Lucia Bógus, Editora científica do Cadernos Metrópole, São Paulo, SP, Brasil
Camila Rodrigues da Silva, Assessora de comunicação do Cadernos Metrópole, São Paulo, SP, Brasil
Conhecendo a história do Cadernos Metrópole
Cadernos Metrópole surgiu em 1999 como produto do Observatório das Metrópoles e ampliou sua atuação ao longo dos anos, transformando-se no periódico que é hoje, com abrangência internacional. Seu principal objetivo é difundir os resultados da análise comparativa entre as metrópoles, publicando textos de pesquisadores da temática urbana que dialogam com o debate sobre os efeitos das transformações socioespaciais no condicionamento do sistema político-institucional das cidades e os desafios colocados à adoção de modelos de gestão baseados na governança urbana.
Cadernos Metrópole Participa da Semana Especial Blog SciELO em Perspectiva | Humanas
Diante da oportunidade desta Semana Especial do Blog SciELO em Perspectiva | Humanas, o corpo editorial escolheu dar visibilidade às publicações do volume 21, número 44 (BÓGUS; RIBEIRO, 2019) e 45 (DA SILVA, 2019). Além disso, a equipe do periódico em parceria com alguns autores produziu material para a divulgação de três artigos publicados em cada um dos números citados anteriormente.
No primeiro dia da semana, o press release “Cadernos Metrópole comemora 20 anos debatendo a relação entre as metrópoles e o atual padrão de expansão do capitalismo” pretende recuperar a trajetória do periódico desde a sua criação até 2019, e destacar alguns artigos da edição comemorativa de aniversário.
No segundo dia, o press release “Como explicar a distribuição espacial dos homicídios em São Paulo?”, traz como tema central a distribuição dos crimes nos territórios urbanos, problematizando a hipótese corrente no debate de que os homicídios estariam centralizados nos bairros com grande concentração de população de baixa renda e com infraestrutura urbana precária.
Na sequência, será publicado o press release “Quanto o Estado e o setor privado se articulam de modo a promover a elitização do espaço?”. O post apresenta o resultado da análise sobre as transformações recentes na Região Administrativa Venda Nova (RAVN) de Belo Horizonte (MG). Segundo a pesquisa, as intervenções do Poder Público co-redesenharam as estruturas espaciais da RAVN, abrindo novas frentes de investimento e acumulação, com significativa valorização da terra. As melhorias na infraestrutura urbana foram acompanhadas de mudanças nas instalações comerciais e na prestação de serviços públicos e privados, atraindo moradores com renda mais elevada para a região. Em contrapartida, a majoração da “renda da terra” e dos custos de bens e serviços ameaçou a permanência dos antigos moradores de baixa renda, desencadeando um processo de elitização dos espaços.
O terceiro dia, apresenta o post “Por que os megaeventos são difusores da ideologia (neo)liberal na produção do espaço?”, que aponta a padronização das intervenções urbanísticas com a finalidade de atrair investimentos para as cidades que abrigam megaeventos em todo o mundo – um movimento que, na verdade, oculta a estratégia de venda dos espaços urbanos para grupos de interesse específicos. A estratégia é emprestar-se a ideia de modernidade à transferência de responsabilidades públicas ao setor privado. O autor ainda debate como essa difusão do modelo criado nas Olimpíadas de Barcelona agrava a exclusão social e precariza as condições de vida das classes menos favorecidas em países de capitalismo tardio como o Brasil.
Em seguida, inicia-se a divulgação do número 45, cujo tema é “Disputas político-conceituais sobre a governança das metrópoles: o embate entre neoliberalismo e gestão participativa”. Este post é escrito pelo organizador desta edição Alexandre Ferreira Cardoso da Silva que detalha na apresentação, a ambição de abranger tanto as dimensões teóricas quanto empíricas (com apresentação e críticas de casos) do debate da governança espacial. Isso porque o pensamento sobre como planejar e gerir os assuntos urbanos, as ferramentas e as normatizações, geram controvérsias em relação à lógica do capital e à lógica territorial – especialmente nos aspectos da Governança. Como administrar os interesses, ora convergentes ora dissonantes? Esse é o fio condutor dessa edição.
