Maria Giovanna Guedes Farias, Professora doutora do Departamento de Ciências da Informação e do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Informação, Centro de Humanidades, Universidade Federal do Ceará Fortaleza, CE, Brasil
Professora da Universidade Federal do Ceará (UFC) construiu modelo de integração social durante pesquisa de doutorado realizada na Itália, segundo artigo intitulado “A informação como potencializadora da autonomia e da integração social” publicado no periódico Transinformação, volume 28, número 3 de 2016. Os resultados demonstram que, para resolver problemas de marginalização social, é necessário possibilitar formas concretas, reais e legítimas de apropriação da informação, de autonomia e empoderamento cultural e social. Para isso, é preciso promover uma leitura permanente das condições do contexto, um acompanhamento constante de processos, uma presença assídua nos pontos de fragilidade, empreendendo ações de informação para e com os sujeitos pesquisados.
O percurso metodológico é composto pela abordagem qualitativa, tendo como método a pesquisa participante. Os dados foram coletados por meio de entrevistas com 23 pessoas, italianos e estrangeiros residentes na comunidade pesquisada, denominada de Rione Sanità, localizada em Nápoles. Foram entrevistados a líder do trabalho social, voluntários e pessoas atendidas por ações sociais. Os dados foram tratados pela técnica de análise de conteúdo com estabelecimento de categorias.
A experiência vivenciada na comunidade e os dados analisados forneceram elementos para a criação de um possível modelo de integração social, que teve como objetivo mostrar como ocorre o processo de integração social na Sanità. O modelo é composto pelas seguintes variáveis: contexto social/protagonismo social; cultura/aculturação; doposcuola/competências; outro; mediação; informação; conhecimento; comunicação e inteligência, além da forma de convergência com essas variáveis.
A marginalização social é ainda mais agravante para os moradores estrangeiros que sofrem também com a xenofobia. Por isso, o trabalho de integração social visa incentivar, nos moradores, um protagonismo baseado no desenvolvimento das habilidades cognitivas, no empoderamento de informações necessárias, no encorajamento de autovalorização, de autoestima e de autonomia, tendo a educação como base.
Ressalta-se que as entrevistas feitas com professores voluntários dos cursos de língua na Sanità mostram que eles procuram compreender e valorizar a cultura do estrangeiro, não tentando impor a italiana. Há uma tentativa de mediar as relações entre italianos e estrangeiros, mostrando que, para sair do estado de marginalização, todos devem participar ativamente do espaço público, do processo de emancipação social e das cobranças perante o poder público para a construção de uma vida digna.
Essa pesquisa desenvolveu-se no contexto de um estágio doutoral em Ciência da Informação. Essa experiência foi válida tanto do ponto de vista teórico (contato com autores italianos) quanto metodológico (produção do modelo), subsidiando e aprimorando as ações que foram implantadas posteriormente em uma comunidade na cidade de João Pessoa.
A pesquisa foi financiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoa de Nível Superior (CAPES/MEC).
Para ler os artigos, acesse
FARIAS, M. G. G. A informação como potencializadora da autonomia e da integração social. Transinformação [online]. 2016, vol.28, n.3, pp.323-336, ISSN 2318-0889 [viewed 21 March 2017]. DOI: 10.1590/2318-08892016000300007. Available from: http://ref.scielo.org/4nq57q
Link externo
Transinformação – TINF: www.scielo.br/tinf
Como citar este post [ISO 690/2010]:
Últimos comentários