Urbe traz discussões sobre sustentabilidade, mobilidade e transportes e planejamento urbano e regional

Fernanda Cantarim, doutoranda no Programa de Gestão Urbana na Pontifícia Universidade Católica do Paraná e membro do corpo auxiliar da urbe, Curitiba, PR, Brasil

A edição de volume 10, número 1 do periódico urbe trata-se de um volume que apresenta 15 artigos selecionados no fluxo contínuo. Dentre os temas abordados destacam-se: “Resíduos sólidos e coleta seletiva”; “Mobilidade e transportes” e “Planejamento regional e urbano”.

O primeiro grupo de artigos são aqueles referentes ao tema “Resíduos sólidos e coleta seletiva”, formado por três artigos. Em “Gestão de resíduos sólidos urbanos nos municípios da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê: uma análise sobre o uso de TIC no acesso à informação governamental”, de Klein, Gonçalves-dias e Jayo, os autores chegam à conclusão de que um “melhor uso de TIC para o adequado monitoramento e difusão de informações sobre resíduos sólidos urbanos pode ser um dos objetivos e metas determinados pela Política Nacional de Resíduos Sólidos” (p. 140). O estudo foi aplicado nos municípios que compõem a Bacia Hidrográfica do Alto Tietê e utilizou de dados disponíveis nos websites das prefeituras: informações de programas de coleta seletiva; pontos de entrega voluntária (PEVs); e o acesso ao Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PGIRS).

Os autores Conke e Nascimento são autores do artigo “A coleta seletiva nas pesquisas brasileiras: uma avaliação metodológica”, que trata sobre o panorama de oferta da coleta seletiva no país, e para isso, faz comparações metodológicas nas pesquisas sobre este serviço no Brasil. Já o artigo “Como estão os resíduos urbanos nas favelas cariocas?”, de autoria de Schueler, Kzure e Racca, discute a situação de informalidade da gestão do lixo em nove favelas do bairro de Jacarepaguá no Rio de Janeiro nos anos de 2014-2016.

O próximo grupo de artigos são aqueles que discutem “Mobilidade e transportes”, composto por três artigos. De Machado e Piccinini, “Os desafios para a efetividade da implementação dos planos de mobilidade urbana: uma revisão sistemática” discute os avanços e barreiras na implementação de SUMP (Sustainable Urban Mobility Plan) – que, ao ver dos autores, depende das decisões políticas quanto às técnicas, integração das escalas governamentais, projetos setoriais e demais aspectos relacionados ao transporte. Para isso, os autores fizeram uma revisão sistemática de 37 estudos sobre SUMP e evolução da política de mobilidade na Comunidade Europeia, já que, segundo eles, existe “uma hegemonia no planejamento da mobilidade” (p. 70).

Ainda na mesma temática, o artigo de Castro, Reschilian e Zanetti “Os Candongueiros e a ‘desordem’ urbana de Luanda: uma análise sobre representação social dos transportes informais” trata sobre um dos principais meios de transporte de Luanda, capital da Angola,  os “candongueiros” – a partir da perspectiva de ordem ou desordem. Já o artigo “Cooperação intergovernamental na política de mobilidade urbana: o caso do consórcio intermunicipal do ABC” discute como tal consórcio conseguiu articular o desenvolvimento da política de mobilidade urbana regional.

A temática de “Planejamento regional e urbano” é a mais abrangente, incluindo todos os demais artigos publicados nesta edição. “Rio de Janeiro: considerações sobre os processos de expansão urbana e interiorização de crescimento (1980-2010)”, de autoria de Souza e Frutuozo, esclarece que desde os anos de 1980 o estado vem vivenciando um tímido, porém crescente, processo com saldos migratórios positivos e maiorias taxas de crescimento populacional na região litoral do norte fluminense, o que tornou essa área a “principal frente de interiorização do Estado” (p. 124). Os autores utilizaram de indicativos das migrações internas e taxas de crescimento populacional médio ao ano para analisar e discutir o processo de expansão urbana carioca. Outro artigo que também trata sobre questões de expansão urbana é o de Bernardini, “O Planejamento da expansão urbana na interface com a urbanização dispersa: uma análise sobre a região metropolitana de Campinas (1970-2006)”. Neste artigo é apresentada uma análise da forma como construíram-se os aparatos legal e planificador para lidar com a urbanização dispersa da Região metropolitana de Campinas.

