Wederson de Souza Gomes, Assistente de Comunicação da Revista Almanack, Doutor em História pela UFOP, Ouro Preto, MG, Brasil.
A Revolução Liberal do Porto movimentou o mundo português e modificou a dinâmica daquele vasto império. O artigo A Revolução Liberal vista no Maranhão: o espelho crítico-político de Garcia de Abranches expõe singularidades da experiência constitucional no Maranhão, bem como o papel da imprensa nesse processo. O texto apresenta considerações sobre como os folhetos, as petições e outros escritos foram direcionados aos deputados do Maranhão que tomaram assentos nas Cortes Gerais de Lisboa com o objetivo de que os tribunos defendessem os interesses da província.
Questões envolvendo os tributos, críticas à penetração inglesa na praça mercantil de São Luís e o tráfico de escravizados foram alguns dos pontos debatidos nesses impressos. Em meio a esse universo, Marcelo Cherche Galves analisa a produção do jornal Espelho crítico-político da província do Maranhão (1822), de autoria de João Antônio de Garcia Abranches.
Cherche explicita que o periódico não foi direcionado ao parlamento e aos parlamentares, contudo revelava a realidade provincial e as expectativas em relação às cortes para superar os entraves enfrentados pelos lavradores. O autor traz uma breve biografia de Garcia Abranches, destacando que ele vivenciou parte do vintismo em Lisboa e retornou ao Maranhão logo que soube das notícias sobre o esgarçamento da união entre os reinos. O autor destaca que não há vestígios da circulação do Espelho em outros periódicos e que sua circulação parece ter se restringido aos amigos próximos.
Figura 1. Carta topográfica e administrativa da província do Maranhão, 1850. Coleção Proveniência Desconhecida.
O periódico trazia algumas considerações topográficas e históricas da província com base em referências clássicas e alguns contemporâneos. Abranches não se furtou em denunciar aquilo que enxergava como o enriquecimento de negociantes grossistas em detrimento dos lavradores. Um ponto defendido por Abranches era o comércio de escravizados, com ampla liberdade e isenção para o exercício da prática. Criticava as cobranças e tributos que incidiam sobre o infame comércio e a ação britânica, com particular ênfase às restrições decorrentes do Congresso de Viena.
As preocupações de Abranches estavam ligadas ao desenvolvimento da agricultura e, por consequência, a indispensabilidade da força de trabalho escravizada. O autor também usou as páginas do periódico para denunciar as crueldades da escravidão, timidamente. Em 1922, no centenário da independência, seu neto Dunshee de Abranches tentou resgatar a memória do avô com uma releitura dos acontecimentos. Para isso, intentou dar ênfase aos horrores da escravidão presente em o Espelho para resgatar a memória do avô.
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GALVES, M.C. A Revolução liberal vista do Maranhão: O Espelho crítico-político, de Garcia de Abranches. Almanack [online]. 2022, nº 30, ed00522 [viewed 13 September 2022]. http://doi.org/10.1590/2236-463330ed00522. Available from: https://www.scielo.br/j/alm/a/zhFGhCY7tvJddLYV8CF5hNS/.
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