Ana Luiza Silva Oliveira, Linceu Editorial, São José dos Campos, SP, Brasil.
Mariana Silva Oliveira, Linceu Editorial, São José dos Campos, SP, Brasil.
Os desafios enfrentados por migrantes, que deixam seu país de origem em busca de melhores condições em outra nação, perpassam tanto por dimensões que envolvem o aprendizado de novos idiomas, culturas e modos de vida, como também pelo cultivo das tradições do local de origem. Esse cenário também exerce seus impactos na educação de crianças e adolescentes migrantes, visto que a escola se configura como um espaço que reflete as complexas dinâmicas sociais.
A fim de analisar o contexto da escolarização infanto-juvenil de brasileiros que migraram para o Japão, Eri Hachiman e Roseli Rodrigues de Mello apresentam os resultados de sua pesquisa no artigo Escolaridade de crianças e adolescentes brasileiros no Japão: Desafios migrantes na atualidade, publicado no periódico Educação & Sociedade (vol. 46, 2025).
O histórico do fluxo migratório Brasil-Japão sofreu alterações com o passar dos anos. No início do século XX, a chegada de imigrantes japoneses ao Brasil iniciou o processo de formação da maior comunidade nipônica fora do Japão. Contudo, os desafios enfrentados por essas famílias, bem como por seus descendentes, foram inúmeros.
A partir dos anos 2000, o crescimento da economia japonesa inverteu a direção migratória e o governo japonês passou a criar incentivos para a imigração de nikkeis ao país. Por esse motivo, muitas famílias nipo-brasileiras partiram em busca de melhores condições de vida. Nesse contexto, destaca-se a inserção das crianças brasileiras às escolas e à realidade social no novo país.
Para explorar esse cenário, fundamentadas nos conceitos teóricos de educação transnacional, igualdade de diferenças e identidades como interação permanente, as autoras realizaram uma pesquisa bibliográfica a partir de artigos publicados em bancos de dados entre 1990 e 2024 sobre o tema.
Com os textos selecionados para a pesquisa, foi realizada uma categorização com base em quatro grandes temas: escola japonesa, escola brasileira, iniciativas da comunidade brasileira e iniciativas governamentais. A partir disso, buscou-se encontrar nos estudos os principais elementos excludentes, ou seja, os que dificultaram a inserção das crianças brasileiras nas escolas japonesas e os transformadores, aqueles que garantiram aprendizagem e autonomia no novo país.
A análise revela que a exclusão escolar dos jovens brasileiros no Japão está ligada, principalmente, a questões como a barreira linguística e às condições de vida e trabalho. Nesse sentido, no cenário das escolas japonesas, a falta de domínio da língua limita o diálogo entre família e escola, além da aprendizagem de conteúdos pelos alunos migrantes. Já nas escolas brasileiras, faltam medidas que auxiliem a inserção efetiva na comunidade local.
Diante dos desafios identificados, o artigo contribui para as discussões acerca da formação de um sistema de ensino efetivo para que a migração seja transnacional e que famílias e crianças de diferentes origens tenham oportunidades de melhoria da convivência em seu país de destino. A preocupação continua, então, em promover acolhimento e inserção para que os jovens se tornem pessoas adultas com autonomia e liberdade.
Para ler o artigo, acesse
HACHIMAN, E. and MELLO, R.R. Escolaridade de crianças e adolescentes brasileiros no Japão: desafios migrantes na atualidade. Educação & Sociedade [online].2025, vol. 46, e289099 [viewed 16 May 2025]. https://doi.org/10.1590/ES.289099. Available from: https://www.scielo.br/j/es/a/8mDd8cnCkPzS5YcdCpNqn5C/
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