Alketa Peci, Editora-chefe da Revista de Administração Pública (RAP), FGV EBAPE, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
A Revista de Administração Pública (RAP, vol. 54, no. 4), apresenta estudos sobre a atuação da administração pública brasileira frente aos desafios impostos pela pandemia da COVID-19. Na chamada de artigos específicos sobre o tema, foram recebidas 211 submissões e aceitos 35 trabalhos, que representaram 41 instituições acadêmicas, além de 105 autores nacionais e internacionais. Para esta edição, apresenta-se seis temas transversais que integram as respostas da administração pública aos desafios complexos causados pela pandemia. O primeiro tema, trata sobre a análise das atuais capacidades estatais e seu potencial na gestão da crise, não apenas restritas à área de saúde, mas incluindo o aparato estatal de forma mais abrangente contribui para compreensão da resposta brasileira à pandemia. O segundo, apresenta os trabalhos que focam nas respostas comportamentais à pandemia, exploram, por exemplo, fatores que influenciam a predisposição ao isolamento social, ao exemplo da comunicação das lideranças políticas e polarização ideológicas. Buscando entender como as mensagens das lideranças governamentais moldam as respostas emocionais e cognitivas dos cidadãos, Filipe Sobral et al. (2020), realizaram um experimento com mais de 400 participantes que demonstra que, embora o tom da mensagem da liderança tenha implicações significativas para os níveis de ansiedade e para a avaliação da transparência do governo e da sua resposta geral à crise, o conteúdo da mensagem da liderança é menos importante.
O terceiro tema dedica-se ao exame das estratégias de enfrentamento da pandemia adotadas pelo setor público, já indicando algumas estratégias eficazes no combate à pandemia adotadas no nível local. Por exemplo, Nobuiuki Costa Ito, Leandro Simões Pongeluppe (2020) mostraram três caminhos principais para políticas de combate à pandemia: (1) um caminho de colaboração plural que envolve os setores público e privado na presença de um sistema de saúde frágil; (2) um caminho de ação pública que forneça programas de ajuda por meio de intensa colaboração dentro da burocracia pública; e (3) um caminho baseado nos recursos de um sistema de saúde bem estruturado.
O quarto tema, demonstra a capacidade de mobilização e colaboração das organizações da sociedade civil (OSCs), imposta pela situação extrema que se instaurou com a pandemia da COVID-19. O quinto tema, aborda que os efeitos da pandemia não se limitam apenas à área de saúde pública. Nestas pesquisas são discutidos e mensurados os efeitos da pandemia na política, no mercado de trabalho, na educação básica, em setores de prestação de serviços públicos e nas micro e pequenas empresas.
Por fim, o sexto e último tema trata da crise gerada pela COVID-19 e já indica que seus efeitos não se estendem uniformemente a todos os segmentos da sociedade. Os trabalhos não apenas diagnosticam as vulnerabilidades sociais, mas também apresentam uma análise a respeito de como medidas concretas, como o auxílio emergencial, e programas já existentes, a exemplo do Bolsa Família podem ser utilizados para minimizar os impactos do momento adverso para segmentos mais vulneráveis da população brasileira. Pesquisadores também recorrem ao uso de dinâmica de sistemas para apoiar decisões de políticas públicas relativas a medidas que têm por objetivo aliviar os efeitos negativos da disseminação do vírus em favelas.
Para ler os artigos, acesse
Rev. Adm. Pública vol.54 no.4 Rio de Janeiro jul./ago. 2020
Links externos
Revista de Administração Pública – RAP: www.scielo.br/rap
https://ebape.fgv.br/corpo-docente/alketa-peci
http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rap/index
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