Jessica Cunha de Oliveira Nagem, doutoranda, Programa de Pós-graduação em Terapia Ocupacional, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), São Carlos, SP, Brasil.
Maria Fernanda Barboza Cid, Departamento de Terapia Ocupacional, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), São Carlos, São Paulo, Brasil.
14 crianças afegãs refugiadas no Brasil revelam suas perspectivas acerca do cotidiano através do artigo Comer, brincar e morar: reflexões acerca do cotidiano de crianças refugiadas (vol. 29, 2025), publicado pelo periódico Interface — Comunicação, Saúde, Educação. Ao trazer elementos sobre o cotidiano de crianças em situação de refúgio, a partir de suas próprias experiências, a pesquisa propõe reflexões que contribuem para melhor acolher crianças refugiadas em solo brasileiro e fornece pistas para novas questões a serem investigadas.
O artigo é fruto da pesquisa de mestrado de Jessica Cunha de Oliveira Nagem, realizado sob orientação de Maria Fernanda Barboza Cid, entre os anos de 2023 e 2024, no Programa de Pós-graduação em Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos (PPGTO – UFSCar).
A pesquisa buscou explorar as perspectivas de crianças refugiadas acerca do cotidiano, utilizando como principal ferramenta metodológica a imersão no campo de pesquisa. Através de metodologias criativas e técnicas da pesquisa participante, este estudo colabora para a redução da lacuna científica acerca do cotidiano de crianças refugiadas, as quais experimentam uma vulnerabilidade acentuada no que tange à saúde mental.
Ao investigar acerca do comer, a experiência compartilhada no artigo evidencia que o contato entre culturas colabora para a segurança alimentar e nutricional de crianças em situação de refúgio. Isso preserva a cultura do país natal e acolhe a outra cultura de forma sutil, afastando as crianças refugiadas da sensação de “ninguendade.”
Com relação ao brincar, vemos se tratar de uma atividade que resiste mesmo em contextos radicais, como o do deslocamento forçado, sendo uma importante via de conexão entre pesquisadores e participantes da pesquisa. Ele valoriza a interação entre os pares e a sensação de coletivo.
Já com relação ao morar, as crianças que participaram da pesquisa demonstraram que a casa pode ser vista como um espaço material capaz de abrigar, acolher e proteger aqueles que nele se encontram. Para essas crianças, é possível morar nas casas deixadas pelo deslocamento e naquelas construídas a partir do refúgio; eventualmente, mora-se no avião e o humano é o espaço preferido de habitação.
Além disso, as crianças refugiadas demonstram que as casas deixadas a partir do deslocamento forçado não foram esquecidas, mas permanecem em suas memórias como algo imaterial. Destacam a presença humana, sobretudo de seus familiares para a construção do morar, de modo a valorizar a união familiar em contextos migratórios. Entre outras coisas, as crianças refugiadas tensionam a noção de fronteiras ao apresentar elementos naturais como espaço de moradia.
O artigo chama a atenção de diferentes atores da sociedade para a crise imposta pelo deslocamento forçado e pela situação de refúgio no cotidiano, demonstrando que, através de elementos como comer, brincar e morar, é possível acessar o cotidiano de crianças refugiadas.
Além disso, as contribuições do texto envolvem o fato de trazer uma pesquisa realizada com crianças acompanhadas de suas famílias, a qual se preocupou em produzir os dados de modo democrático; ele sinaliza a importância de que novos estudos sejam feitos dentro desta temática e fornece pistas para isso.
Para ler o artigo, acesse
NAGEM, J.C.O. and CID, M.F.B. Comer, brincar, morar: reflexões acerca do cotidiano de crianças refugiadas. Interface – Comunicação, Saúde, Educação [online]. 2025, vol. 29, e240314, ISSN: 1807-5762 [viewed 11 June 2025]. https://doi.org/10.1590/interface.240314. Available from: https://www.scielo.br/j/icse/a/DJg88rpMhvZwZHJTSDS58yn/
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