A partir do quarto dia, esse debate é mais detalhado. No post “Por que é necessário criar instituições metropolitanas: Entrevista com Tiago Hoshino e Rosa Moura trata do Estatuto da Metrópole”, os autores falam sobre os avanços e limites desse Estatuto, que completa cinco anos. O documento, mobiliza atores assimétricos que disputam o reescalonamento da política urbana. Essa tensão fez com que o Estatuto já tenha sofrido, em um curto intervalo de tempo, substanciais supressões quanto aos prazos para adequação institucional e respectivas sanções em caso de descumprimento.
A segunda contribuição será o post sobre a “O viés empregatício como elo entre grupos geograficamente próximos e socialmente distantes” sobre um estudo territorial em três bairros populares de Salvador, capital da Bahia. A proposta é indagar se existem maiores oportunidades de integração socioeconômica da população dos bairros Calabar, Vale das Pedrinhas e Bate Facho, dada sua inserção em uma região habitada pelas classes média e alta. Examinando o efeito-território nas dimensões material, social e simbólica, à base de entrevistas semiestruturadas, o estudo identificou fatores que caracterizam essas configurações urbanas e concluiu, primordialmente, que o contexto sociorresidencial impacta na mobilidade socioeconômica e nas condições de vida das populações estudadas através de uma série de processos e mecanismos, operados na escala do bairro.
O último dia, apresenta o post “Entrevista com Marina Toneli discute os desafios da participação social na Operação Urbana Água Espraiada na cidade de São Paulo”, que discute as formas de participação social desenvolvido na operação urbana Água Espraiada. Para isso, a autora analisa o trabalho do seu grupo de gestão de 2001 a 2014 e expõe as disputas entre os agentes, suas estratégias e os desafios para a participação efetiva. A conclusão é de que os espaços que deveriam ser usados para tomadas de decisão de forma democrática se tornam, por conta da assimetria do poder financeiro, uma arena informativa que legitima o projeto.
Para encerrar, o editor científico do Cadernos Metrópole, Luiz Cesar Ribeiro, no press “O futuro do Cadernos Metrópole: Internacionalização, sustentabilidade e boas práticas para um debate metropolitano interdisciplinar”, revela os planos para o futuro do periódico, que já foram iniciados – em especial, relacionados à internacionalização tanto de temas quanto de autores. A motivação para este planejamento se deve à percepção conjunto de que há convergências nas transformações urbanas em níveis mundiais – e que a aproximação com uma maior diversidade de pesquisadores enriquece o debate em busca de soluções para os problemas comuns.
Expectativa e agradecimentos
Nossa expectativa é que sejam cinco dias de compartilhamento e troca de saberes com os leitores do Blog e que mais estudiosos da questão urbana possam conhecer-nos e contribuir com as edições futuras.
De forma especial, agradecemos aos autores(as), consultores(as) e editores(as) associados(as), que têm colaborado intensamente com o periódico ao longo dos últimos anos, estendendo o convite para que outros possam se juntar a nós nessa caminhada e dar sua parcela de contribuição no futuro.
Boa semana de leituras!
Referências
BÓGUS, Lucia; RIBEIRO, Luiz César de Queiroz. Apresentação. Cad. Metrop., v. 21, n. 44, p. 9-19, 2019. ISSN: 2236-9996 [viewed 14 August 2019]. DOI: 10.1590/cm.v21i44.42496.
Available from: https://revistas.pucsp.br/metropole/article/view/2236-9996.2019-4400/28280
DA SILVA, Alexsandro Ferreira Cardoso. Apresentação. Cad. Metrop., v. 21, n. 45, p. 367-370, 2019. ISSN: 2236-9996 [viewed 14 August 2019]. DOI: 10.1590/cm.v21i45.43333. Available from: https://revistas.pucsp.br/metropole/article/view/2236-9996.2019-4500/28811
Link externo
Cadernos Metrópole – CM: www.scielo.br/cm
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