A comunicação entre a política e o imaginário

Felipe Jailson Souza Oliveira Florêncio, Assistente do periódico Intercom: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, Belém, PA, Brasil

Intercom: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação (v. 42, n. 1) apresenta artigos científicos que se propõem a observar fenômenos em diferentes temporalidades, dos mais recentes, como as dinâmicas do Instagram e as inovações do rádio, aos mais afastados da data presente, como as biografias de figuras históricas e a representação dos indígenas em telenovelas. Todos, entretanto, intimamente relacionados com a nossa contemporaneidade.

No total, 10 artigos foram publicados, com autoria, ao todo, de 16 pesquisadores oriundos das cinco regiões brasileiras, diversidade essa que é muito positiva para periódicos científicos, em tempos de diversificação do conhecimento. Além destes, o fascículo traz, ainda, uma resenha crítica de livro, de autoria de duas pesquisadoras.

Sob o eixo de “Comunicação e Política”, são apresentados quatro artigos, que fornecem um panorama a respeito da recente situação política do Brasil, indo desde os movimentos sociais e políticos de 2013 até os atuais valores políticos dos jornalistas no Congresso Nacional. O primeiro artigo é “Corpo político, implicação, representação: um estudo do blog de Reinaldo Azevedo sobre o caso black bloc”, do autor Eduardo Yuji Yamamoto (Unicentro), sobre a representação midiática dos participantes desta significativa manifestação popular. “Diante da complexidade do cenário político nacional, alguns pensadores brasileiros têm buscado apreender tal fenômeno através da proposição de novos conceitos e modelos teóricos. Apesar dessas tentativas se diferenciarem em suas abordagens e enfoques, algumas delas oferecem premissas singulares a partir das quais faz-se possível uma incursão comunicacional” (YAMAMOTO, 2019, p. 22). A partir disso, o autor se apropria os ensaios do pensador do filósofo Safatle, aliando-o a análise de conteúdo para estudar o fenômeno pretendido.

Logo em seguida, temos “Medindo a propaganda negativa na TV, rádio, debates, imprensa e Facebook: o caso das eleições presidenciais de 2014”, no qual Felipe Borba (UFFRJ) analisa as estratégias discursivos dos três presidenciáveis daquele ano nas diferentes plataformas para suas campanhas políticas. Depois, temos o artigo “Mídia e política externa brasileira: a diplomacia midiática na crise do impeachment de Dilma (2016)”, dos autores Thais Emmanuelle da Silva Cirino, Alexandre César Cunha Leite e Silvia Garcia Nogueira (UEPB), que foca na política externa do governo da ex-presidente, analisando suas estratégias de diplomacia midiática. Por fim, o autor Antonio Teixeira de Barros (Câmara dos Deputados), no artigo “Valores políticos dos jornalistas do Congresso Nacional”, apresenta uma pesquisa feita em 2017 com os profissionais de jornalismo desses órgãos, traçando um perfil sobre os valores que atravessam suas atuações.

Em um segundo eixo, de “Jornalismo e suas Apropriações”, dois trabalhos podem ser encontrados. A temática política ainda atravessa o trabalho “Quando o Jornalismo e as fontes disputam o controle da visibilidade pública: a cobertura do jornal O Povo sobre a fanpage de Cid Gomes”, de Francisco Paulo Jamil Marques (UFPR) e Hébely Rebouças (UFCE), que analisa a repercussão das postagens na página do ex-governador do Ceará nas páginas de um importante veículo midiático da região. Já em “´Minhas próprias notícias´: jornalismo e o público jovem brasileiro e português em contexto digital”, a autora Juliana Doretto (USP) centraliza a discussão na maneira como crianças e adolescentes e dois diferentes países, consomem e entendem a linguagem jornalística. “Por meio de um estudo de recepção, buscamos entender como se dá esse consumo de informação jornalística identificado na pesquisa descrita acima, ou seja, o que as crianças e adolescentes dos dois países consideram como “notícias” e porque buscam conhecê-las” (DORETTO, 2019, p. 115), assim, podemos considerar que trata-se de um estudo amplo, que fornece questões para muito além das questões relativas somente a faixa etária na qual se centra.

No eixo de “Cultura, Imaginário e Representações”, encontram-se os seguintes textos: em “O que é o sagrado no Instagram? Sacralização, dessacralização e ressacralização na cultura midiática”, a autora Ana Taís Martins Portanova Barros (UFRGS) traz o entendimento sobre o sagrado como expressão do imaginário, investigando-o a partir de fotografias na rede social Instagram; já em “Propostas de emancipação cidadã nas autobiografias de Gandhi, Luther King Jr. e Mandela”, Ingrid Gomes Bassi (UNIFESSPA) apresenta estudo sobre a presença dos conceitos de cidadania e comunicação nos ensinamentos biográficos de três figuras históricas; por fim, em “A presença indígena na telenovela brasileira: poder, interdição e visibilidade”, Ivânia Neves e Vívian Carvalho (UFPA) trazem pesquisa sobre o aparecimento de indígenas como personagens de telenovelas e os discursos postos em circulação por tais aparecimentos.

Na sessão “Arena”, temos o artigo “Locução automatizada e o rádio musical: primeiras aproximações”, escrito por Debora Cristina Lopez, Marcos Resende e Daniel Borges (UFOP), com uma cartografia inicial de experiências inovadoras na locução em rádio. E na sessão de resenhas de livros, Ingrid Santella Evaristo e Adriana Aparecida de Lima Terçariol (Uninove) discutem a obra “A sala de aula inovadora: estratégias pedagógicas para fomentar o aprendizado ativo”, a qual é de interesse para todos os campos do conhecimento.

A Intercom – Revista Brasileira de Ciências da Comunicação recebe a submissão de artigos de maneira contínua. O conteúdo da revista é preenchido, em sua maior parte, por artigos científicos, respeitando a interdisciplinaridade e a abrangência temática da área da Comunicação. Também são aceitas resenhas de livros e entrevistas com pesquisadores internacionais.

Para ler os artigos, acesse

Intercom, Rev. Bras. Ciênc. Comun. vol.42 no.1 São Paulo jan./abr. 2019

Link externo

Intercom: Revista Brasileira de Ciências da Comunicação – INTERC: www.scielo.br/interc

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

FLORÊNCIO, F. J. S. O. A comunicação entre a política e o imaginário [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2019 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2019/06/03/a-comunicacao-entre-a-politica-e-o-imaginario/

 

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