”, discute um tema ignorado pela maior parte dos cientistas políticos, qual seja, a formação das preferências, tanto com base no ideário liberal, segundo o qual as preferências seriam de ordem privada, como com base no paternalismo, segundo o qual uma autoridade com mais capacidade estabeleceria quais são as “verdadeiras” preferências do agente, posição essa criticada por ameaçar a sua autonomia. Segundo o autor, embora a posição antipaternalista esteja correta, a questão principal deixa de ser discutida: a dominação e as condições necessárias a uma verdadeira autonomia.
Em “A privação relativa e o ativismo em protestos no Brasil: uma investigação sobre o horizonte do possível”, Clarice Mendonça e Mario Fuks baseiam-se em dados do Barômetro das Américas de 2012 para avaliar se a relação entre a percepção individual da ampliação do horizonte de possibilidades e o ativismo em protestos se confirma na realidade brasileira e testam se a interação entre a insatisfação individual e a privação relativa gera maiores níveis de comportamento contestatório.
O artigo de Viviane Petinelli, “Aferindo a capacidade de influência das conferências de políticas públicas sobre os programas de políticas”, propõe um método para aferir a capacidade de influência (grau de incorporação das propostas aprovadas nesses espaços participativos nos programas das políticas setoriais) das conferências de políticas públicas sobre as respectivas políticas, a partir da 1ª Conferência de Aquicultura e Pesca, de Cidades, de Meio Ambiente, de Esporte, de Políticas para Mulheres e de Promoção da Igualdade Racial. Este artigo colabora para preencher uma importante lacuna, pois a complexidade dessa avaliação resulta em poucas contribuições sobre o tema.
Clóvis Alberto Vieira de Melo, Saulo Santos de Souza e Washington Luís de Sousa Bonfim, em “Federalismo e bons governos: uma análise política da gestão fiscal dos municípios”, tratam da relação entre a autonomia política e tributária dos municípios, estabelecida pela Constituição de 1988, e a eficiência administrativa destes, tendo em vista que a capacidade de arrecadar e aplicar recursos municipais na implementação de políticas é muito diferenciada, e que a competição política e o alinhamento partidário podem influenciar a qualidade da gestão. Com o objetivo de avaliar até que ponto essas novas relações favorecem bons governos no âmbito municipal, os autores analisam o equilíbrio fiscal para a quase totalidade dos municípios brasileiros no ano de 2010, utilizando para isso o Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF), produzido pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
O artigo “Política partidária e meio ambiente: a adesão dos partidos políticos brasileiros à agenda verde”, de Antonio de Barros Teixeira, contribui para a compreensão do processo político que levou a agenda ambiental a ser incorporada pelos programas dos partidos políticos brasileiros de diferentes matizes ideológicos. Através do monitoramento dos websites dos partidos, o autor identifica quatro perfis partidários de governança ecológica: preservacionistas, desenvolvimentistas, críticos ao capitalismo e ecologistas sistêmicos.
OPINIÃO PÚBLICA é a revista do Centro de Estudos de Opinião Pública – Cesop (Unicamp), e publica artigos relacionados às áreas de teoria, metodologia e análise de opinião pública, comportamento social e político e estudos de mídia, nos idiomas português, espanhol e agora também em inglês.
Para ler os artigos, acesse:
CORREA, D. S. Os custos eleitorais do Bolsa Família: reavaliando seu impacto sobre a eleição presidencial de 2006. Opin. Publica [online]. 2015, vol.21, n.3, pp. 514-534. [viewed 21th January 2016]. ISSN 1807-0191. DOI: 10.1590/1807-01912015213514. Available from: http://ref.scielo.org/wvdr5s
MAGALHAES, A. M., SILVA, M. E. A., and DIAS, F. M. Eleição de Dilma ou segunda reeleição de Lula? Uma análise espacial do pleito de 2010. Opin. Publica [online]. 2015, vol.21, n.3, pp. 535-573. [viewed 21th January 2016]. ISSN 1807-0191. DOI: 10.1590/1807-01912015213535. Available from: http://ref.scielo.org/b95k2w
OLIVEIRA, C., and TURGEON, M. Ideologia e comportamento político no eleitorado brasileiro.Opin. Publica [online]. 2015, vol.21, n.3, pp. 574-600. [viewed 21th January 2016]. ISSN 1807-0191. DOI: 10.1590/1807-01912015213574. Available from: http://ref.scielo.org/64hp4c
MIGUEL, L. F. Autonomia, paternalismo e dominação na formação das preferências. Opin. Publica[online]. 2015, vol.21, n.3, pp. 601-625. [viewed 21th January 2016]. ISSN 1807-0191. DOI: 10.1590/1807-01912015213601. Available from: http://ref.scielo.org/8knky6
MENDONCA, C., and FUKS, M. Privação relativa e ativismo em protestos no Brasil: uma investigação sobre o horizonte do possível. Opin. Publica [online]. 2015, vol.21, n.3, pp. 626-642. [viewed 21th January 2016]. ISSN 1807-0191. DOI: 10.1590/1807-01912015213626. Available from: http://ref.scielo.org/w76kx3
PETINELLI, V. Aferindo a capacidade de influência das conferências de políticas públicas sobre os programas das respectivas políticas setoriais. Opin. Publica [online]. 2015, vol.21, n.3, pp. 643-672. [viewed 21th January 2016]. ISSN 1807-0191. DOI: 10.1590/1807-01912015213643. Available from: http://ref.scielo.org/nc59k4
MELO, C. A. V., SOUZA, S. S., and BONFIM, W. L. S. Federalismo e bons governos: uma análise política da gestão fiscal dos municípios. Opin. Publica [online]. 2015, vol.21, n.3, pp. 673-692. [viewed 21th January 2016]. ISSN 1807-0191. DOI: 10.1590/1807-01912015213673. Available from: http://ref.scielo.org/v486rm
BARROS, A. T. Política partidária e meio ambiente: a adesão dos partidos políticos brasileiros à agenda verde. Opin. Publica [online]. 2015, vol.21, n.3, pp. 693-733. [viewed 21th January 2016]. ISSN 1807-0191. DOI: 10.1590/1807-01912015213693. Available from: http://ref.scielo.org/66j9r3
Link externo:
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