Anemia Falciforme em crianças e as estratégias de enfrentamento da dor

Daniele de Souza Garioli, Colegiado de Psicologia, Centro Universitário São Camilo, Cachoeiro de Itapemirim, ES, Brasil

Kely Maria Pereira de Paula, Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social e do Desenvolvimento, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES, Brasil

Sônia Regina Fiorim Enumo, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas, SP, Brasil

Pesquisadoras de Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo e da Pontifícia Universidade Católica de Campinas publicaram o artigo “Avaliação do coping da dor em crianças com Anemia Falciforme” no periódico Estudos de Psicologia (Campinas, v. 36), descrevendo como crianças com Anemia Falciforme enfrentam a dor. Participaram 12 crianças (8-10 anos) e suas mães, em atendimento ambulatorial de um hospital universitário de Vitória, ES. As crianças responderam o Instrumento Informatizado de Avaliação do Enfrentamento da Hospitalização adaptado para Dor (AEHcomp-Dor) (OLIVEIRA; PAULA; ENUMO, 2017), contendo vinte cenas coloridas desenhadas sobre situações que permitem identificar o que as crianças fazem, pensam e sentem sobre sua experiência dolorosa. Estas são respostas de coping/enfrentamento, incluindo comportamentos mais adaptativos, como brincar, e outros menos adaptativos, como chorar. Também justificaram a escolha das cenas, o que permitiu identificar as Estratégias de Enfrentamento (EE) da dor. Estas foram analisadas pela Motivational Theory of Coping (SKINNER; ZIMMER-GEMBECK, 2007, 2016), uma abordagem desenvolvimentista do coping. As crianças escolheram com maior frequência as cenas de “tomar remédio” (solução de problemas), “rezar” (busca de conforto) e “assistir TV” (distração), indicativos de um coping mais adaptativo. “Pensar em fugir” e “esconder-se” (fuga) “sentir raiva” (oposição) e “fazer chantagem” (negociação) foram as cenas menos escolhidas. As EE mais frequentes foram a ruminação, a solução de problemas e a reestruturação cognitiva. Esses resultados indicam que as crianças dessa amostra percebem a dor como um estressor que limita sua autonomia, não conseguindo lidar de forma adaptativa, pois têm um foco passivo e repetitivo nos aspectos negativos da situação estressante, com ênfase nos danos e perdas. Resultados semelhantes foram encontrados por Oliveira, Enumo e Paula (2017). Contudo, as outras EE mais frequentes – solução de problemas e reestruturação cognitiva – são consideradas mais adaptativas, indicando que as crianças também procuram redirecionar o pensamento para aspectos mais positivos da situação estressante. Assim, a relação entre a doença crônica e o coping deve ser entendida como um processo dinâmico, que exige a identificação de fatores capazes de influenciar a ocorrência de certas estratégias de enfrentamento, podendo subsidiar propostas de intervenção nessa população, a exemplo do estudo de Oliveira et al. (2017).

A pesquisa foi realizada com apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (bolsa de mestrado para primeira autora) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq (auxílio à pesquisa Processo nº 481483/2009-8, sob coordenação da última autora).

Referências

OLIVEIRA, C. G. T., ENUMO, S. R. F. and PAULA, K. M. P. de. Uma proposta de intervenção psicológica no coping da dor em crianças com Anemia Falciforme. Estud. psicol. (Campinas), v. 34, n. 3, p. 355-366, 2017. ISSN: 1982-0275 [viewed 22 April 2019]. DOI: 10.1590/1982-02752017000300004. Available from: http://ref.scielo.org/t64gtw

SKINNER, E. A. and ZIMMER-GEMBECK, M. J. The development of coping. Annual Review of Psychology, v. 58, 119-144, 2007. ISSN: 0066-4308 [viewed 6 February 2019]. DOI: 10.1146/annurev.psych.58.110405.085705. Avaliable from: https://www.annualreviews.org/doi/10.1146/annurev.psych.58.110405.085705

SKINNER, E. A. and ZIMMER-GEMBECK, M. J. The development of coping: stress, neurophysiology, social relationships, and resilience during childhood and adolescence. New York: Springer, 2016.

Para ler o artigo, acesse

GARIOLI, D. S., PAULA, K. M. P. and ENUMO, S. R. F. Avaliação do coping da dor em crianças com Anemia Falciforme. Estud. psicol. (Campinas), v. 36, e160079, 2019. ISSN: 0103-166X [viewed 22 April 2019].  DOI: 10.1590/1982-0275201936e160079. Available from: http://ref.scielo.org/64c6nh

Link externo

Estudos de Psicologia (Campinas) – ESTPSI: www.scielo.br/estpsi

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

GARIOLI, D. S., PAULA, K. M. P. and ENUMO, S. R. F. Anemia Falciforme em crianças e as estratégias de enfrentamento da dor [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2019 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2019/04/22/anemia-falciforme-em-criancas-e-as-estrategias-de-enfrentamento-da-dor/

 

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