Paola Fabres, Mestre em Artes Visuais na área de História, Teoria e Crítica de Arte pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Vive em São Paulo, SP, Brasil
Professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Guilherme Wisnik fez no segundo dia do Seminário Internacional Hélio Oiticica, dia 26 de outubro de 2017, a apresentação “Dentro do Labirinto: Hélio Oiticica e o Desafio do Público”. Em sua participação, Wisnik avaliou o trânsito da produção do artista do plano para o espaço e como esse processo se relaciona com a noção de “público”.
Wisnik partiu de uma análise da configuração das cidades no Brasil, observando as particularidades da herança do pensamento urbanístico português, marcado pelo improviso, pela informalidade e pela não ortogonalidade do espaço urbano. Segundo o pesquisador, a relação de Oiticica com a cidade e sua informalidade, bem como o contato que estabelece com a favela, permite uma reavaliação da influência construtivista que marca a origem de seu pensamento, associado à razão, à ordem e ao raciocínio condicionado. Nesse sentido, a ideia de “público”, que provém desse espaço social, vai se fazer presente em parte de suas experimentações formais, partindo da arquitetura, mas avançando rumo a uma espacialidade topológica, aberta e subjetiva.
Wisnik debruça-se sobre as relações entre arte e arquitetura desde sua pesquisa para o doutorado, intitulado Dentro do nevoeiro: diálogos cruzados entre arte e arquitetura contemporâneas (WISNIK, 2012). Dedicou um dos capítulos da tese, Dilemas da escala pública no Brasil, a uma tentativa de compreensão e avaliação do legado transgressivo das vanguardas da década de 1960 nos dias de hoje, a partir da “aposta feita por Oiticica de que o museu transbordaria para o mundo, fecundando-o” (WISNIK, 2012, p. 11). A atuação no ambiente “público”, conforme afirmou o professor, pode ser também observada em proposições de artistas brasileiros, como nos trabalhos de Cildo Meirelles e Nuno Ramos.
De acordo com Wisnik, essa espacialização da arte foi acompanhada por uma abertura no seu campo de significação, dando margem a experiências abertas e a relações subjetivas na participação entre público e obra. O crítico estabeleceu cruzamentos entre neoconcretos, minimalistas e artistas voltados à vertente da Land Art, uma vez que esses movimentos problematizaram o espaço junto ao trabalho de arte, mas ressaltou divergências presentes na ativação do que é público e privado.
Ao refletir sobre os labirintos de Hélio Oiticica, o professor e pesquisador sugere a existência de um fator de interiorização presente na experiência do trajeto, ao mesmo tempo em que essa experiência possibilita um contato com a exterioridade social.
Referências
WISNIK, G.T. Dentro do nevoeiro: diálogos cruzados entre arte e arquitetura contemporâneas. 262 f. 2012. Tese (Doutorado em História e Fundamentos da Arquitetura e do Urbanismo) – Universidade de São Paulo, 2012. Disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/16/16133/tde-03072012-142241/pt-br.php
Para ler os artigos, acesse
WISNIK, G. T. Dentro do labirinto: Hélio Oiticica e o desafio do “público” no Brasil. ARS (São Paulo) [online]. 2017, vol.15, n.30, pp.95-110. [viewed 23 November 2017]. ISSN 1678-5320. DOI: 10.11606/issn.2178-0447.ars.2017.132781. Available from: http://ref.scielo.org/9d2dgr.
Link externo
ARS (São Paulo) – ARS: www.scielo.br/ars
Sobre Paola Fabres
Paola Fabres é mestre em Artes Visuais na área de História, Teoria e Crítica de Arte pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, editora da revista Arte ConTexto e, atualmente trabalha como pesquisadora e curadora independente. Vive em São Paulo, SP. Email: paola.fabres@gmail.com
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