Louise Moraes, Pesquisadora em Informações e Avaliações Educacionais, Brasília, DF, Brasil.
A Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos (vol. 101, no. 257) traz artigos multitemáticos, buscando contribuir para a aquisição de conhecimentos na área educacional, sobretudo neste momento de reclusão em casa durante a pandemia em curso de COVID-19. Um dos focos da edição é a neuroeducação, que integra as áreas de neurociências, psicologia e educação (SHOLL-FRANCO; MARRA; 2012). O estudo “Bases neuroeducativas do papel das ilustrações: uma proposta de análise de livro didático” foi realizado pelos pesquisadores Kleyfton Soares da Silva, do Instituto Federal Goiano e Laerte Silva da Fonseca, do Instituto Federal de Sergipe.
Kleyfton e Laerte direcionam seu foco para o papel das ilustrações em livros didáticos sob a perspectiva neuroeducativa, que busca o entendimento do processo de ensino e aprendizagem com base em evidências científicas do campo da neurociência (SILVA, 2018). A partir dos avanços tecnológicos, hoje é possível investigar mecanismos cerebrais subjacentes à aprendizagem (HORVATH; LODGE; HATTIE, 2017) e sabe-se que, no caso das ilustrações, determinadas características podem facilitar ou dificultar o entendimento do conteúdo a ser ensinado. Utilizando como referencial teórico a Teoria da Aprendizagem Multimídia (TAM) e noções da neurociência cognitiva, foi construída uma ficha para a análise de ilustrações de livros didáticos com conteúdos matemáticos.
Observe a figura a seguir, citada pelos autores. Veremos adiante se ela é considerada satisfatória para o aprendizado.
Os autores citam evidências de que experiências multissensoriais são mais favoráveis à aprendizagem do que o estudo dos mesmos conteúdos por um único sentido, como a audição ou a visão isoladamente. Entretanto, a integração de estímulos distintos por si só não é suficiente, mesmo porque “processos cognitivos responsáveis pela aprendizagem, como a atenção e memória de trabalho, possuem capacidades de funcionamento limitadas” (p. 39). Neste contexto, foram consideradas figuras satisfatórias as imagens que cumpriam três aspectos: 1. Significado: terem relação com o cotidiano; 2. Contexto: terem enunciado contextualizado em forma de situações-problema hipotéticas; 3. Estímulo: oportunizarem a análise da relação existente entre a figura e o enunciado, não devendo, porém, conter todas as informações necessárias à resolução da questão, de forma a estimular o aluno a examinar o contexto de aplicação do conteúdo.
Considerando tais categorias, podemos agora voltar à figura acima e constatar que a mesma preenche os requisitos necessários para facilitar o estudo e o aprendizado do conteúdo. Em uma série de análises seguindo esta metodologia, os autores adentram a superfície dessa área relativamente nova — a neuroeducação — e revelam que é possível integrar os livros didáticos a uma abordagem de ensino que leva em consideração a forma como nosso cérebro funciona, favorecendo a compreensão dos conteúdos curriculares.
Referências
HORVATH, J. C.; LODGE, J. M.; HATTIE, J. (Ed.). From the laboratory to the classroom: translating science of learning for teachers. New York: Routledge, 2017.
PIETROBELLI, T. Atividades envolvendo as razões trigonométricas [online]. Trigonometria em foco, 2009 [viewed 10 December 2019]. Avaliable from: http://trigonometriaemfoco.blogspot.com/2009/04/atividades-envolvendo-as-razoes.html
SHOLL-FRANCO, A.; ASSIS, T.; MARRA, C. Neuroeducação: caminhos e desafios. In: ARANHA, G.; SHOLL-FRANCO, A. (Org.). Em caminhos da neuroeducação (pp. 9-22). 2. ed. Rio de Janeiro: Ciências e Cognição, 2012.
SILVA, K. S. A neurociência cognitiva como base da aprendizagem de geometria molecular: um estudo sobre atributos do funcionamento cerebral relacionados à memória de longo prazo. 2018. 200 f. Dissertação (Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática) – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2018.
Para ler o artigo, acesse
SILVA, K.S. da; FONSECA, L.S. da. Bases neuroeducativas do papel das ilustrações: uma proposta de análise de livro didático. Rev. Bras. Estud. Pedagog. [online]. 2020, vol. 101, no. 257, pp. 36-56. ISSN: 2176-6681 [viewed 22 June 2020]. DOI: 10.24109/2176-6681.rbep.101i257.4323. Avaliable from: http://ref.scielo.org/csj5n8
Link externo
Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos – RBEPED: www.scielo.br/rbeped
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