Sílvia de Souza Leão, jornalista

A digitalização da coleção histórica do Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas (BGOELDI) representa um marco significativo na preservação e democratização do conhecimento científico produzido na Amazônia. Com 130 anos de existência, o periódico passou a integrar em seu repositório institucional todas as edições de 1894 a 2005, anteriormente acessíveis apenas em formato impresso, garantindo maior segurança, acessibilidade e visibilidade a um acervo de valor inestimável.
Conduzida por pesquisadoras do Museu Paraense Emílio Goeldi (Beltrão, et al., 2025), a iniciativa partiu de uma proposta-piloto focada em duas décadas de publicações, mas foi ampliada com o uso de tecnologias adequadas, como o scanner orbital com OCR (Optical Character Recognition). Isso permitiu a digitalização de cinco décadas e, posteriormente, toda a série histórica.

Imagem: BGOELDI
A ação seguiu diretrizes do Conselho Nacional de Arquivos (Conarq), do Ministério da Cultura, e da Rede Brasileira de Serviços de Preservação Digital – Cariniana, respeitando padrões técnicos e jurídicos de preservação digital. “A digitalização é uma estratégia eficaz para a transferência, acesso e uso da informação”, afirmam Oliveira e Santos (2015), reforçando o compromisso ético da ciência com a sociedade.
Para Benedita Almeida, pedagoga e estudante de Museologia, que desenvolveu o estudo com o apoio do Programa de Iniciação Científica (Pibic) do Museu Goeldi, “embora o plano inicial fosse digitalizar o equivalente a 20 anos de edições da revista, foi possível ampliar o espectro para 50 anos, período entre 1957 e 2005”.
Benedita Almeida desenvolveu a pesquisa sobre a preservação digital da coleção histórica do periódico
Quadro 1. A “Série Histórica”, a “Série Antropologia “e a “Série Ciências Humanas” digitalizadas
O projeto também se insere nas diretrizes da Ciência Aberta, especialmente pela adoção da chamada “via verde”, na qual os autores podem autoarquivar suas produções em repositórios institucionais. Segundo Costa e Leite (2017), “essa prática contribui não apenas para a memória institucional, mas também para ampliar a visibilidade dos pesquisadores e das instituições científicas”. A experiência reforça ainda o papel estratégico dos repositórios digitais como canais essenciais para a disseminação do conhecimento e a valorização da memória científica nacional.
“Disponibilizar o acervo em meio digital, além de preservar, dá acesso a itens da coleção do periódico que ainda se encontravam apenas em papel”, destaca a pesquisadora.
Assista ao depoimento completo de Benedita Almeida em vídeo:
Ao tornar disponível, em acesso aberto, a totalidade de sua produção até 2005, o BGOELDI reafirma seu papel como difusor de saberes amazônicos e fortalece sua permanência como periódico de excelência. Como destaca o artigo, “mais do que digitalizar, trata-se de preservar e democratizar o acesso à informação científica”, enfrentando, inclusive, os desafios climáticos e tecnológicos específicos da região. O caso do Boletim evidencia que iniciativas de preservação são não apenas possíveis, mas indispensáveis para garantir o legado científico das instituições brasileiras.
Referências
BELTRÃO, J.F., et al. Preservação e acesso aberto: a disponibilização digital e a ampliação da visibilidade do Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas. Ciência Da Informação Em Revista [online]. 2025, vol. 12, e17384 [viewed 12 September 2025]. https://doi.org/10.28998/cirev.2025v12e17384. Available from: https://www.seer.ufal.br/index.php/cir/article/view/17384
COSTA, M.P. and LEITE, F.C.L. Repositórios institucionais da América Latina e o acesso aberto à informação científica. Brasília: IBICT, 2017 [viewed 12 September 2025]. Available from: https://repositorio.unb.br/handle/10482/23202
OLIVEIRA, D.A. and SANTOS, T.H.N. A digitalização de documentos: reflexões práticas e contemporâneas [online]. Docta Complutense. 2015 [viewed 12 September 2025]. Available from: https://eprints.ucm.es/id/eprint/34556/
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