Luiz Gustavo Martins da Silva, Assistente de Comunicação da Revista Almanack, Doutorando em História pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), Belo Horizonte, MG, Brasil.
O artigo Park Crescent, Regent`s Park, and the Spaces of Brazilian Diplomacy in London, 1822-1829, escrito pelo historiador Marcus Vinicius Correia Biaggi, e publicado na Revista Almanack, nº 34 (2023), discute o significado dos espaços locais para a história da missão diplomática e da representação do Império do Brasil em outros territórios.
Como doutor em História na Universidade de São Paulo e membro do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia, INCT-Proprietas, vinculado à Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Marcus Biaggi tem desenvolvido pesquisas sobre História do Brasil Império e História da Diplomacia do Brasil no exterior. A trajetória do pesquisador, que fez um período de intercâmbio na Inglaterra, evidencia as motivações subjacentes ao seu artigo, que investigou, metodologicamente, endereços, edifícios e bairros em que os primeiros agentes moraram e trabalharam especificamente em Londres, entre 1822 e 1829, e porque instalaram a primeira legação em Park Crescent, Regent’s Park.
O artigo está dividido em três seções: (1) Primeiros espaços da diplomacia brasileira em Londres, 1822-1826; (2) Park Crescent, Regent’s Park e os espaços tradicionais das embaixadas e legações em Londres (1825); e (3) Os vizinhos de Park Crescent, Regent’s Park (década de 1820). Suas fontes principais para desenvolver esses tópicos são manuscritos provenientes do Arquivo Nacional do Reino Unido, Arquivo Metropolitano de Londres, Biblioteca Britânica, bem como imagens e mapas e uma rica e importante bibliografia sobre o tema.
Um dos resultados apresentados pelo autor é que a ação da primeira legação de se instalar em um bairro novo, rico e moderno à época expressou uma política de busca por legitimação e estreitamento de relações com um setor específico daquela sociedade, a saber, banqueiros, investidores e mercadores, que tinham negócios no Brasil.
Além disso, a legação brasileira se apresentou de maneira distinta de suas contrapartes em Londres. O Park Crescent e os terraços do Regent’s Park não correspondiam a esses espaços, pois as outras embaixadas e legações estavam concentradas em Mayfair e ao sul de Marylebone. Conforme o autor, tal diferença pode ser comprovada também pelo período de construção dos edifícios, arquitetos, arquitetos projetistas e até tipos de materiais.
As contribuições do trabalho de Marcus Biaggi são para o estudo da formação da diplomacia no Brasil e representação do Império e para uma história social dos diplomatas brasileiros, ao abordar os espaços físicos da missão, a moradia, o local de trabalho dos agentes e suas trajetórias, entre outros assuntos.
O impacto para a ciência e a sociedade é a possibilidade de compreender a história da diplomacia brasileira a partir de elementos e fontes confiáveis e autênticas. Desse modo, as projeções futuras podem abrir-se para novas perspectivas de análise como a história transcontinental e global e outras áreas, a saber, Arquitetura e Patrimônio, e de metodologia como a do georreferenciamento dos espaços suburbanos investigados.
Referências
CORREIA BIAGGI, M.V. A missão diplomática do Brasil em Londres: contribuição ao estudo da formação da diplomacia brasileira. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2019.
CORREIA BIAGGI, M.V. Sobre Diplomacia e Território (1831-1834): edição de documentos do Arquivo Histórico do Itamaraty. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2014.
Para ler o artigo, acesse
CORREIA BIAGGI, M.V. Park Crescent, Regent’s Park, and the Spaces of Brazilian Diplomacy in London, 1822-1829. Almanack [online]. 2023, no. 34 ea00623 [viewed 11 October 2023]. https://doi.org/10.1590/2236-463334ea00623. Available from: https://www.scielo.br/j/alm/a/rKzZk95hcPCtsGBcZQMvJ8K/
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