O caso da Filosofia brasileira da Psicanálise segundo Richard Simanke

Weiny César Freitas Pinto, Professor dos Programas de Pós-Graduação em Filosofia e Psicologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Campo Grande, MS, Brasil

A Entrevista com Richard Simanke: o caso da Filosofia brasileira da Psicanálise, publicada volume 46, no número 1 (2025) do periódico Transformação, faz parte da série de entrevistas com distintas/os filósofas/os brasileiras/os, como parte das comemorações de 50 anos do periódico. Metodologicamente, a entrevista foi realizada por escrito, entre fevereiro e março de 2025, e concentra-se nas contribuições e concepções de Simanke acerca do que, no Brasil, se denomina de modo muito específico “Filosofia da Psicanálise”, um campo de pesquisa de significativa importância, no contexto da produção filosófica brasileira contemporânea.

Do ponto de vista da discussão teórica, a entrevista é dividida em quatro conjuntos de questões e tem o objetivo de apresentar reflexões sobre “o caso brasileiro” da Filosofia da Psicanálise, isto é, discutir elementos da história, definição e atuação daquilo que podemos chamar de “Filosofia brasileira da psicanálise”.

A primeira questão da entrevista se ocupa de interrogar Simanke a respeito da definição geral de “Filosofia da Psicanálise” e sobre a contribuição deste campo de pesquisa — e de seu trabalho como pesquisador deste campo — para a filosofia brasileira. Em resposta, Simanke mapeia o surgimento da Psicanálise no interior da própria história da psicologia e, em seguida, aponta as variadas formas de relação da Psicanálise com a Filosofia, e vice-versa, durante o Séc. XX, demonstrando os efeitos desse duplo desenvolvimento na produção filosófica brasileira, à qual se vincula.

Imagem: Editora Sinthoma

A segunda questão da entrevista, por sua vez, aprofunda reflexão sobre a história, o papel e a identidade específicos da “Filosofia da Psicanálise” no contexto da Filosofia brasileira, tematizando o problema de saber qual o sentido mais preciso do termo “Filosofia da Psicanálise”: ele significa, de fato, um “campo de pesquisa” ou se trata mais exatamente de uma “disciplina filosófica”? Qual é, afinal, a diferença entre “Filosofia da Psicanálise” e “Epistemologia da Psicanálise”?

Na terceira questão, os entrevistadores direcionam as perguntas para o tema da relação histórica entre “Filosofia brasileira da psicanálise” e o “Estruturalismo filosófico”, tal como concebido e praticado pela missão francesa na Universidade de São Paulo (USP). Simanke mostra como “Filosofia da Psicanálise” surge no contexto do “Estruturalismo filosófico” uspiano para, em seguida, dele se distanciar progressivamente. São discutidos os problemas filosóficos da relação entre “história e estrutura” e os desafios de uma “história das ideias” não estruturalista.

Na quarta e última questão da entrevista, a discussão passa a se concentrar em torno de dois nomes importantes da Filosofia brasileira contemporânea: Bento Prado Jr. e Luiz Roberto Monzani. Simanke é interrogado sobre a originalidade dos trabalhos destes dois filósofos, especialmente no campo da “Filosofia da Psicanálise”.

Dois elementos centrais destacam-se da resposta de Simanke. No caso de Prado Jr., a originalidade da contribuição de seu trabalho teria a ver com o esforço de produzir Filosofia a partir da tentativa de distanciamento do modelo estruturalista uspiano. Esforço e tentativa que também caracterizariam a contribuição de Monzani, cuja originalidade, todavia, estaria mais orientada em produzir uma nova concepção filosófica de epistemologia, seguindo as linhas de Lebrun, mas notadamente, a partir da relação com a psicanálise de Freud.

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PINTO, W.C.F., PEREZ, D.O. and LONER, I. Entrevista com Richard Simanke: o caso da Filosofia brasileira da Psicanálise. Trans/Form/Ação [online]. 2025, vol. 48, no. 1, e025103 [viewed 13 August 2025]. https://doi.org/10.1590/0101-3173.2025.v48.n1.e025103. Available from: https://www.scielo.br/j/trans/a/sCJ5KQsSK8BSQBvK4DJgQSv

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Sobre Weiny César Freitas Pinto

É doutor em filosofia pela Universidade Estadual de Campinas e professor pesquisador dos Programas de Pós-graduação em Filosofia e Psicologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.