Ilda Renata Andreata Sesquim, Editora de Mídias e Comunicação da Revista História da Historiografia, Doutoranda e Mestre em História pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Ouro Preto, MG, Brasil
Em Pensar o diferente na História: Um balanço da historiografia cigana do século XIX ao século XXI, publicado no periódico História da Historiografia (vol. 17, 2024), os autores Lenilson Portela e Francisco de Assis de Sousa Nascimento, da Universidade Federal do Piauí (UFPI), mapeiam as principais publicações sobre os ciganos produzidas no Brasil e em Portugal ao longo de três séculos, concluindo que suas experiências ainda não são plenamente incluídas na historiografia e que ainda há a necessidade de superar narrativas limitantes e estereotipadas.
Apesar de serem um dos povos mais antigos e diversos do mundo, os ciganos continuam sendo frequentemente ignorados pela historiografia tradicional. Ao apresentar um balanço sobre essa produção, este artigo busca expor os desafios enfrentados para reconhecer os ciganos como protagonistas históricos.
O estudo destaca as dificuldades de inclusão historiográfica dessa minoria e organiza o desenvolvimento dos estudos sobre os ciganos em três fases principais: (1) a produção etnográfica e folclorista inicial; (2) o protagonismo de pesquisas no âmbito dos programas de pós-graduação no Brasil; e (3) os debates promovidos por movimentos políticos e instituições jurídicas em defesa da causa cigana.
Para realizar a pesquisa, os autores selecionaram textos pioneiros que abordam aspectos centrais da história dos ciganos, como perseguições policiais, transformações culturais e a dimensão religiosa presente no imaginário coletivo dessa etnia. O objetivo do estudo é destacar a relevância desses trabalhos para os debates étnico-raciais, além de explorar as implicações sociais e políticas da exclusão histórica dessa população.
Com base na ideia de que a memória e a história refletem os conflitos e interesses das sociedades ocidentais, o artigo evidencia o silenciamento histórico dos ciganos nos séculos XIX e XX.
Os resultados apontam que, embora teorias como as de Foucault e Marx tenham ampliado o campo historiográfico, as experiências de grupos marginalizados, como os ciganos, ainda não são plenamente incluídas. Isso reflete um desafio não apenas historiográfico, mas social, indicando a necessidade de superar narrativas limitantes e estereotipadas sobre essa etnia.
Os autores enfatizam a urgência de repensar abordagens teóricas e metodológicas para construir uma historiografia mais plural e inclusiva. Eles também destacam os principais entraves para esse avanço: o racismo estrutural e o baixo investimento em pesquisas sobre o tema. Superar essas barreiras é fundamental para romper as camadas de colonialidade que ainda permeiam a produção histórica e para reconhecer as contribuições e contradições das vivências comunitárias dos ciganos.
Para ler o artigo, acesse
PORTELA, L.R. and NASCIMENTO, F.A.S. Pensar o diferente na História: Um balanço da historiografia cigana do século XIX ao século XXI. História da Historiografia [online]. 2024, vol. 17, e2108 [viewed 14 July 2025]. https://doi.org/10.15848/hh.v17.2108. Available from: https://www.scielo.br/j/hh/a/qkxrkXD3tyLwLRN8cb5sJLt/
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