Denise de Souza Fleith, Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Programa de Pós-graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Escolar, Brasília, DF, Brasil.
Anualmente ingressam na universidade estudantes que esperam obter uma formação que os qualifique pessoal, social e profissionalmente. Essas expectativas são entendidas como variável importante da qualidade da sua adaptação e sucesso acadêmico. Assim, as primeiras semanas na universidade, influenciadas pelas expectativas que os estudantes carregam consigo, podem significar satisfação e realização para alguns ou desilusão e frustração para outros.
Estudos revelam que expectativas positivas e ajustadas favorecem a manutenção da motivação, esforço e persistência. Por outro lado, o risco de insucesso e de abandono no ensino superior é maior no grupo de estudantes que evidenciam baixas expectativas e fracos níveis de envolvimento acadêmico. Ademais, alguns estudantes ingressam com expectativas demasiadamente elevadas e irrealistas, resultando em desmotivação, frustração e desilusão, o que também não favorece sua integração e ajustamento acadêmicos.
Portanto, a permanência e sucesso dos estudantes, bem como as trajetórias de formação e as competências a serem desenvolvidas, relacionam-se sobremaneira às expectativas que eles apresentam no momento de transição ao ensino superior. Neste sentido, são necessários instrumentos que avaliem as expectativas dos estudantes que entram na universidade de maneira a fornecer subsídios às instituições de educação superior na revisão de propostas pedagógicas de cursos e na elaboração de programas e serviços de apoio aos estudantes.
O estudo “Validity Evidence of a Scale on Academic Expectations for Higher Education” publicado na Paidéia (Ribeirão Preto), vol. 30, teve como objetivo investigar a dimensionalidade e invariância da Escala Brasileira de Expectativas Acadêmicas para Ingressantes na Educação Superior – versão abreviada.
Participaram do estudo 6.913 estudantes ingressantes em uma universidade pública brasileira, com idade média de 20,26 anos. Desse total, 52,8% eram do sexo masculino e 47,2% do feminino; a maioria (80,4%) não trabalhava; 51% ingressaram na universidade pelo vestibular tradicional, 25% pelo Programa de Avaliação Seriada (avaliação processual por meio da qual a instituição pesquisada aplica aos estudantes, ao final de cada ano letivo do ensino médio, uma prova relativa aos conhecimentos adquiridos naquele ano de estudo) e 24% via Sistema de Seleção Unificada do Ministério da Educação. Os estudantes responderam à Escala Brasileira de Expectativas Acadêmicas para Ingressantes na Educação Superior no momento do registro de matrícula na universidade, após aprovação nos processos seletivos da instituição.
Os resultados revelaram o bom ajustamento da solução proposta de sete fatores que avaliam: Qualidade da Formação Acadêmica, Compromisso Social e Acadêmico, Ampliação das Relações Interpessoais, Oportunidade de Internacionalização e Intercâmbio, Perspectiva de Sucesso Profissional, Preocupação com Autoimagem e Desenvolvimento de Competências Transversais. Os resultados indicaram ainda que a escala é invariante, ou seja, pode ser aplicada ao estudante independente do gênero, da modalidade de ingresso na instituição e de serem trabalhadores ou não.
Em síntese, as evidências de validade obtidas para o instrumento foco deste estudo apontam para sua relevância quanto ao mapeamento das expectativas dos estudantes que entram na educação superior. A escala pode contribuir para subsidiar instituições de ensino superior no que tange às suas políticas educacionais, programas e serviços acadêmicos. Com a progressiva expansão da educação superior e a diversificação crescente da população estudantil, é importante que as instituições estejam atentas aos diferentes perfis e expectativas dos seus estudantes e disponham de instrumentos válidos para a sua avaliação, como o analisado neste estudo.
Para ler os artigos, acesse
FLEITH, D. S., et al. Validity Evidence of a Scale on Academic Expectations for Higher Education. Paidéia (Ribeirão Preto) [online]. 2020, vol.30, e3010 [viewed 26 April 2021]. https://doi.org/10.1590/1982-4327e3010. Available from: http://ref.scielo.org/5sx87m
Links Externos
Instituto de Educação Universidade do Minho: https://www.ie.uminho.pt/pt
Paidéia (Ribeirão Preto) – PAIDEIA: https://www.scielo.br/paideia
Programa de Pós-Graduação em Processo de Desenvolvimento Humano e Saúde: http://www.pgpds.unb.br/
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