Medicina Narrativa produz encontros vivos e pode contribuir no combate à desinformação

Arthur Fernandes da Silva, Médico de Família e Comunidade, Paliativista, Mestre em Cuidados Paliativos e Especialista em Preceptoria de Residência de Medicina de Família e Comunidade, Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde do Distrito Federal (FEPECS), Brasília, DF, Brasil.

Logo do periódico InterfaceO trabalho em saúde e, em particular, na Atenção Primária, pode ser definido em função das histórias compartilhadas nos encontros clínicos entre profissionais e usuários. Os últimos trazem demandas ou problemas e os primeiros são desafiados a responder à pergunta: o que fazer com as histórias? Nesse contexto, o trabalho Entre ouvidos e palavras: um ensaio sobre medicina narrativa, redes sociais e humanização na Atenção Primária à Saúde buscou discutir a Medicina Narrativa (MN) como uma estratégia para reforçar a competência de ouvir as histórias e produzir, de forma compartilhada com o paciente, sentidos a partir delas.

Este ensaio foi idealizado a partir da necessidade de um dos autores de responder à essa questão em sua prática, dialogando com as redes sociais e as possibilidades de construir sentidos que conectem quem contou a história, quem ouviu a história e quem mais pode se beneficiar dela, ainda que no mundo digital através das redes sociais.

A vivência do compartilhamento em redes sociais de registros dos encontros com pessoas no cenário da Atenção Primária à Saúde, tendo a MN como inspiração, foi um movimento de busca por compreensão do universo singular e do outro. O mergulho na literatura vigente permitiu iluminar vários pontos cegos acerca da relação entre MN, redes sociais e humanização. Entre ouvidos e palavras, o ponto de chegada deste ensaio sinaliza a MN como um valioso ponto de partida para a produção do cuidado.

Foto de um aperto de mãos, as duas pessoas usando as duas mãos. Uma delas usa uma roupa branca e a outra parece ser uma pessoa idosa.

Imagem: Freepik.

Em tempos de pós-verdade, em que o argumento baseado nas emoções e nas crenças influenciam a opinião pública mais fortemente do que as verdades factuais e objetivas, destaca-se o risco da propagação de fake news a partir das redes sociais. Observa-se que, nas plataformas digitais, as informações falsas se espalham mais rapidamente e de modo mais amplo, distante e profundo do que as informações relacionadas às verdades factuais. Tendo isso em vista, é fundamental que pesquisadores e profissionais implicados com as verdades científicas desenvolvam estratégias para enfrentar a onda negacionista e anticientífica.

Não há uma estratégia completa e universal capaz de frear a desinformação nas redes digitais. É necessário utilizar estratégias específicas para segmentos e objetivos específicos. Assim, defende-se que, para pesquisadores e profissionais engajados com as verdades factuais, a Medicina Narrativa pode ser um recurso para o enfrentamento da desinformação, pois possibilita a produção de argumentos sensíveis e capazes de tocarem as emoções das pessoas.

Referências

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WASSERMAN, H, et al Meeting the challenges of information disorder in the Global South. Cape Town: University of Cape Town, 2022.

Para ler o artigo, acesse

SILVA, A.F., et al. Entre ouvidos e palavras: um ensaio sobre medicina narrativa, redes sociais e humanização na Atenção Primária à Saúde. Interface [online]. 2023, vol. 27, e220467 [viewed 19 May 2023]. https://doi.org/10.1590/interface.220467. Available from: https://www.scielo.br/j/icse/a/88YqgVBB8nFfYfTKTfcbwmf/

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SILVA, A.F. Medicina Narrativa produz encontros vivos e pode contribuir no combate à desinformação [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2023 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2023/05/19/medicina-narrativa-produz-encontros-vivos-e-pode-contribuir-no-combate-a-desinformacao/

 

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