Denise Martin, professora associada, Departamento de Medicina Preventiva, Escola Paulista de Medicina, São Paulo, SP. Brasil.
Pesquisadores da área de Ciências Sociais fizeram uma análise da produção das CSHS nos 20 anos da revista Interface. Ficou evidente a progressiva consolidação da área no campo da Saúde Coletiva, tanto pelo aumento do número de artigos quanto pela diversidade teórico-conceitual e temática presentes nas publicações. A pesquisa foi publicada na revista Interface, com o título: O lugar das CSHS no campo da Saúde Coletiva: olhares da Interface em 20 anos (Martin, et al, 2018).
Os pesquisadores destacam os temas mais frequentes trabalhados nos artigos: saúde mental, envelhecimento, doenças infectocontagiosas, gênero e saúde reprodutiva. Ficou patente uma multiplicidade de disciplinas, como filosofia, história, antropologia, sociologia, ciência política, entre outras, assim como uma variedade de alternativas teórico-metodológicas (fenomenologia, estruturalismo, pós-estruturalismo, entre outras) que os fundamentam. Na análise do tema “teórico conceitual” houve predominância de teóricos do Norte Global. A análise crítica pergunta sobre a necessidade de replicar esse modelo de teorias (do Norte Global) e sobre como multiplicar a criatividade das temáticas e abordagens se há sempre uma imaginação prefigurada a nos obsedar.
Os pesquisadores sugerem pensar estratégias que ampliem nossas possibilidades teórico-metodológicas, incluindo as conexões Sul-Sul, para a consolidação da produção de conhecimentos. Inserida em uma proposta interdisciplinar, não é possível pensar as CSHS com limites muito definidos e em uma posição hermética. As temáticas presentes refletem contextos históricos, econômicos, sociais, políticos e culturais que demandam das CSHS abordagens criativas e teóricas em busca de sua compreensão.
O percurso metodológico iniciou com uma consulta a uma planilha com todas as publicações da revista Interface (de 1997 a 2017). Foram identificadas e incluídas nos registros para análise as disciplinas do conhecimento: sociologia, antropologia, política, história, geografia, filosofia, psicologia e serviço social. A categorização dos artigos apoiou-se na leitura dos títulos dos artigos e das palavras-chave. Essa aproximação com a área não reflete toda a diversidade e complexidade de análises individualizadas de cada produção. Todavia, permitiu um panorama abrangente de grandes tendências e abordagens específicas.
Imagem: MARTIN, D., et al.
A revista Interface tornou-se um sólido meio de difusão da produção científica nacional, viabilizando a expansão da comunicação de conhecimentos em saúde, particularmente em relação aos campos disciplinares das CSHS, que formam com a Epidemiologia e com a Política, Planejamento e Gestão em Saúde (PPGS) as três áreas da Saúde Coletiva (SC).
A partir do olhar sobre a produção científica de um periódico da área, pretende-se expor os contornos principais das CSHS no campo da SC, mostrando sua complexidade e transformações ao longo do período de vinte anos de Interface. O material de análise dessas publicações permite dimensionar algumas das modificações ocorridas na área de CSHS no contexto da SC e contribuir para análises sobre o campo específico da SC no Brasil.
MARTIN, D. O lugar das CSHS no campo da Saúde Coletiva: olhares da Interface em 20 anos [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2021 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2021/11/22/o-lugar-das-cshs-no-campo-da-saude-coletiva/
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