A altmetria mudará a forma de medir a ciência?

Paulo Guanaes, editor executivo de Trabalho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

tes_logoO volume 14, número 3 de 2016 de Trabalho, Educação e Saúde, periódico científico editado pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fiocruz, o destaque é o editorial “A altmetria e a interface entre a ciência e a sociedade”, de autoria de Fábio Gouveia, professor do Museu da Vida, Casa de Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, e do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação do IBICT-UFRJ. Segundo Gouveia, a altmetria é uma das formas mais recentes de medir a ciência. Baseia-se no uso de qualquer indicador de comportamento on-line que atue sobre os resultados do ciclo de vida de uma pesquisa, expressado por cientistas, jornalistas, público e outras fontes. Ela se apresenta como um complemento das métricas tradicionais, como o fator de impacto, mas tem a singularidade de dar voz à sociedade quanto aos resultados que a ciência produz.

No ensaio “Trabalho, racionalização e emancipação: de Marx ao Marxismo, e a volta”, escrito por Marcílio Rodrigues Lucas, o autor propõe uma reflexão sobre a relação entre trabalho e emancipação no pensamento marxista, à luz dos dilemas enfrentados pela esquerda e pelas organizações da classe trabalhadora no século XX. O objetivo central foi indicar como importantes pensadores e grupos vinculados ao marxismo contribuíram, de diferentes formas, na formação das bases ideológicas e na constituição concreta dos dois modelos de organização da produção e da vida social que predominaram após a Segunda Guerra Mundial: o compromisso fordista nos países de capitalismo avançado e o modelo soviético implantado na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e difundido pelos países-satélites que formavam o bloco socialista.

Na seção Artigos, Edgar Lisboa e colaboradores analisam, em “Conselhos locais de saúde: caminhos e (des)caminhos da participação social”, a implantação dos conselhos locais de saúde, com base numa experiência levada a efeito num município capixaba, buscando identificar apoios e limites para expressar a efetiva participação social no contexto do Sistema Único de Saúde. O encontro com uma identidade social conflituosa indicou que a participação social ficou comprometida, pois faltavam cultura política local e mobilização social.

Em “Formação para o SUS: uma análise sobre as concepções e práticas pedagógicas em saúde coletiva”, de Patrícia Damiance et al., e “Nas trilhas da utopia: tecendo o projeto político-pedagógico em um curso de nutrição”, de Carla Teo et al., os autores lançam um olhar sobre a formação em saúde e esmiúçam dois projetos político-pedagógicos nas áreas de nutrição e saúde coletiva, em pesquisas que envolveram 11 docentes de enfermagem orientadores de estágio em saúde coletiva de instituições de ensino superior, no primeiro artigo, e 46 estudantes de um curso de nutrição no segundo.

A educação permanente, objeto de política pública e estratégica para a formação de profissionais para o Sistema Único de Saúde, é o mote de quatro artigos desta edição. Em “Política de formação e educação permanente em saúde no Brasil: bases legais e referências teóricas”, Renata Gigante e Gastão Wagner S. Campos discutem as inter-relações dos relatórios das Conferências Nacionais de Saúde com as propostas apresentadas em documentos oficiais do Sistema Único de Saúde referentes à formação e ao desenvolvimento de recursos humanos, buscando relacioná-los à incorporação de novos referenciais pedagógicos pautados pelas metodologias ativas de ensino-aprendizagem. No estudo “Avaliação da educação permanente no processo de trabalho em saúde”, de Luiz Silva et al., o objetivo foi conhecer as mudanças ocorridas no processo de trabalho decorrentes do emprego da educação permanente em saúde. Os autores de “Desafios e potencialidades do processo de educação permanente em saúde”, Cristiane Peres et al., ponderam sobre os impasses que dificultam o processo de implementação da educação permanente em um município paulista. O último artigo deste bloco, “Integrando educação e trabalho: o caso do Permanecer SUS da Secretaria da Saúde do estado da Bahia”, de Wilton Figueredo e Renata Véras, analisa a contribuição do projeto PermanecerSUS para a formação de estudantes e profissionais de saúde.

A última edição do ano traz ainda artigos sobre etnozoologia e educação ambiental, em um estudo dirigido a escolas da Amazônia, educação a distância como processo de qualificação de profissionais para o Sistema Único de Saúde, práticas de biossegurança no ensino técnico de enfermagem, a educação alimentar através das histórias em quadrinhos e a produção científica sobre terapia ocupacional e humanização na formação e no trabalho em saúde.

Para ler os artigos, acesse

GOUVEIA, F. C. Altmetrics and the interface between science and society.Trab. educ. saúde [online]. 2016, vol.14, n.3, pp.643-645. [viewed 16th November 2016]. ISSN 1678-1007. DOI: 10.1590/1981-7746-sip00126. Available from: http://ref.scielo.org/z4p9cz

LUCAS, M. R. Trabalho, racionalização e emancipação: de Marx ao Marxismo, e a volta. Trab. educ. saúde [online]. 2016, vol.14, n.3, pp.653-677. [viewed 16th November 2016]. ISSN 1678-1007. DOI: 10.1590/1981-7746-sol00012. Available from: http://ref.scielo.org/3tdkmf

LISBOA, E. A. et al. Conselhos locais de saúde: caminhos e (des)caminhos da participação social. Trab. educ. saúde [online]. 2016, vol.14, n.3, pp.679-698. [viewed 16th November 2016]. ISSN 1678-1007. DOI: 10.1590/1981-7746-sol00013. Available from: http://ref.scielo.org/8z4dkb

