Eloiza Dias Neves, Professora pesquisadora da Universidade Federal Fluminense-Campos, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
O artigo “Identidades docentes numa escola pública de elite portuguesa”, faz parte de um estudo de caso, realizado entre 2017 e 2018 e está publicado no periódico Educação & Realidade (v. 44, n. 4).
Foi realizado um estudo de caso numa escola pública, mas que atende a uma elite no bairro da Estrela, em Lisboa. Para se construir essa interpretação, entrevistas na linha de história de vida foram realizadas e questionários sobre aspectos socioeconômicos e culturais, aplicados em forma de perguntas feitas diretamente antes de iniciar as entrevistas.
As identidades profissionais dos oito professores de diversas disciplinas foram analisadas à luz da tese de Claude Dubar (2005). A análise da “identidade biográfica” mostra uma trajetória de professores que estudaram em escolas públicas, consideram-se dedicados e exigentes, além de que tiveram uma sólida formação profissional acadêmica, ainda que a maioria tenha consciência que o maior aprendizado do jeito de ser professor/a foi feito mesmo dentro da escola, no exercício da docência. A “identidade para o outro” mostra que o grupo desenvolveu estilos pessoais de ensinar e que é tido como ativo e empreendedor, culto, competente em contribuir para os bons resultados que pautam a instituição, ainda que estudantes considerem alguns docentes elitistas, conservadores e convencidos. A identidade “relacional para si” revela um exercício da docência focado na instrução de jovens da classe média-alta para o ensino superior.
É fato que vivemos em um tempo de grandes mudanças e incertezas. A escola, tal qual foi oficialmente estabelecida, a partir da segunda metade do século XVIII, está com seus dias contados (NÓVOA, 1991; 2017). Marcado pela ambiguidade, heterogeneidade e diversidade, o ofício docente na escola contemporânea enfrenta desafios, como a intensificação e complexificação da profissão, a diversificação das tarefas docentes, em função de um conjunto de transformações sociais, políticas e econômicas (LELIS, 2012). Conhecer os professores é condição básica para que se possam efetivar as mudanças necessárias à escola do século XXI.
Referências
DUBAR, C. A socialização: construção das identidades sociais e profissionais. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
LELIS, I. O trabalho docente na escola de massa: desafios e perspectivas. Sociologias [online]. 2012, vol. 14, no. 29, pp.152-174, ISSN 1517-4522 [viewed 15 January 2020]. DOI: 10.1590/S1517-45222012000100007. Available from: http://ref.scielo.org/2sgfsn
NÓVOA, A. Para o estudo socio-histórico da gênese e desenvolvimento da profissão docente. Teoria e Educação, Porto Alegre, no. 4, pp. 109-139, 1991.
NOVOA, A. Firmar a posição como professor, afirmar a profissão docente. Cad. Pesqui. [online]. 2017, vol. 47, no. 166, pp.1106-1133, ISSN 0100-1574 [viewed 15 January 2020]. DOI: 10.1590/198053144843. Available from: http://ref.scielo.org/dq7k9r
Para ler o artigo, acesse
NEVES, E. D. Identidades Docentes numa Escola Pública de Elite Portuguesa. Educ. Real. [online]. 2019, vol. 44, no. 4, e88939, ISSN 0100-3143 [viewed 15 January 2020]. DOI: 10.1590/2175-623688939. Available from: http://ref.scielo.org/vy5fwk
Links externos
Educação & Realidade – EDREAL: www.scielo.br/edreal
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