“Perspectivas do planejamento regional do Vale do Paraíba e litoral norte: marcos históricos e a institucionalização da região metropolitana no Plano de Ação da macrometrópole Paulista” se trata se um artigo de Gomes, Reschilian e Uehara que faz uma releitura histórica do planejamento da região, dando especial atenção a grandes marcos como Planos, institucionalização da região metropolitana, Estatuto da Metrópole e o novo Plano de Desenvolvimento Urbano Integrado (PDUI). Outro artigo que discute a questão do planejamento metropolitano é o “A governança metropolitana e o desafio da integração na lei n. 13.089/2015” de Peron, Mesa, Nascimento e Secoman. Nele os autores avaliam a implantação do Estatuto da Metrópole (lei n. 13.089/2015) como instrumento de governança aplicado às regiões metropolitanas.

Os demais artigos possuem focos mais específicos, como é o caso do “Impressões qualitativas em espaços urbanos por meio de ambientes virtuais imersivos”, de Fernandes, Moura e Costa. Nele os autores usam do conceito de atmosfera percebida para avaliar a qualidade do ambiente noturno da cidade de João Pessoa, na Paraíba. Já o artigo de Nunes e Vale, “Como identificar as qualidades do desenho urbano por meio de uma matriz de análise para o ambiente construído” apresenta um modelo que permite mensurar as qualidades do desenho urbano do ponto de vista do pedestre, com base em uma pesquisa em 91 ruas de Lisboa, Portugal.

O artigo “Análise das relações entre paisagens construídas e representações sociais dos municípios de São José dos Campos e Arapei” é de autoria de Andrade, Souza, Gomes e Zanetti e tem como objetivo estudar ambas as cidades sob a ótica da representação social, simbologias e identidades a partir da leitura do espaço construído e conteúdo socioespacial. Por fim, o último artigo trata sobre o programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV) e discute se este realmente atinge a população mais privada de meios para obter uma moradia – é de autoria de Cunha e Silva e tem como título “Evidências de imprecisão nas políticas habitacionais brasileiras: o caso de São Paulo”. Fechando esse bloco temático, no artigo “A eficiência de algoritmos matemáticos para avaliação do ruído urbano”, os autores Brito, Junior e Toledo avaliam a precisão de algoritmos matemáticos de emissão de energia sonora para a realidade brasileira.

Para ler os artigos, acesse

KLEIN, F. B., GONCALVES-DIAS, S. L. F. and JAYO, M. Gestão de resíduos sólidos urbanos nos municípios da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê: uma análise sobre o uso de TIC no acesso à informação governamental.urbe, Rev. Bras. Gest. Urbana [online]. 2018, vol.10, n.1, pp.140-153. ISSN 2175-3369. [viewed 1 March 2018]. DOI: 10.1590/2175-3369.010.001.ao10. Available from: http://ref.scielo.org/9rqcdz

MACHADO, L. and PICCININI, L. S. Os desafios para a efetividade da implementação dos planos de mobilidade urbana: uma revisão sistemática. urbe, Rev. Bras. Gest. Urbana [online]. 2018, vol.10, n.1, pp.72-94. ISSN 2175-3369. [viewed 1 March 2018]. DOI: 10.1590/2175-3369.010.001.ao06. Available from: http://ref.scielo.org/n4bf6x

SOUZA, J. and FRUTUOZO, J. V. P. Rio de Janeiro: considerações sobre os processos de expansão urbana e interiorização do crescimento (1980-2010). urbe, Rev. Bras. Gest. Urbana [online]. 2018, vol.10, n.1, pp.124-139. ISSN 2175-3369. [viewed 1 March 2018]. DOI: 10.1590/2175-3369.010.001.ao12. Available from: http://ref.scielo.org/m2v4gq

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Urbe traz discussões sobre sustentabilidade, mobilidade e transportes e planejamento urbano e regional [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2018 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2018/03/12/urbe-traz-discussoes-sobre-sustentabilidade-mobilidade-e-transportes-e-planejamento-urbano-e-regional/

 

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