Fernanda Cantarim, doutoranda no Programa de Gestão Urbana na Pontifícia Universidade Católica do Paraná e membro do corpo auxiliar da urbe, Curitiba, PR, Brasil
Os autores Amanda Carvalho e Renato Tibiriçá de Saboya, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), fizeram uso da teoria da Sintaxe Espacial para investigar a configuração de vias de Florianópolis que passaram pelo processo de verticalização residencial. No artigo “A localização residencial em uma cidade vertical: um estudo sintático em Florianópolis”, publicado pelo periódico urbe (v. 9, n. 3), os autores chegam à resultados que demonstram que a concentração de edifícios residenciais verticais acontece segundo uma lógica que integra a localização em relação aos fluxos urbanos. Normalmente a verticalização das edificações está relacionada com localizações centrais, em pontos de distribuição dos fluxos dentro de um sistema urbano. Segundo os autores, o processo histórico de ocupação urbana está intimamente conectado com o nível de integração, já que as áreas mais consolidadas são as com maior tendência de serem pontos modais de distribuição de fluxos, e consequentemente, costumam abrigar edifícios residenciais verticais.
A metodologia de análise utilizada pelos autores foi a Teoria da Sintaxe Espacial (TSE), criada por Bill Hillier e demais pesquisadores da University College London (HILLIER; HANSON, 1984). Essa teoria se caracteriza pela “ênfase na importância da relação de um espaço com todos os demais espaços do sistema” (CARVALHO; SABOYA, 2017, p. 418) — na análise da cidade ela busca uma leitura da dialética entre os aspectos físicos e sociais. A pesquisa dos autores mede duas características importantes: Integração e Escolha. A primeira diz respeito à proximidade que um edifício residencial vertical está dos outros espaços do sistema; já a segunda diz respeito a como o edifício residencial vertical está localizado em relação a passagem de fluxos entre os demais espaços do sistema. Os autores analisaram sete recortes na cidade de Florianópolis: Sede Continente; Sede Ilha; Centro; Canasvieiras; Ingleses do Rio Vermelho; Campeche, e; Cachoeira do Bom Jesus. Carvalho e Saboya (2017) utilizaram de verificação visual de mapa sintáticos de Integração e Escolha em escala global e local.
A hipótese apresentada no artigo é que existe um ponto de equilíbrio entre os interesses dos investidores e dos moradores quanto a localização dos edifícios residenciais verticais — o primeiro grupo busca maximizar os lucros ao máximo, e para tanto busca terrenos em regiões onde o valor da terra não seja tão elevado; já o segundo grupo prioriza a proximidade com as áreas centrais e com o sistema de escoamentos de fluxos e transporte.
Os edifícios residenciais verticais são característicos da urbanização brasileira (MENDES, 1992; SOUZA, 1994), seja devido ao crescimento populacional e espacial das cidades, seja devido aos interesses de agentes e incorporações imobiliárias com vistas de maximizar os lucros. Nesse sentido, a localização é uma questão central, já que a valoração do solo tem impacto tanto para os investidores quanto para os usuários dos edifícios residenciais verticais.
Os autores constataram que com o passar das décadas, em Florianópolis, as localizações dos edifícios residenciais verticais mudaram de lugares integrados e com maior escolha, para lugares mais interiorizados, em vias com menor escolha e mais distantes das vias principais. Isso aconteceu pois em um determinado momento a concentração de edifícios residenciais verticais atingiu um valor máximo nas localizações mais integradas, o que fez o processo reverter e ter uma queda.
Referências
HILLIER, B., HANSON, J. The social logic of space. Cambridge: Cambridge University Press, 1984.
MENDES, C. M. O edifício no jardim: um plano destruído – a verticalização de Maringá. 1992.
SOUZA, M. A. A. D. A identidade da metrópole: a verticalização em São Paulo. São Paulo: Hucitec, 1994.
Para ler o artigo, acesse
CARVALHO, A. and SABOYA, R. T. A localização residencial em uma cidade vertical: um estudo sintático em Florianópolis. urbe, Rev. Bras. Gest. Urbana[online]. 2017, vol.9, n.3, pp.414-429. [viewed 19 October 2017]. ISSN 2175-3369. DOI: 10.1590/2175-3369.009.003.ao03. Available from: http://ref.scielo.org/5gz7kh
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