Helbert Medeiros Prado, Pós-doutorando pela Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, Brasil
Rui Sérgio Sereni Murrieta, Professor pela Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, Brasil
Em artigo publicado no periódico Ambiente & Sociedade, HM Prado e RSS Murrieta, da Universidade de São Paulo, fazem uma reflexão sobre o desenvolvimento histórico das etnociências, sobretudo da etnobiologia e da etnoecologia, pontuando suas bases conceituais, interfaces com outras disciplinas e correntes atuais no Brasil e no mundo.
Os autores mostram que, em grande parte de seu desenvolvimento histórico, predominou nas etnociências uma lógica utilitarista — focada em modos de explorar plantas e animais para fins comerciais. Em meados do século XX, entretanto, a disciplina vivenciaria seu grande divisor de águas. Surgem naquele período trabalhos que se tornariam clássicos por empregar, de forma inovadora à época, uma abordagem êmica no estudo sobre os sistemas locais de conhecimento da natureza. A partir daquele momento, as etnociências passariam também a contemplar em seu escopo analítico as estruturas epistemológico-simbólicas subjacentes às formas locais de conhecimento, categorização e classificação da natureza.
Estavam então lançadas as bases para a proliferação de temáticas que caracterizam esse campo de pesquisa nos dias de hoje. Formas de aquisição, modos de transmissão e de transformação do conhecimento ecológico local (CEL) são apenas alguns dos temas que o artigo apresenta. Quanto às interfaces com a ciência, o texto traz exemplos significativos de convergência e complementaridade entre o CEL e o conhecimento acadêmico. Porém, os autores criticam a presença ainda dominante de uma lógica de validação do CEL pelas ciências naturais. Para eles, é preciso que também se desenvolvam análises que revelem de forma mais contundente as singularidades e valores intrínsecos presentes no CEL.
Os autores destacam que essas qualidades, por sua vez, têm um grande potencial de evidenciar particularidades presentes nas sociedades estudadas, seja no âmbito da práxis humana na paisagem ou das ontologias presentes. É nesse tipo de exercício analítico, argumentam os autores, que a etnobiologia e a etnoecologia desempenham, de fato, o papel de operar importantes articulações entre as ciências humanas e naturais, notadamente entre a biologia e a antropologia.
Para ler o artigo, acesse
PRADO, H. M. and MURRIETA, R. S. S. Ethnoecology in perspective: the origins, interfaces and current trends of a growing field. Ambient. soc. [online]. 2015, vol.18, n.4, pp.139-160. [viewed 04th May 2016]. ISSN 1809-4422. DOI: 10.1590/1809-4422ASOC986V1842015. Available from: http://ref.scielo.org/44b5hg
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Ambiente e Sociedade – ASOC: www.scielo.br/asoc
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