Angelo Vitório Cenci, Doutor em filosofia, Professor do curso de filosofia e do Programa de Pós-graduação em Educação da Universidade de Passo Fundo, Passo Fundo, RS, Brasil.
O dossiê Universidade, pensamento crítico e formação, publicado no periódico Educação & Sociedade (vol. 44, 2023), propõe-se, com a participação de autores do Brasil e da Europa, a apresentar artigos que aprofundem a problemática da universidade na atualidade e que lancem perspectivas a ela para além dos limites impostos pelo modelo neoliberal. Nesse sentido, apresentam-se estudos que visam pensar modelos de universidade que possam guiar-se não apenas pelas demandas de mercado, mas, também, a favor da finalidade pública da educação, dos valores de uma sociedade democrática e de uma concepção renovada de formação humana.
Os artigos são oriundos, em sua maioria, de um Ciclo de debates realizado na Universidade de Passo Fundo (UPF) durante o primeiro semestre de 2022 com pesquisadores do Brasil e do exterior para debater universidade, pensamento crítico e formação. A organização esteve a encargo dos professores Angelo Vitório Cenci, Cláudio Almir Dalbosco e Marcelo José Doro. O ponto de partida e fator que dá unidade aos estudos, é que a Universidade passa, na atualidade, por grandes e profundas transformações, incorporando novas funções e complexos desafios. Além de seu papel clássico de investigação (pesquisa) e socialização (ensino) do conhecimento, ela também se torna prestadora de serviços, é instada a incrementar a inovação e a ser fonte de transferência do saber tecnológico.
A Universidade vê-se forçada a situar-se em face das profundas transformações trazidas pela era da revolução digital e da hegemonia da visão de mundo neoliberal. Tais transformações a pressionaram de modo que no seu interior, nas últimas décadas, o conhecimento crítico-formativo foi progressivamente cedendo lugar ao saber técnico gerenciado. A universidade foi deixando de ser, em grande medida, o lugar clássico da produção e socialização do conhecimento – baseada no laço estreito entre ensino e pesquisa e voltada para questões ético-política-sociais – para adaptar-se às demandas de uma sociedade cada vez mais estruturada de acordo com a lógica da sociedade de mercado.
Somado a esse aspecto, ganha força a separação entre formação técnica e formação geral, assim como o predomínio de uma questionável concepção de qualidade da educação. Esse fator fica evidenciado na medida em que essa passa a ser parametrizada cada vez mais por critérios estranhos e irredutíveis ao campo educacional e completamente incongruentes com sua natureza formativa.
Neste contexto, o eixo temático busca construir, por um lado, um diagnóstico crítico da época atual. Mediante este, indica-se o quanto a mercantilização crescente das relações humanas, sociais e culturais (educacionais) provoca o enfraquecimento (esquecimento) da formação humana e de seus respectivos enfoques críticos e plurais, oriundos da filosofia e das ciências humanas e sociais. De outra parte, os estudos buscam problematizar uma noção ampliada de formação humana, reconstruindo-a por meio do diálogo crítico com alguns aspectos da tradição educacional clássica, vinculada, sobretudo, aos ideais da Bildung (formação cultural) moderna.
Convido você, caro leitor, a assistir ao meu vídeo ampliando a discussão sobre os desafios da universidade e sua dimensão formativa na era neoliberal.
Para ler o artigo, acesse
DALBOSCO C.A. and CENCI, A. V. Apresentação. Educ. Soc. [online]. 2023, vol. 44, e276888 [viewed 24 January 2024]. https://doi.org/10.1590/ES.276888. Available from: https://www.scielo.br/j/es/a/RyjTKgygvXdfrZz3vYQYyQp/
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