Patrícia Aparecida do Amparo, Professora do Departamento de Metodologia do Ensino e Educação Comparada da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FEUSP), São Paulo, SP, Brasil.
Partindo das salas de aula de Língua Portuguesa do ensino médio público paulista, o artigo No palimpsesto da sala de aula: a legitimação de obras literárias em disputa na escola investiga as disputas ocorridas entre estudantes, professores e as próprias orientações curriculares a respeito da linguagem.
Os dados foram obtidos em pesquisa realizada pela professora Patrícia Aparecida do Amparo, da Faculdade de Educação da USP, entre 2014 e 2017. Trata-se, portanto, de um estudo de caso que se valeu da etnografia escolar para salientar os desafios contemporâneos envolvendo a leitura na escola.
Foram realizadas observações de aula em três turmas de ensino médio situadas em duas escolas públicas da cidade de São Paulo, sendo uma delas na modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA), dando origem a um Diário de Campo que registrou aspectos relacionados às práticas e às representações escolares em torno da leitura de obras literárias.
Além disso, foram entrevistadas as duas docentes responsáveis pelas turmas e sete estudantes, entre adultos e adolescentes. A partir de perspectiva sócio-histórica, sustentada por autores como Pierre Bourdieu, Roger Chartier, Bernard Lahire e Anne-Marie Chartier, a investigação explorou a especificidade da leitura no espaço escolar, considerando-a como um elemento estruturante de sua cultura e de sua forma.
A pesquisa revelou uma cotidianidade marcada por conflitos persistentes. Observou-se que professores, livros didáticos e currículos por vezes tomam a leitura como patrimônio cultural, compreensão que estrutura práticas de ensino, formas de avaliação, de condução das aulas e representações da “boa leitura”.
Simultaneamente, os estudantes mobilizam em sala de aula usos da leitura constituídos em espaços não escolares, marcados frequentemente por títulos e autores ausentes do cânone escolar ou mesmo por maneiras de interpretação literária caracterizadas pelas lógicas cotidianas, o que pressiona os entendimentos escolares. De maneira particular, tal contradição marca igualmente o trabalho docente.
O artigo também oferece elementos para que se compreenda a cultura escolar elaborada em um sistema de ensino que passou por processos intensos de expansão. O caso das disputas em torno da leitura de obras literárias revela, nesse sentido, certa especificidade da escola brasileira.
Os depoimentos de professoras e de alunos bem como as situações escolares observadas explicitam os usos, os questionamentos e, sobretudo, as disputas instauradas pela presença de tais sujeitos nos bancos escolares. Eles podem contribuir, da mesma forma, para que se reflita a respeito dos desafios contemporâneos do ensino escolar e da formação de professores.
Referências
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Para ler o artigo, acesse
AMPARO, P.A. No palimpsesto da sala de aula: a legitimação de obras literárias em disputa na escola. Educ. Pesqui. [online]. 2023, vol. 49, e247334 [viewed 17 April 2023]. https://doi.org/10.1590/S1678-4634202349247334por. Available from: https://www.scielo.br/j/ep/a/wQcF6ww58BGwhvQcDnpk5Qh/
Links externos
Educação e Pesquisa – EP: https://www.scielo.br/j/ep/
Educação e Pesquisa – Revista da Faculdade de Educação da USP: http://www.educacaoepesquisa.fe.usp.br/
Tese que deu origem ao artigo: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-15022018-102511/pt-br.php
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