Anna Thalllita de Araujo, estagiária do periódico Psicologia: Ciência e Profissão, Brasília, DF, Brasil
Thayse Dantas, analista técnica, gerência técnica do Conselho Federal de Psicologia, Brasília, DF, Brasil
Letícia Reghelin Comazzetto, Sílvio José Lemos Vasconcellos, Cláudia Maria Perrone e Julia Gonçalves fazem um estudo comparativo entre três gerações no relato de pesquisa “A Geração Y no mercado de trabalho: um estudo comparativo entre gerações”, destacado no periódico Psicologia: Ciência e Profissão, número 36, volume 1 de 2016, do Conselho Federal de Psicologia. O estudo apresenta entrevistas realizadas com 10 executivos de duas empresas de uma cidade do interior do Rio Grande do Sul, que se incluíram nas características de uma das três gerações: Baby Boomers, Geração X e Geração Y e os dados foram submetidos à análise de conteúdo. Com esse estudo, os autores compreenderam aspectos significativos para essas Gerações em relação às particularidades da Geração Y, a percepção em relação a temas do contexto profissional, a maneira de como os gestores da Geração X e Baby Boomers percebem a Geração Y e possíveis distinções entre essas gerações.
Segundos os autores, as gerações diferem-se umas das outras, pois tem diferentes maneiras de pensar, agir e ver. Uma geração pode ser entendida como um grupo reconhecido pelos mesmos anos de nascimento e que, concomitantemente, vivenciaram os mesmos eventos sociais e culturais de maneira significativa. Assim, são construídos crenças e valores comuns (Kupperschmidt, 2000). No artigo são apresentadas e descritas três gerações, as quais estão ativas no mercado de trabalho. A primeira Geração, denominada como Baby Boomers, é daqueles que nasceram até 1964. São descritos por especialistas como jovens rebeldes que na idade adulta tornaram-se sujeitos conservadores, comprometidos com o trabalho, leais e que valorizam o status profissional. A segunda Geração, chamada de Geração X, é formada por pessoas que nasceram entre 1965 e 1977, tendo uma mudança na percepção profissional, de maneira que a visão de um trabalho para a toda vida deixou de existir e deu espaço para visões mais céticas. Tendem a ser mais individualistas, autoconfiantes, apoiam um ambiente mais informal no trabalho, uma hierarquia menos rigorosa e a diminuição de uma burocracia corporativa. Por fim, a Geração mais recente, de 1978 em diante, é chamada de Geração Y, que emergiu junto com a ascensão da tecnologia, são pessoas interessantes, com habilidades e talentos permeados em razão dos seus conhecimentos tecnológicos.
Foram realizadas dez entrevistas semiestruturadas, com sujeitos da Geração Baby Boomers, Geração X e Geração Y, com intuito de avaliá-las no contexto do mercado de trabalho. Os dados coletados foram submetidos à análise de conteúdo e emergiram em duas categorias em comum e uma categoria direcionada para a Geração Baby Boomer e Geração X: o sentido do trabalho, o lugar da organização e a visão sobre a Geração Y. Na categoria pertencente ao sentido do trabalho destacam-se liberdade, gostar do que se faz e busca por qualificação profissional. Já na categoria lugar da organização, os elementos que ganharam mais destaque envolvem oportunidades de crescimento na empresa, a imagem da empresa, relacionamento e confiança. Na categoria visão sobre a Geração Y, houve pontos positivos e negativos. Em relação aos pontos positivos, destacou-se a percepção dos jovens da Geração Y como conhecedores da tecnologia, relação com a internet, renovação, rapidez e imediatismo. Quanto aos pontos negativos, aponta-se uma visão de que são menos comprometidos e responsáveis, de maneira que poderiam afetar o vínculo com o meio corporativo e também representar uma possível ameaça para a continuidade dos negócios. Essa ameaça se daria em razão da característica de não almejarem atuar em atividades operacionais, por visarem cargos superiores.
Com isso, os autores defendem que há uma diferença entre essas gerações no contexto organizacional, ressaltando não só a diferença de idade, mas também diferenças de comportamento, crenças, valores, visões, percepções e até mesmo de competências profissionais. Com essa heterogeneidade, a convivência tem sido um desafio para os gestores, de maneira que exige criatividade, flexibilidade e inovação. O estudo sobre as diferentes gerações torna-se imprescindível, em razão das particularidades de cada uma e por estarem convivendo juntas no mercado de trabalho.
Para ler os artigos, acesse
COMAZZETTO, L. R., VASCONCELLOS, S. J. L., PERRONE, C. M. and GONCALVES, J. Generation Y in the Job Market: a Comparative Study among Generations. Psicol. cienc. prof. [online]. 2016, vol.36, n.1, pp.145-157. [Viewed 15th July 2016]. ISSN 1414-9893. DOI: 10.1590/1982-3703001352014. Available in: http://ref.scielo.org/ptfmnp
KUPPERSCHMIDT, B. R. (2000). Multigeneration employees: strategies for effective management. Health Care Manager, 19(1) 65-76. doi:10.1097/00126450-200019010-00011.
Link externo
Psicologia: Ciência e Profissão – PCP – http://www.scielo.br/pcp/
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