Como será o trabalho dos professores pós pandemia da COVID-19?

António Nóvoa, Professor, Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal.

Yara Alvim, Professora, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, MG, Brasil.

O artigo “Os professores depois da pandemia”, publicado no periódico Educação & Sociedade (vol. 42), trata das mudanças educativas que terão lugar depois da pandemia, dando especial atenção aos professores. Na  reflexão crítica dos autores, destacam-se três ilusões correntes, acentuadas pela resposta à COVID-19, a saber: 1) a ilusão de que as aprendizagens acontecem “naturalmente” numa diversidade de tempos e de ambientes, nomeadamente em casa; 2) a ilusão de que a escola física vai dar lugar à “escola virtual”; 3) a ilusão de que pedagogia pode ser substituída pelas tecnologias.

A discussão no texto é contra estas ilusões. Nesse sentido, pode ser lido como um manifesto em defesa da valorização e da transformação da educação pública e do triplo papel dos professores na construção de um espaço público comum da educação, na criação de novos ambientes escolares e na composição de uma pedagogia do encontro. A situação dramática provocada pela COVID-19 obrigou-nos a dar respostas imediatas, urgentes, sem a necessária preparação e reflexão. O recurso indiscriminado aos meios digitais foi a solução possível para manter uma certa “continuidade educativa”, a fim de não cortar todos os laços com os alunos e proteger a saúde pública. Todavia, este não pode ser o futuro.

Imagem: autores.

A escola deve ser um espaço de liberdade, onde se aprende a trabalhar e a viver em comum. Todos dependemos de todos. Devemos inspirar-nos mutuamente. As nossas ideias fazem parte de um acervo de experiências e de realidades que têm lugar no mundo. Não precisamos  inventar nada. Precisamos apenas, e já não é pouco, de conhecer o que se faz, de enunciar o trabalho de professores nos mais diversos lugares, de debater, de partilhar, de nos envolvermos coletivamente na produção de futuros. Voltar à normalidade? Não. Este é o tempo de inventar, isto é, de construir coletivamente uma outra educação.

Um dos autores deste artigo, António Nóvoa, é o coordenador do comitê de pesquisa e redação da Comissão Internacional sobre Os futuros da educação, cujo relatório será lançado na Conferência Geral da UNESCO, em Paris, em novembro de 2021. Naturalmente, as ideias aqui expostas resultam, também, da reflexão feita no seio desta Comissão. A outra autora, Yara Alvim, traz um conhecimento aprofundado da realidade brasileira, e da situação dos professores, permitindo uma melhor contextualização das propostas apresentadas no artigo.

Assista a seguir ao vídeo de António Nóvoa apresentando outras questões sobre os desafios dos professores depois da pandemia.

Referências

NÓVOA, A. and ALVIM, Y. C. Nothing is new, but everything has changed: A viewpoint on the future school. Prospects [online]. 2020, vol. 49, pp. 35-41. e-ISSN: 1573-90990 [viewed 18 August 2021]. https://doi.org/10.1007/s11125-020-09487-w. Available from: https://link.springer.com/article/10.1007/s11125-020-09487-w

NÓVOA, A. and ALVIM, Y. C. COVID-19 e o fim da educação 1870 – 1920 – 1970 – 2020. História da Educação [online]. 2021, vol. 25, e110616. ISSN: 2236-3459 [viewed 18 August 2021]. https://doi.org/10.1590/2236-3459/110616. Available from: https://www.scielo.br/j/heduc/a/KNh6dGg9qLCjMknGPffLz4j/?lang=pt#

Para ler o artigo, acesse

NÓVOA, A. and ALVIM, Y. C. Os professores depois da pandemia. Educação & Sociedade [online]. 2021, vol. 42, e249236. ISSN 1678-4626. [viewed 18 August 2021]. https://doi.org/10.1590/ES.249236. Available from: http://ref.scielo.org/x5xrzd

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