Laila Sandroni, Doutoranda em Desenvolvimento Agricultura e Sociedade pelo CPDA/UFRRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Maria José Carneiro, Professora doutora do Departamento de Agricultura e Sociedade CPDA/UFRRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
A conservação da biodiversidade é uma temática que recebe hoje atenção de uma variada gama de áreas do conhecimento. O caráter pluridisciplinar das análises está tão presente, que muitas vezes não nos damos conta do quão recente é o tratamento destas questões a partir do cruzamento de diferentes perspectivas. As ciências sociais começaram a discutir esta temática no Brasil, que até então era tratada quase exclusivamente por biólogos, mais intensamente a partir da década de 1990, buscando se relacionar com os diversos casos de injustiça provocados pela implementação de áreas preservadas. A partir de 2000, não por acaso data da promulgação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), a produção de cientistas sociais cresceu exponencialmente, aprofundando a perspectiva de uma agenda socioambiental para a conservação, baseada na reiteração da importância de UCs de Desenvolvimento Sustentável.
O artigo “Conservação da biodiversidade nas ciências sociais brasileiras: uma revisão sistemática de 1990 a 2010”, publicado na Ambiente & Sociedade, volume 19, número 3, apresenta os deslocamentos e principais argumentos trazidos pelo olhar de cientistas como antropólogos e sociólogos na discussão. Neste artigo as pesquisadoras Laila Sandroni e Maria José Carneiro do Núcleo de Pesquisa Ciência Natureza, Informação e Saberes (CINAIS – CPDA/UFRRJ) procuram mapear os temas transversais à produção presente nos periódicos brasileiros mais bem avaliados pelo sistema Qualis-CAPES. Entre as questões centrais trazidas nos artigos estão: políticas públicas e o papel do Estado; o papel do “conflito” como categoria norteadora das análises; discussões em torno da categoria “populações tradicionais”; o papel do conhecimento local na construção de estratégias para a conservação; a pouca relevância da categoria “agricultura familiar” no debate; e transgênicos.
Todas estas problemáticas se relacionam com um argumento praticamente unânime nos artigos: é preciso incluir as populações nos processos de conservação. Observou-se um deslocamento da perspectiva preservacionista, sustentada nas ciências naturais, para uma perspectiva mais voltada para o estudo das populações afetadas pelas políticas públicas de conservação, reconhecendo-se uma preocupação maior com os conflitos socioambientais. Além disso, o texto apresenta algumas lacunas na produção de conhecimento que poderão integrar uma agenda de pesquisa futura.
Para ler o artigo, acesse
SANDRONI, L. T. and CARNEIRO, M. J. T. “Biodiversity conservation” in brazilian social sciences: a systematic review from 1992 to 2010. Ambient. soc. [online]. 2016, vol.19, n.3, pp.21-46. [viewed 3 March 2017]. ISSN 1414-753X. DOI: 10.1590/1809-4422ASOC130181V1932016. Available from: http://ref.scielo.org/78zs33
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Ambiente & Sociedade – ASOC: www.scielo.br/asoc
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