Camila Mendes da Silva Souza. Estudante de doutorado pelo Programa de Pós-graduação em Gerenciamento em Enfermagem da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. São Paulo-SP, Brasil.
Raíssa Ottes Vasconcelos. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Gerenciamento em Enfermagem da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. São Paulo, SP, Brasil.
Vanessa Moreno Blanco. Mestre em Ciências da Saúde pelo Programa de Pós-graduação em Gerenciamento em Enfermagem da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. São Paulo-SP, Brasil.
O estudo Residências em saúde em hospital universitário: cenário potente de formação para a prática colaborativa interprofissional traz as experiências de 14 residentes de programas uniprofissionais e multiprofissionais, entrevistados entre maio e agosto de 2021, sobre a Prática Colaborativa Interprofissional (PCI) em um Hospital Universitário, compreendido como espaço vivo para a sua operacionalização. O estudo justifica-se pela relevância e impacto da prática colaborativa para a melhoria da assistência prestada ao paciente, sua segurança e saúde, além da satisfação do trabalhador (Gilbert; Yan; Hoffman, 2010; Agreli, 2017). Residentes estão inseridos nesse espaço e são sujeitos-chave que possibilitam a integração entre ensino e serviço.
O estudo foi desenvolvido por pesquisadoras do Programa de Pós-Graduação em Gerenciamento em Enfermagem da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP) e é oriundo da dissertação de mestrado da pesquisadora Vanessa Moreno Blanco em Ciências da Saúde, sob orientação da docente Valéria Marli Leonello. As pesquisadoras contaram com a contribuição das discentes de doutorado Camila Mendes da Silva Souza e Raíssa Ottes Vasconcelos, bem como da doutora Heloíse Fernandes Agreli.
As motivações do estudo partiram da relevância e impacto positivo da prática colaborativa para uma assistência de qualidade, conforme evidenciado na literatura científica. Devido à sua prática ainda incipiente no cotidiano hospitalar, decidiu-se investigar a experiência dos residentes, pois são profissionais em formação que integram ensino e serviço em seu cotidiano de trabalho hospitalar.
As entrevistas semiestruturadas da pesquisa, conduzidas em 2021, foram baseadas na Técnica do Incidente Crítico (Gremler, 2004). Os resultados revelaram que o hospital promove interações significativas entre profissionais de diversas áreas e níveis de formação. A qualidade dessas interações, tanto entre os trabalhadores de saúde quanto com os usuários e suas famílias, emergiu como um fator crítico para o desenvolvimento bem-sucedido da prática colaborativa.
Assim, apesar desses avanços, o estudo identificou desafios a serem superados. Barreiras como falta de estrutura organizacional, sobrecarga laboral, fragilidade na oferta de Educação Permanente relacionada à Educação Interprofissional e a persistência do modelo biomédico de Atenção à Saúde continuam presentes.
Essa pesquisa destaca a importância das ações colaborativas, frequentemente mediadas pela comunicação informal, para aprimorar a qualidade do atendimento em saúde. Os resultados têm implicações significativas para a área de saúde e oferecem insights valiosos para a melhoria contínua da prática colaborativa em ambientes hospitalares. Avanços na colaboração também podem esclarecer e atenuar desequilíbrios de poder, resultando em transformações práticas (Gilbert, Yan, Hoffman, 2010; Konrad et al., 2019). Portanto, o entendimento mais profundo da PCI e sua operacionalização promove uma distribuição horizontal de poder, aprimorando o atendimento.
Com o estudo, concluímos que é essencial aprimorar a formação de residentes, incentivar a interprofissionalidade em residências de saúde e integrar eficazmente gestores, profissionais e instituições de ensino. Essas iniciativas visam a reestruturação do modelo de saúde no Brasil, enfatizando a integralidade do cuidado, com a participação ativa de usuários, famílias e comunidades.
Referências
AGRELI, H.L.F. ePrática interprofissional colaborativa e clima do trabalho em equipe na Atenção Primária à Saúde [online]. Biblioteca Digital USP. 2017 [viewed 05 December 2023]. https://doi.org/10.11606/T.7.2017.tde-27062017-165741. Available from: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7140/tde-27062017-165741/pt-br.php
GILBERT, J.H.V, YAN, J. and HOFFMAN, S.J. A WHO report: framework for action on interprofessional education and collaborative practice. J Allied Health [online]. 2010, vol. 39 no. 1, pp. 196-7 [viewed 05 December 2023]. Available from: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21174039/
GREMLER, D.D. The critical incident technique in service research. J Serv Res [online]. 2004, vol. 7, no. 1, pp. 65-89 [viewed 05 December 2023]. https://doi.org/10.1177/1094670504266138. Available from: https://journals.sagepub.com/doi/10.1177/1094670504266138
KONRAD, S.C, et al. Theories of power in interprofessional research – developing the field. J Interprof Care [online]. 2019, vol. 33, no. 5, pp. 401-5 [viewed 05 December 2023]. https://doi.org/10.1080/13561820.2019.1669544. Available from: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/13561820.2019.1669544
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