Rodolfo A. M. Ambiel, editor-chefe, Campinas, SP, Brasil
Destacamos sete estudos que marcam a diversidade e amplitude de publicações de Psico-USF. Prezamos pela diversidade, característica do campo de pesquisa, estudo e atuação em Psicologia e junto disso, prezamos pela qualidade, apresentando artigos que passaram por revisões de pares, são relevantes em suas áreas principais e agregam conhecimento para todos os interessados.
Os autores da Universidade Federal do Espírito Santo, Julia Carolina Rafalski e Alexandro Luiz de Andrade apresentam no estudo intitulado “Desenvolvimento da Escala de Percepção de Futuro da Aposentadoria (EPFA) e correlatos psicossociais” desde o procedimento de construção até os estudos psicométricos de uma escala que tem como objetivo avaliar a percepção futura da aposentadoria. Há cinco aspectos principais avaliados pela escala, a saber: a percepção sobre a saúde, o processo de desligamento do trabalho, finanças, relacionamentos interpessoais e principais perdas na aposentadoria. Os resultados indicaram que a escala é adequada para uso. O estudo contribui apresentando uma escala destinada a aposentados, assunto pouco explorado no Brasil, segundo Zanelli, 2012.
A pesquisa das autoras Mariana de Miranda Seize e Juliane Callegaro Borsa sobre instrumentos disponíveis para rastreio de sinais de precoces do autismo, verificou que dentre 11 instrumentos disponíveis para rastreio de crianças com até 36 meses de idade, apenas um encontra-se disponível para uso no Brasil. A pesquisa envolveu busca em quatro bases de dados eletrônicas nacionais e internacionais. Os pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro concluem ser necessário o desenvolvimento de mais instrumentos para esse contexto no Brasil, tendo em vista que a literatura indica ser possível reconhecer sinais precoces de autismo antes mesmo dos 36 meses (MITCHELL; CARD; ZWAIGENBAUM, 2011). Esse estudo foi intitulado “Instrumentos para rastreamento de sinais precoces do autismo: revisão sistemática”.
As autoras do artigo “Visitas domiciliares de agentes comunitários de saúde: concepções de profissionais e usurários”, Viviane Milan Pupin Andrade e Cármen Lúcia Cardoso, ambas da Universidade de São Paulo analisaram qualitativamente entrevistas sobre as percepções de profissionais e usuários da Estratégia Saúde da Família. As autoras evidenciaram que ainda há uma desconexão entre a proposta do programa de assistência social às famílias e o trabalho dos agentes comunitários, como verificado por outros autores (GOMES et al., 2009). Apesar disso, houve avanços no modo de cuidado e estabelecimento de vínculo apresentado por tais agentes. A formação continuada foi um dos principais pontos a ser investido para contínuo aprimoramento do serviço de visita domiciliar.
Outros estudos também são destaque nessa edição da Psico-USF. Por exemplo, os pesquisadores Paola Vargas Barbosa, Angélica Paula Neumann, Cássia Ferrazza Alves, Marco Antônio Pereira Teixeira e Adriana Wagner verificaram discrepâncias na percepção de pais e seus filhos adolescentes quanto ao nível de autonomia dos adolescentes, responsividade e exigência dos pais e atribuição de legitimidade da autoridade parental. Dentre os instrumentos utilizados, está a Escala de Autonomia, adaptada para o Brasil por Barbosa, 2014. Os autores do artigo “Autonomia, responsividade/exigência e legitimidade da autoridade parental: perspectiva de pais e adolescentes” chamam atenção para necessidade de equilíbrio entre afetividade e exigência na díade parento-filial. Já o artigo “Marital physical violence suffered and committed by men: repeating family patterns?” dos autores Aline Riboli Marasca, Josiane Razera, Henrique Juliano Rosa Pereira e Denise Falcke apresenta relação entre violência física cometida e sofrida por homens e experiências de violência na família de origem. Os autores discutem o padrão de repetição da violência em relacionamentos adultos, baseando-se em estudos como os de Marasca, Colossi e Falcke (2012) e Vieira, Perdona e Santos (2011).
