Por Carlos Henrique Marcondes, professor, Niterói, RJ, Brasil.
Informação é o objeto da Ciência da Informação. No entanto, informação é um termo de extensão muito ampla, empregado em diferentes ciências, como na pioneira Teoria (matemática) da Informação, de Shannon e Weaver, na Biologia, com a informação genética contida nas moléculas do DNA ou a informação para a tomada de decisões estratégias na Administração.
Isto faz com que, na prática, o termo seja empregado com múltiplos significados. O termo também é usado na atualidade de forma coloquial, largamente empregado e frequentemente apropriado pela mídia e pelas empresas de consultoria, muitas vezes de forma metafórica; essa é uma das formas mais prejudiciais e deseducadoras de emprego de um termo para uma área científica. O termo é replicado e reutilizado, e, o que é mais grave, muitas vezes pela própria Ciência da Informação.
Para buscar superar esta questão, pesquisador da área de Ciência da Informação da Universidade Federal Fluminense (UFF) realiza uma análise de 11 definições do termo informação, dos autores mais citados, entre as mais plurais e representativas visões, algumas vezes chamadas de “paradigmas” da Ciência da Informação, com o objetivo de chegar à essência de cada definição e poder então verificar a que entidades as definições se referem para assim compará-las.
Os resultados indicam que as definições podem ser classificadas entre um polo em que a informação é uma “coisa” objetiva, e outro polo em que a informação é algo subjetivo, ligada ao conhecimento de um indivíduo ou ao processo de alteração do seu acervo de conhecimento. O primeiro caso abrangeria desde dados objetivos da percepção recebidos pelos indivíduos, tanto de maneira informal no seu agir em estado de consciência quanto de maneiras mais formais e intencionais como o ensino formal, a análise de dados sistematizados ou a leitura de um documento. O segundo caso, por ser um processo subjetivo, não observável diretamente, acaba não diferindo dos modelos que a psicologia cognitiva/ciência cognitiva descreve como processos de aquisição de conhecimento.
Não haveria nenhum fenômeno novo ou original em ambos os polos, a não ser talvez considerar a intencionalidade da informação enquanto um processo consciente por parte de um agente na busca e aquisição de conhecimento. O autor da pesquisa lembra ainda, junto com vários autores da área que, no seu nascedouro na década de 60 do século XX, a opção pela denominação Ciência da Informação foi uma decisão consciente, com o objetivo de buscar maior status científico para a ciência que nascia.
À Ciência da Informação caberia então lidar sistematicamente com os crescentes estoques de informação enquanto “coisa” objetiva, especialmente registros e documentos, criados intencionalmente para guardar conhecimento. Historicamente, sem este tratamento sistemático (nos sistemas de informação), o conhecimento contido nestes registros ou documentos, não poderia ser (re)utilizado.
Para maior aprofundamento do assunto convida-se os leitores a acessar o artigo publicado na TrasnInformação, volume 27, número 2. Ressalta-se que a pesquisa conta com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Para ler o artigo, acesse
MARCONDES, C.H. Análise ontológica de definições de informação: em busca da sua essência. Transinformação [online]. 2015, vol. 27, n° 2, pp. 105-122. [viewed May 27th 2015]. ISSN 0103-3786. DOI: 10.1590/0103-37862015000200001. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-37862015000200105&lng=pt&nrm=iso.
Link externo
Transinformação – http://www.scielo.br/tinf/
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