Hamanda Pontes, Doutoranda em Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil.
Wivian Weller, Professora Titular, Universidade de Brasília, Brasília, DF, Brasil.
Estudo conduzido por pesquisadoras brasileiras revela as repercussões do desajuste habitual na trajetória acadêmica de jovens mulheres que, por diversos motivos, migraram para o ensino médio noturno. O trabalho, que envolveu pesquisa de campo e análise comparativa em sua metodologia, destaca a necessidade de considerar a perspectiva de gênero na compreensão da experiência escolar. Essa abordagem é fundamental para a promoção de uma educação mais inclusiva.
O artigo Experiência escolar no ensino médio noturno: uma análise comparativa foi realizado a partir dos principais resultados da pesquisa de mestrado da primeira autora, Hamanda Pontes, desenvolvida no âmbito do Grupo de Pesquisa “Gerações e Juventude” (Geraju), vinculado à linha de Estudos Comparados em Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Brasília (UnB).
Como parte do trabalho de campo da pesquisa, foram realizados oito grupos de discussão em duas escolas públicas do Distrito Federal, que ofertavam o ensino médio noturno na modalidade regular. Ao todo, 35 jovens do gênero feminino, matriculadas em turmas do 3º ano, participaram ativamente da pesquisa empírica ao longo do segundo semestre de 2019.
Por meio de uma análise comparativa, a pesquisa demonstrou que a crise constitutiva da experiência escolar no ensino médio, originada a partir de tensionamentos entre processos de socialização escolar e subjetivação juvenil (Dubet & Martuccelli, 1998), pode ser explicada de uma perspectiva praxiológica e, em se tratando da experiência no período noturno, pela existência de um tipo de desajuste habitual.
Imagem: Pixabay.
Isso significa que existem incongruências entre um habitus escolar estabelecido, vinculado a um padrão institucionalizado de desenvolvimento da carreira escolar, e o habitus individual das jovens, moldado na esfera das relações com pares.
De modo geral, o artigo propõe uma mudança de olhar para que se possam observar as particularidades da relação que se instaura no cotidiano entre juventude e escola, tomando como referência o espaço de experiência das mulheres. Ou seja, a posição científica assumida reivindica a incorporação da perspectiva de gênero ao estudo da juventude (Berga, 2016), procurando conceder visibilidade às experiências femininas de escolarização no ensino médio.
Futuramente, os resultados apresentados no artigo poderão contribuir para a elaboração de novas pesquisas, que, partindo de um enfoque relacional, coloquem em comparação a experiência escolar de moças e rapazes a fim de compreender se o desajuste habitual é uma realidade nas orientações de jovens do gênero masculino e, ainda, como estes se relacionam, durante sua trajetória no ensino médio, com o padrão institucionalizado de desenvolvimento da carreira escolar.
O artigo em questão foi escrito por Hamanda Pontes e Wivian Weller e pode ser lido no vol. 54 (2024), do periódico Cadernos de Pesquisa.
Referências
BERGA, A. Jóvenes en femenino. In: FEIXA, C. and OLIART, P. (Coords.). Juvenopedia: Mapeo de las juventudes iberoamericanas. NED Ediciones, 2016.
DUBET, F. and MARTUCCELLI, D. En la escuela: Sociologia de la experiência escolar. Losada, 1998.
PONTES, H.M.N. Visões de mundo e significados sobre o ensino médio: Um estudo comparado com jovens estudantes do diurno e noturno no Distrito Federal [online]. Repositório da Universidade de Brasília. 2020 [viewed 05 August 2024]. Available from: http://repositorio2.unb.br/jspui/handle/10482/40673
PONTES, H. and WELLER, W. Estudos sobre a experiência escolar no ensino médio noturno precisam considerar a perspectiva de gênero [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2024 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2024/08/05/experiencia-escolar-no-ensino-medio-noturno/
Estudo conduzido por pesquisadoras brasileiras revela as repercussões do desajuste habitual na trajetória acadêmica de jovens mulheres que, por diversos motivos, migraram para o ensino médio noturno. O trabalho, que envolveu pesquisa de campo e análise comparativa em sua metodologia, destaca a necessidade de considerar a perspectiva de gênero na compreensão da experiência escolar. Essa abordagem é fundamental para a promoção de uma educação mais inclusiva.
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