Qual a trajetória do fomento à iniciação científica no país?

Adriano de Oliveira, Coordenador Pedagógico na Rede Municipal de Ensino de Florianópolis, Florianópolis, SC, Brasil

Lucídio Bianchetti, Professor na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, SC, Brasil

Revista Ensaio número 98 Volume 26

O artigo com o título “Iniciação Científica Júnior: desafios à materialização de um círculo virtuoso” (OLIVEIRA, BIANCHETTI, 2018), publicado no periódico Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação (v. 26, n. 98), foi realizado com o objetivo de analisar a trajetória da institucionalização da IC e da ICJ no país e, particularmente, na UFSC. Além disso, investigou-se a convergência das políticas de fomento à formação de professores/pesquisadores do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), direcionadas à Educação Básica (EB).

O artigo advém da pesquisa de doutorado de Oliveira e contempla um dos focos de pesquisa do Grupo de Estudo Trabalho e Conhecimento na Educação Superior (TRACES) da Universidade Federal de Santa Catarina.

O artigo estabeleceu interlocução com os estudos sobre ICJ (FERREIRA et al., 2010). Esta temática tem relação com pesquisa anterior realizada com a finalidade de analisar a política de fomento à pesquisa e formação de pesquisador do Governo FHC (OLIVEIRA, 2003).

Realizou-se a análise documental de leis, pareceres, decretos, indicadores de fomento e relatórios do CNPq e da IES onde foi realizada a pesquisa.

No estudo dos investimentos na formação inicial de pesquisadores foram identificados avanços e recuos dependendo das prioridades dos Governos, do contexto econômico, político e social do país e do crescimento do Sistema Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (SNDTC). Um dos destaques ocorreu nos Governos Collor-Itamar (1990 – 1994) que elevou a IC à condição de um programa, com a criação do PIBIC. No Governo Fernando Henrique Cardoso (1995 – 2002) são estabelecidas políticas de caráter sistêmico, as quais são aprofundadas nos Governos Lula da Silva e Dilma Rousseff (2003 – 2016).

Em relação às razões para a criação da ICJ, em um ambiente de produtivismo acadêmico hegemônico, nas universidades e nos institutos de pesquisa, destaca-se a preocupação em descobrir talentos potenciais e incentivar os jovens a seguir a carreira acadêmico-científica a partir da Educação Básica (EB), aligeirando o ingresso dos estudantes na graduação e pós-graduação.

Para a aproximação entre a Educação Superior (ES) e a EB, foram relevantes a criação da Nova Capes, em 2007, com as bolsas (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), Programa Jovens Talentos para a Ciência (PJT-IC) e, por parte do CNPq, com as bolsas de ICJ, em 2003. Nesse sentido, há uma convergência das diretrizes do CNPq e da Capes, voltadas para essa articulação entre as escolas e as universidades.

A pesquisa empírica foi realizada em quatro dos cinco campi da UFSC, na cidade de Florianópolis (campus central), Araranguá, Curitibanos e Joinville. No período de 2010 a 2015 foram concedidas 262 bolsas do Pibic-EM, para 15 escolas públicas.

Por fim, com o excerto abaixo pensamos poder resumir o conteúdo do artigo:

“Em relação à ICJ, podemos dizer que há uma preparação do jovem para o mundo científico, apresentando elementos e potencial de um círculo virtuoso entre a universidade e as escolas. Porém, o PIBIC-EM na UFSC, ao contrário do PIBIC da graduação, corre o risco de extinção, haja vista a trajetória de diminuição constante das bolsas e da não utilização de todas as disponibilizadas” (OLIVEIRA; BIANCHETTI, 2018, p. 154).

E, aquilo que ocorre na particularidade da UFSC, pode ser observado também em relação à situação do financiamento destes programas em nível de país.

O vídeo abaixo apresenta outros dados desta pesquisa.

Referências

FERREIRA, C. A. et al. (Org.). Juventude e iniciação científica: políticas públicas para o ensino médio. Rio de Janeiro: EPSJV, UFRJ, 2010.

OLIVEIRA, A. de. Política científica no Brasil: análise da política de fomento a pesquisa do CNPq. 2003. 137 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Centro de Ciências da Educação, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.

Para ler o artigo, acesse

OLIVEIRA, A. de and BIANCHETTI, L. Iniciação Científica Júnior: desafios à materialização de um círculo virtuoso. Ensaio: aval.pol.públ.Educ. [online]. 2018, vol.26, no.98, pp.133-162, ISSN 0104-4036 [viewed 02 April 2018]. DOI: 10.1590/s0104-40362018002600952. Available from: http://ref.scielo.org/sfqzxx

Link externo

Ensaio – Avaliação e Políticas Públicas em Educação – ENSAIO: http://www.scielo.br/ensaio/

TRACES – Grupo de Estudos: Trabalho e Conhecimento na Educação Superior: http://traces.ufsc.br/

 

Como citar este post [ISO 690/2010]:

Qual a trajetória do fomento à iniciação científica no país? [online]. SciELO em Perspectiva: Humanas, 2018 [viewed ]. Available from: https://humanas.blog.scielo.org/blog/2018/04/06/qual-a-trajetoria-do-fomento-a-iniciacao-cientifica-no-pais/

 

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