Os autores Maria Luiza Pontes de França Freitas, Almir Del Prette e Zilda A. P. Del Prette verificaram que o repertório em habilidades sociais pode predizer a percepção de bem-estar subjetivo em crianças dotadas e talentosas de oito a 12 anos. Os autores apresentam esse estudo no artigo intitulado “Habilidades sociais e bem-estar subjetivo de crianças dotadas e talentosas” e utilizaram, dentre outros instrumentos o Sistema de Avaliação de Habilidades Sociais, adaptado para o Brasil por Bandeira et al. (2009). Ainda no contexto infantil, os autores Patrícia Silva Lúcio, Adriana Batista de Souza Kida, Carolina Alves Ferreira de Carvalho, Hugo Cogo-Moreira e Clara Regina Brandão de Avila, estudaram as propriedades psicométricas de um instrumento de nomeação rápida de figuras para alunos do 2o aos 5o ano do Ensino Fundamental. Os autores do artigo “Prova de nomeação rápida de figuras para crianças: evidências de validade e normas intragrupo” verificaram que o instrumento, desenvolvido por Wagner et al. (2013), é adequado para uso com a população explicitada.
Desde o início desse ano, a página de Psico-USF apresenta suas reformulações, passando a publicar novos formatos de pesquisas como revisões sistemáticas. O periódico atualmente conta com 11 indexadores tanto da América do Sul, América do Norte e Europa. Nessa primeira edição de 2017, apresenta 14 artigos, sendo 3 em inglês e 11 em português. Esses abordam temáticas em diferentes populações. Boa leitura!
Referências
BANDEIRA, M., DEL PRETTE, Z. A. P., DEL PRETTE, A. and MAGALHAES, T. Validação das escalas de habilidades sociais, comportamentos problemáticos e competência acadêmica (SSRS-BR) para o ensino fundamental. Psic.: Teor. e Pesq. [online]. 2009, vol.25, n.2, pp.271-282. [viewed 5 September 2017]. ISSN 0102-3772. DOI: 10.1590/S0102-37722009000200016. Available from: http://ref.scielo.org/ky6krk.
BARBOSA, P. V. O desenvolvimento da autonomia adolescente: contexto, valores, estilos educativos e a legitimidade da autoridade parental. (Tese de doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 2014.
GOMES, K. O. et al. A práxis do agente comunitário de saúde no contexto do programa saúde da família: reflexões estratégicas. Saude soc. [online]. 2009, vol.18, n.4, pp.744-755. [viewed 5 September 2017]. ISSN 0102-3772. DOI: 10.1590/S0104-12902009000400017. Available from: http://ref.scielo.org/93q2q5.
MARASCA, A. R., COLOSSI, P. M. and FALCKE, D. Violência conjugal e família de origem: uma revisão sistemática da literatura de 2006 a 2011.Temas psicol. [online]. 2013, vol.21, n.1, pp. 221-243. [viewed 5 September 2017]. ISSN 0102-3772. DOI: 10.9788/TP2013.1-16. Available from: https://goo.gl/3WwPkU
MITCHELL, S., CARDY, J. O. and ZWAIGENBAUM, L. Differentiating autism spectrum disorder from other developmental delays in the first two years of life. Developmental Disabilities Research Reviews, v. 17, n. 2, p. 130-140, 2011. doi: 10.1002/ddrr.1107.
VIEIRA, E. M., PERDONA, G. S. C and SANTOS, M. A. Fatores associados à violência física por parceiro íntimo em usuárias de serviços de saúde. Rev. Saúde Pública [online]. 2011, vol.45, n.4, pp.730-737. [viewed 5 September 2017]. ISSN 1518-8787. DOI: 10.1590/S0034-89102011005000034. Available from: http://ref.scielo.org/j3ffpn.
Wagner, R. et al. Comprehensive Test of Phonological Processing, Second Edition (CTOPP-2). Austin, TX: PRO-ED, 2013.
ZANELLI, J. C. Processos psicossociais, bem-estar e estresse na aposentadoria. Revista Psicologia: Organizações e Trabalho, v. 12, n. 3, p. 329-340, 2012. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1984-66572012000300007&lng=pt &tlng=pt>. Acesso em: 21 jul. 2017.
Para ler os artigos, acesse
Psico-USF vol.22 no.1 Itatiba Jan./Apr. 2017
Link externo
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