Fernanda Cantarim – pós-doutoranda em Gestão Urbana na Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Membro do corpo editorial da Revista Urbe. Curitiba, Paraná, Brasil.
A mobilidade urbana é um fator imprescindível para se garantir à população condições equitativas de oportunidades de trabalho, educação e lazer. Nas cidades latino americanas, a distribuição espacial dos grupos sociais costuma apresentar um padrão segregatório, o que impacta no acesso e uso de serviços urbanos. Bogotá é um exemplo dessa realidade. Segundo resultados da pesquisa de Melba Rubiano-Bríñez, da Universidad Piloto de Colombia, os trabalhadores dos estratos socioeconômicos mais baixos são os que percorrem maiores distâncias no trajeto moradia-trabalho, em Bogotá. O artigo intitulado “Mobilidade e segregação: análise das categorias ocupacionais na Localidade de Ciudad Bolivar em Bogotá” da pesquisadora, publicado na Revista Urbe, vol.13/2021, apresenta uma análise da segregação espacial e mobilidade dos trabalhadores em Ciudad Bolívar – região ao sul de Bogotá e onde se concentra maior número de moradores de estratos sociais baixos.
O estudo de Rubiano-Briñez apresenta um enfoque misto, com base em revisão documental e pesquisa de campo. Dados quantitativos foram tomados a partir do “Encuesta Multipropósito 2017” (DANE, 2018) e Observatorio de Movilidad 2017 (SDM, 2017). A variável principal é a posição ocupacional. A autora faz uso dos cálculos de coeficiente de localização e de índice de segregação, conforme a metodologia de Arbeláez (2017). O artigo apresenta um cruzamento desses dados com pesquisa de campo realizada no bairro “El Paraíso”, em Ciudad Bolívar, Bogotá.
Os índices de segregação calculados por Rubiano-Briñez demonstram que as ocupações profissionais dos estratos mais altos (patrões e empregadores) são as com maior tendência de autosegregação. Isso significa que essa população tem maior liberdade para morar onde preferirem pois possuem recursos para isso. Por outro lado, ocupações de estratos mais baixos, como operários e empregados domésticos, possuem um menor índice de segregação – estão distribuídos no território. A análise que relaciona a ocupação laboral e o estrato socioeconômico com as viagens percorridas diariamente revelou que os estratos mais baixos são os que mais transitam por dia.
A mobilidade urbana e a segregação sócioespacial se relacionam de forma complexa e controversa, o que demanda uma análise minuciosa por parte dos governos locais. Segundo Soja (2008), há uma geografia mal ajustada entre moradia acessível e oportunidades de emprego, o que se reflete no desigual perfil de deslocamentos diários entre as classes.
Referências
Encuesta Multipropósito 2017 [online]. Departamento Administrativo Nacional de Estadística – DANE. Recuperado em 15 de abril de 2021. 2018 [viewed 19 April 2021]. Available from: http://microdatos.dane.gov.co/index.php/catalog/565/get_microdata
Observatorio de Movilidad de Bogotá D.C/2017 [online]. Observatorio de Movilidad de Bogotá D.C/2017. 2017 [viewed 19 April 2021]. Available from: https://www.simur.gov.co/portal-simur/datos-del-sector/documentos/observatorio-de-movilidad
SOJA, E. W. Postmetrópolis: estudios críticos sobre las ciudades y las regiones. In: V. Hendel, & M. Cifuentes, Trans. Madrid: Traficantes de Sueños, 2008. Available from: https://www.traficantes.net/sites/default/files/pdfs/Postmetrópolis-TdS.pdf
Para ler o artigo, acesse
RUBIANO-BRÍÑEZ, M. Movilidad y Segregación: análisis de las posiciones ocupacionales en la localidad de Ciudad Bolívar en Bogotá. urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana [online]. v.13, e20190372 [viewed 19 April 2021]. https://doi.org/10.1590/2175-3369.013.e20190372. Available from: http://ref.scielo.org/2x7ms7
Links Externos
Melba Rubiano Bríñez: https://www.unipiloto.edu.co/team/melba-rubiano-brinez/
urbe. Revista Brasileira de Gestão – URBE: https://www.scielo.br/revistas/urbe/paboutj.htm
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