Marcus Wilcox Hemais, Professor, Pontifícia Católica do Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Ronan Torres Quintão, Professor, Instituto Federal de São Paulo, Jacareí, SP, Brasil.
Denise Franca Barros, Professora, Universidade Federal Fluminense e MADE/Estácio de Sá, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Um novo estudo realizado por pesquisadores da PUC-RJ, IFSP e UFF e MADE/Estácio de Sá, publicado na Revista de Administração Contemporânea, revela como a educação crítica promovida pela Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF) fomenta iniciativas de autodefesa que podem ser vistas como um importante avanço sobre o consumerismo capitalista. Baseada no conceito decolonial de transmodernidade e na pedagogia do oprimido de Paulo Freire, o artigo Education by the Escola Nacional Florestan Fernandes as Transmodernization from Capitalist Consumerism analisa os debates críticos realizados em um curso on-line oferecido pela ENFF para evidenciar como a abordagem educativa adotada conscientiza os alunos em relação às estruturas opressivas do mercado e propõe alternativas sustentáveis, como a agroecologia.
O curso faz parte de uma das ações da ENFF para fornecer uma educação que desafia os princípios capitalistas e promove a emancipação dos oprimidos, seguindo os valores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Os autores analisaram seu conteúdo, discutindo e codificando os dados em categorias específicas em uma pesquisa que destaca a importância de modelos educativos que vão além da simples informação do consumidor, abordando questões sobre racismo, sexismo e colonialidade que muitas vezes são ignoradas.
Imagem: Unsplash.
Os autores argumentam que a construção de conhecimento relevante para a autodefesa dos indivíduos no âmbito do mercado e consumo deve ser reconhecida pelo Marketing. Os resultados do estudo indicam que a abordagem da ENFF, alinhada com a pedagogia do oprimido, além de conscientizar os alunos sobre as estruturas hegemônicas, também critica a ilusão de que essas estruturas beneficiam a todos.
Tal modelo, baseado em contextos não hegemônicos pautados no empoderamento coletivo, pode ser visto como uma transmodernização do modelo estadunidense e capitalista de consumerismo e proteção do consumidor, permitindo a verdadeira ruptura com a participação ativa dos oprimidos. Esta educação fomenta a autodefesa a partir de realidades subalternizadas, preparando os alunos para enfrentarem e superarem as práticas de mercado que perpetuam a desigualdade.
Como conclusão, a pesquisa sugere que o modelo de consumerismo adotado pelo marketing tradicional é insuficiente para lidar com as complexas realidades enfrentadas por comunidades oprimidas. Nesse sentido, a educação crítica oferecida pela ENFF representa uma forma de transmodernização que promove a proteção e a autossuficiência dos indivíduos contra as forças opressoras do mercado. O estudo também reforça a necessidade de se considerar outras alternativas educativas que priorizem a justiça social e ambiental, oferecendo um caminho para um futuro mais equitativo.
Para ler o artigo, acesse
HEMAIS, M.W., QUINTÃO, R.T. and BARROS, D.F. Education by the Escola Nacional Florestan Fernandes as Transmodernization from Capitalist Consumerism. Journal of Contemporary Administration [online]. 2024, vol. 28, no. 2, e230270 [viewed 15 July 2024]. https://doi.org/10.1590/1982-7849rac2024230270.en. Available from: https://www.scielo.br/j/rac/a/9gHMFXryhq4PbFqmhVxZNWm/
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