Daiane de Souza Alves, Assistente de Comunicação da Revista Almanack, Doutoranda em História pela UFOP, Belo Horizonte, MG, Brasil.
No texto Um acordo impossível: o papel das guerras na independência e na definição do Estado no Império do Brasil (1822-1825), publicado na Revista Almanack, nº 31, André Roberto de Arruda Machado explora a independência do Brasil através da faceta das guerras. Buscando romper com o lugar comum interpretativo que entendeu as independências como um “acordo entre as elites”, Machado abordou em seu artigo os interesses heterogêneos no seio interno das províncias, em suas interrelações provinciais, com as Cortes portuguesas e também em relação ao Rio de Janeiro.
Um dos grandes ganhos interpretativos do texto oferecido pelo autor está em compreender os eventos políticos da independência em uma abordagem que traz à luz da historiografia as experiências das províncias da porção norte do Brasil, a saber: a província do Pará, objeto de sua tese doutoral, a província da Bahia e suas dissidências internas, a província de Pernambuco e sua conhecida Confederação do Equador e, também as províncias do Maranhão e Goiás.
Para tratar das questões que se propôs, Arruda Machado explora em seu artigo a atuação rebelde de algumas personagens fundamentais da história dessas regionalidades e que, a seu modo, exemplificam os projetos que estão para além da órbita Rio de Janeiro ou Lisboa. O que estava em jogo para esses homens, Pedro Pedroso em Pernambuco, os indígenas no Pará ou os homens negros do batalhão dos Periquitos na Bahia eram as aspirações de mudanças políticas e sociais.
Ao mesmo tempo que, a medidas que esses projetos, fracassados pela repressão imperial, foram sendo marginalizados na história dos sucessos políticos da Casa de Bragança, promoveu-se, intencionalmente, a ideia de uma monarquia forte e unitária em contraposição às história da América hispânica, com a dissolução de seus territórios e em constante ebulição.
Também é destacado pelo autor a importância da presença de forças militares de mercenários estrangeiros atuando em defesa do projeto pedrino e fortalecendo dentro das províncias divididas e conflagradas os grupos políticos dispostos a se submeterem ao governo do Rio de Janeiro. Na medida em que os focos de atuação e suposto apaziguamento desses grupos estavam em sufocar todas as possiblidades de sucesso dos projetos de mudança social mais radicais.
Destaca, também, a importância de compreender os marcos cronológicos preestabelecidos, entendendo que a ruptura política estabelecida por 1822 pouco teve correlação com os eventos políticos provinciais. Na medida que os conflitos ocorridos entre 1823 e 1824 mostram que a independência ainda se encontrava como evento aberto por pelo menos dois anos após o consagrado 7 de setembro.
Muito antes, pelo contrário, 1824 parece ser o marco cronológico fundamental para a independência, na medida em que vão se limitando para as províncias dissidentes as opções políticas para além da opção pelo Rio de Janeiro, como foi o caso do fim da Confederação do Equador, da repressão à revolta dos Periquitos na Bahia e da atuação de Grenfell e Chocrane no Pará e Maranhão.
Para ler o artigo, acesse
MACHADO, A.R.A. Um acordo impossível: o papel das guerras na independência e na definição do Estado no Império do Brasil (1822-1825). Almanack [online]. 2022, vol. 3, ef00922 [viewed 12 September 2022]. https://doi.org/10.1590/2236-463331ef00722. Available from: https://www.scielo.br/j/alm/a/T4QXqcFwdbdkq65ZGLhxP9M/?lang=pt
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