Rosa Emilia Moraes, Jornalista científica para Linceu Editorial, São José dos Campos, SP, Brasil.
Estudo conduzido por pesquisadoras da Universidade de Minas Gerais (UFMG) demonstra que a socioanálise aplicada à docência traz benefícios significativos tanto para professores quanto para estudantes, incluindo uma melhor compreensão das perspectivas dos alunos e um impacto terapêutico na construção de suas narrativas educacionais. A metodologia aplicada na pesquisa envolveu a participação ativa de alunos de graduação, que elaboraram diários, registrando suas jornadas educacionais.
Os resultados, que estão reunidos no artigo Exercício da Socioanálise na Docência: uma articulação entre a sociologia e a pesquisa-formação, publicado pelo periódico Educação e Sociedade (vol. 45, 2024), apontaram que a ferramenta implica em melhorias significativas das práticas pedagógicas. De acordo com o artigo, o processo não apenas aprofunda o entendimento dos professores sobre os desafios e facilidades enfrentados pelos estudantes, mas também oferece aos discentes uma maneira de refletir sobre a evolução de suas próprias trajetórias educacionais.
O trabalho foi realizado com alunos da disciplina de Sociologia da Educação de 14 cursos de licenciatura ministrados na instituição onde lecionam as autoras. Os alunos foram orientados a escrever narrativas autobiográficas sobre suas trajetórias educacionais, com uma abordagem socioanalítica, sob a orientação de seus professores e influenciados pelos conhecimentos absorvidos dos textos analisados e debates em sala de aula. No artigo, as autoras descrevem a metodologia aplicada no trabalho e analisam trechos de textos produzidos no primeiro semestre de 2021.
O artigo é um segmento de uma ampla pesquisa intitulada “O Diário de Afiliação Como Dispositivo Pedagógico na Formação Inicial: Refletir Sobre a Socioanálise na Docência” e visa fomentar uma pedagogia da afiliação ao estimular a aplicação de práticas socioanalíticas no ensino.
Os chamados “Diários de Afiliação” levam este nome por serem um registro do processo observado por Alain Coulon (2008), que identifica três fases da socialização acadêmica: estranhamento, aprendizagem e afiliação. Os dois primeiros tratam da ruptura social vivenciada pelos ingressantes de uma universidade, que experimentam um deslocamento cultural e muitas vezes físico do contexto em que passaram os anos escolares. A afiliação representa o estágio final, que posiciona o estudante universitário como membro pleno da comunidade acadêmica no momento em que ele passa a adotar as práticas, métodos e atitudes da instituição à qual está ligado.
A sociologia, enquanto o estudo dos agrupamentos humanos e estruturas sociais estabelecidas pela interação dos indivíduos, constitui-se em uma ferramenta de grande valia para a Educação, já que compreender a sociedade que se busca educar é um princípio consolidado nas teorias de muitos pensadores, como Émile Durkheim.
Referências
COULON, A. A condição de estudante: a entrada na vida universitária. Salvador: Editora da UFBA, 2008.
Para ler o artigo, acesse
COUTINHO, P.O and CUNHA, M.A.A. O exercício da socioanálise na docência: uma articulação entre a sociologia e a pesquisa-formação. Educ. Soc. [online]. 2024, vol. 45, e271964 [viewed 09 May 2024]. https://doi.org/10.1590/ES.271964. Available from: https://www.scielo.br/j/es/a/by77MbR86nc5V8SdpkMB7Hn/
Links Externos
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Edição completa da Educação & Sociedade (vol. 45, 2024): https://www.scielo.br/j/es/i/2024.v45/
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