A cultura visual na representação das independências

Daiane de Souza Alves, Assistente de Comunicação da Revista Almanack, Doutoranda em História na UFOP, Belo Horizonte, MG, Brasil.

Texto "almanack" no canto superior esquerdo. Letras "e" e "a" estilizadas com um traço no meio.Em A nação contada por imagens: arte, cultura visual e escrita da história, publicado na Almanack (nº 29), Cecília Helena de Salles Oliveira e Maraliz de Castro Vieira Christo apresentam Dossiê dedicado ao estudo dos registros visuais e audiovisuais dos eventos relacionados ao movimento de independências e identidades nacionais das Américas, buscando analisar as imagens enquanto elementos que promovem e propõem intervenções sociais que contribuem para o aumento da produção, circulação e atualização das realidades em que essas demonstrações artísticas estão inseridas.

O interesse das autoras foi promover um ambiente de análise que privilegiasse a dimensão narrativa das práticas artísticas e que favorecesse as interpretações e construção de conceitos acerca das diversas comunidades imaginárias nas Américas, como definiu Benedict Anderson. Dessa problemática se especializou uma dimensão específica de análise, também chamada de cultura visual, que tem o interesse de elevar, através de uma maior abrangência das manifestações associadas à arte, as preocupações dos modos culturais de ver.

Óleo sobre tela. Símon Bolívar do lado direito com traje militar, cor vermelha e preto, bigode e barba. Olhar sereno. Figura feminina do lado esquerdo, roupa cinza e laranja, com chapéu. Rosto tranquilo. Fundo escuro.

Imagem: Museu Quinta de Bolívar, Bogotá – Ministério de Cultura de Colômbia.

Figura 1. Pedro José Figueroa. Bolívar Libertador y Padre de la Patria, 1819. 

As autoras destacam a preocupação com as questões relacionadas à produção de imagens, levando em consideração os múltiplos discursos sobre o poder e as relações sociais que estão imbrincadas a ela, ressaltando as lutas simbólicas e de representação que se manifestam na cultura visual. Algumas dessas questões contribuíram para a construção desse Dossiê que é apresentado pelo periódico Almanack, em relação aos vínculos entre narrativas visuais, produção de sentidos e processos sociais. Quando essas preocupações se voltam para processos conflituosos como os movimentos independentistas e com a construção de diversas nacionalidades se assiste a uma replicação de inúmeras imagens pelo seu valor estético que contribuem para a projeção de um passado e uma realidade continuamente reformulada e reconstituída enquanto exercício de poder.

Oliveira e Vieira Christo chamam atenção para a canalização do olhar que se produz com a reprodução desse cenário imagético e como a alimentação desse olhar contribui para a criação de versões sobre a nação e as nacionalidades, que coletivizam e mobilizam comunidades na forma de ver, reconhecer e naturalizar hierarquias e desigualdades sociais. Nesse ponto, o dossiê apresentado convida a nos aprofundarmos no universo da cultura visual, tendo como ponto de partida a crítica e a preocupação de vinculação do passado e presente nacionais, a fim de ressignificar a maneira de representação e não representação de indivíduos e grupos dentro de processos conflitivos.

Link(s)

Siga a Revista Almanack nas redes sociais e fique por dentro das demais atividades do periódico.

Facebook: http://www.facebook.com/RevistaAlmanack/

Instagram: https://www.instagram.com/revista.almanack/

Twitter: https://twitter.com/revistaalmanack

YouTube: https://www.youtube.com/c/RevistaAlmanack

Almanack – SciELO: https://www.scielo.br/j/alm/

 

Autoras

Cecília Helena de Salles OliveiraMulher com óculos escuros, cabelo até o ombro, sorrindo, cachecol azul, blusa preta. Fundo com folhas verdes.

Cecilia Helena L. de Salles Oliveira é professora titular sênior no Museu Paulista da Universidade de São Paulo. Doutora em História Social pela USP, tem se especializado em História política da Independência e do Império bem como em estudos sobre as relações entre história, memória e representações visuais.

 

Maraliz de Castro Vieira Christo

Maraliz de Castro Vieira Christo é professora titular na Universidade Federal de Juiz de Fora, MG. Doutora em História pela Universidade Estadual de Campinas, tem se especializado em História da Arte, com ênfase na Arte no Brasil, nos séculos XIX e XX.

Para ler o artigo, acesse

OLIVEIRA, C.H.L.S. and CHRISTO, M.C.V. A nação contada por imagens: arte, cultura visual e escrita da História. Almanack [online]. 2021, no. 29, ed00121 [viewed 20 December 2021]. https://doi.org/10.1590/2236-463329ed00121. Available from: https://www.scielo.br/j/alm/a/NRDsr7qBQRGKG88GkWFRZ5Q/?lang=pt

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

ALVES, D.S. A cultura visual na representação das independências [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2022 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2022/01/11/a-cultura-visual-na-representacao-das-independencias/

 

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *

Post Navigation