DAMIANCE, P. R. M. et al. Formação para o sus: uma análise sobre as concepções e práticas pedagógicas em saúde coletiva. Trab. educ. saúde [online]. 2016, vol.14, n.3, pp.699-721. [viewed 16th November 2016]. ISSN 1678-1007. DOI: 10.1590/1981-7746-sol00014. Available from: http://ref.scielo.org/rwswd2
TEO, C. R. P. A., ALVES, S. M. and GALLINA, L. S. Nas trilhas da utopia: tecendo o projeto político-pedagógico em um curso de nutrição.Trab. educ. saúde [online]. 2016, vol.14, n.3, pp.723-745. [viewed 16th November 2016]. ISSN 1678-1007. DOI: 10.1590/1981-7746-sip00123. Available from: http://ref.scielo.org/y3gs4h
GIGANTE, R. L. and CAMPOS, G. W. S. Política de formação e educação permanente em saúde no brasil: bases legais e referências teóricas. Trab. educ. saúde [online]. 2016, vol.14, n.3, pp.747-763. [viewed 16th November 2016]. ISSN 1678-1007. DOI: 10.1590/1981-7746-sip00124. Available from: http://ref.scielo.org/8x4vgq

SILVA, L. A. A. et al. Avaliação da educação permanente no processo de trabalho em saúde. Trab. educ. saúde [online]. 2016, vol.14, n.3, pp.765-781. [viewed 16th November 2016]. ISSN 1678-1007. DOI: 10.1590/1981-7746-sol00015. Available from: http://ref.scielo.org/nhsyfm

PERES, C., SILVA, R. F. and BARBA, P. C. S. D. Desafios e potencialidades do processo de educação permanente em saúde.Trab. educ. saúde [online]. 2016, vol.14, n.3, pp.783-801. [viewed 16th November 2016]. ISSN 1678-1007. DOI: 10.1590/1981-7746-sol00016. Available from: http://ref.scielo.org/fftjjr

FIGUEREDO, W. N. and VERAS, R. M. Integrando educação e trabalho: o caso do permanecer sus da secretaria da saúde do estado da Bahia. Trab. educ. saúde [online]. 2016, vol.14, n.3, pp.803-823. [viewed 16th November 2016]. ISSN 1678-1007. DOI: 10.1590/1981-7746-sol00017. Available from: http://ref.scielo.org/m2rbcv
BASTOS, P. C. R. R., PALHA, M. D. C., FONSECA, M. J. C. F. and SILVA, A. S. L. Etnozoologia e educação ambiental para escolas da Amazônia: experimentação de indicadores quantitativos. Trab. educ. saúde [online]. 2016, vol.14, n.3, pp.825-848. [viewed 16th November 2016]. ISSN 1678-1007. DOI: 10.1590/1981-7746-sip00125. Available from: http://ref.scielo.org/m9b8s6

VARGAS, F. M. A., TRINDADE, M. C. N., GOUVEIA, G. D. A. and FARIAS, M. R. A educação a distância na qualificação de profissionais para o Sistema Único De Saúde: metaestudo. Trab. educ. saúde [online]. 2016, vol.14, n.3, pp.849-870. [viewed 16th November 2016]. ISSN 1678-1007. DOI: 10.1590/1981-7746-sol00018. Available from: http://ref.scielo.org/5fzxdg

RIBEIRO, G., PIRES, D. E. P. and SCHERER, M. D. A. Práticas de biossegurança no ensino técnico de enfermagem. Trab. educ. saúde[online]. 2016, vol.14, n.3, pp.871-888. [viewed 16th November 2016]. ISSN 1678-1007. DOI: 10.1590/1981-7746-sol00019. Available from: http://ref.scielo.org/m9c55m

ALCANTARA, C. S. and BEZERRA, J. A. B. O lúdico, a escola e a saúde: a educação alimentar no gibi. Trab. educ. saúde [online]. 2016, vol.14, n.3, pp.889-904. [viewed 16th November 2016]. ISSN 1678-1007. DOI: 10.1590/1981-7746-sol00020. Available from: http://ref.scielo.org/q8d2w2

FARIA, R. S., VASCONCELLOS, L. C. F. and FERREIRA, D. M. T. P. A produção científica sobre terapia ocupacional: o silenciamento da relação trabalho-saúde. Trab. educ. saúde [online]. 2016, vol.14, n.3, pp.905-924. [viewed 16th November 2016]. ISSN 1678-1007. DOI: 10.1590/1981-7746-sol00021. Available from: http://ref.scielo.org/9z6vpd

MEDEIROS, L. M. O. P. and BATISTA, S. H. S. S. Humanização na formação e no trabalho em saúde: uma análise da literatura.Trab. educ. saúde [online]. 2016, vol.14, n.3, pp.925-951. [viewed 16th November 2016]. ISSN 1678-1007. DOI: 10.1590/1981-7746-sol00022. Available from: http://ref.scielo.org/hswv7d

Link externo

Trabalho, Educação e Saúde – TES: www.scielo.br/tes

 

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GUANAES, P. A altmetria mudará a forma de medir a ciência? [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2016 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2016/11/22/a-altmetria-mudara-a-forma-de-medir-a-ciencia/

 

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